quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pelo facebook

Recessão: Quando o teu vizinho perde o seu emprego. Depressão: Quando tu perdes o teu. Recuperação: Quando o Sócrates perder o dele...

p.s. Desavergonhadamente "gamado" à Sra. Secretária.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Paula Teixeira da Cruz em entrevista ao i


"Não acredito em homens providenciais. Agora, penso que Pedro Passos Coelho fez três coisas que me levaram a apoiá-lo neste momento. Preparou-se - que é uma coisa a que estamos pouco habituados. Em Portugal, as pessoas têm horror a preparar-se e de improviso em improviso estamos a chegar aqui. Passos Coelho foi-se preparando com naturalidade e começou a construir a casa pelos alicerces: proposta de revisão do programa do partido, que não é alterado desde 1982, e proposta de governo para Portugal, ou um conjunto de propostas. Foi inequívoco numa atitude de querer a abrangência dentro do partido. Eu não o apoiei nas eleições anteriores! Não vejo mais ninguém a fazer este trabalho e a fazê-lo de uma forma coerente. Isto é, preparando-se, ouvindo, ouvindo, ouvindo, que é algo a que os nossos decisores também têm horror. Depois, abrindo um espaço de debate sobre o programa do partido, apresentando um projecto que porá à consulta de todos os militantes e recolherá contributos de todos, recentrando a matriz ideológica e apresentando uma alternativa a este governo. Não vejo mais nenhum dos candidatos de que se fala a fazer este esforço. Eu estarei onde estiverem as ideias que se aproximam mais daquilo que é o interesse público e o interesse nacional."

Vale a pena ir ler a entrevista completa. Pelo menos alguém, dentro do PSD, não anda a dormir na forma.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Esquerda Caviar


Para quem não consegue atingir o porquê do BE ser uma "esquerda caviar", fica aqui uma sugestão: Ide ver as fotos da nova sede do Bloco!

Não se pode dizer que os rapazinhos se tratem mal...



Não há dúvida que o Passos Coelho consegue unir o PSD

A Ferreira Leite está toda amiga do Santana Lopes (quem diria? eu até pensava que ela era das que o considerava uma "má moeda") e deu-lhe de mão beijada um congresso que se adivinha anedótico. Por sua vez o Santana Lopes considera que Marcelo Rebelo de Sousa seria o candidato ideal para o PSD (o Santana estaria mesmo a falar do Marcelo que eu penso? o que ele "afastou" da TVI?). Há coisas fantásticas mesmo!

A propósito do Marcelo já escrevi aqui algumas razões do porquê da sua hipotética candidatura não ser, sequer, credível. Se dúvidas houvessem, o Passos Coelho ontem lembrou mais uma, a propósito do Professor achar que tem que se evitar a todo o custo a sua chegada ao poder laranja: "Para alguém que abandonou o partido em vésperas de eleições, é uma coisa muito pouco própria."

A propósito do Santana acho que nem vale a pena divagar muito. Por mais quanto tempo vamos ter que andar a contar as n vidas do menino-guerreiro?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

FMI quer corte nos gastos com salários e mais impostos


(pergunta ignorante de uma futura economista que tudo quer saber...o aumento de impostos é uma medida viável para as nossa situação ou deverá o estado REDUZIR OS GASTOS PÚBLICOS AO INVÉS????, deixo-vos o estudo..mais uma óptima previsão...)

Fundo Monetário Internacional antevê subida da taxa de desemprego e da dívida pública

Nas projecções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal, o défice sobe para 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e a dívida pública come já 83,3% do PIB.

No capítulo IV para Portugal, publicado esta quarta-feira, os economistas do FMI prevêem um crescimento de 0,5% do PIB, mais 0,2 pontos percentuais do que a última previsão, mas abaixo ainda do que foi antecipado pelo Banco de Portugal, no boletim de Inverno.

O cenário é negro: o desemprego chega aos 11%, numa altura em que taxa se fica pelos 10,3% e as autoridades recebem avisos sérios à navegabilidade orçamental.

A instituição pede que o Governo português prepare um Orçamento de Estado «credível» para prevenir a deterioração do défice público e recomenda que se comece já a pensar na trajectória descendente do défice, a pensar na redução para 3% em 2013 - uma exigência de Bruxelas -, numa altura em que a dívida pública come já mais de 80% do PIB.

Assim, segundo a análise do FMI, a consolidação orçamental deve começar já este ano, e com sérios esforços na redução da factura com os salários na Função Pública e com corte nos gastos com prestações sociais.

Neste momento, e a acrescentar estas medidas de redução da despesa, o FMI procura nova receita e ao analisar as hipóteses considera, mais uma vez, que é necessário arrecadar mais impostos. A instituição aconselha assim que é necessário aumentar a base contributiva, pondo mais pessoas e empresas a pagar mais impostos ao tornar a máquina fiscal mais eficiente. E volta admitir que pode ser necessário aumentar o IVA.

Para o Orçamento de Estado, que se apresenta já na próxima terça-feira, o Fundo Monetário Internacional propõe uma regra que deveria ser cumprida durante um período mais longo do que uma legislatura. Para o médio-prazo, o FMI propõe um tecto máximo para a despesa, numa medida que poderia já fortalecer a posição orçamental do país.

Ainda segundo este capítulo do relatório, dedicado a Portugal, a retoma deverá receber uma melhoria do consumo privado, assim como o consumo público e as exportações.

by Agência Financeira

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Titanic a afundar e a orquestra a tocar

"De acordo com as notícias desta semana, o governo está empenhado na actualização do regime jurídico do casamento. O PSD está empenhado em ouvir escutas telefónicas para aferir o carácter moral do primeiro-ministro. O PCP e o BE estão empenhados em que os mesmos magistrados que não conseguem guardar o segredo de justiça possam ter acesso às contas bancárias de qualquer pessoa, e a persigam se acharem que ela tem mais dinheiro do que devia. O CDS-PP está empenhado em tornar-se imprescindível nos jogos políticos da Assembleia da República. E os deputados estão empenhados em insultarem-se uns aos outros.

Se me permitem, e se não os distraio demasiado destes afazeres, gostava de recordar aos nossos governantes uns pequenos detalhes. 548 mil portugueses estão desempregados. Cerca de 1,850 milhões de portugueses recebem pensão de velhice, 300 mil recebem pensão de invalidez, e 380 mil recebem o rendimento social de inserção.
Para apoiar estes 3,078 milhões de portugueses, trabalham somente 5,020 milhões de portugueses.
"

Ricardo Reis, Jornal i


Recomendo a leitura do resto do artigo, cujo autor é um dos mais eminentes economistas portugueses vivos que, como é óbvio, não se encontra em Portugal, e até é de admirar que dedique parte do seu tempo a escrever crónicas ocasionais sobre o nosso país para o Diário Económico e outros seleccionados órgãos da imprensa nacional. É cada vez menos de admirar: efectivamente, Portugal já se tornou, desde as infames intervenções do FMI em 1977 e 1982, um caso patológico para a ciência económica sobre o qual muita tinta tem corrido. Com uma notável excepção durante as duas legislaturas de Cavaco Silva (que, ao aceder ao Governo como Primeiro-Ministro, ainda estava fresquinho do gabinete de estudos do Banco de Portugal), os sucessivos governos têm-se mantido impassíveis a recomendações de política emanadas dos mais diversos organismos internacionais. Seria de esperar que o fantasma de intervenção do FMI que se materializa junto da Irlanda e da Grécia forçasse o actual governo a adoptar uma atitude mais realista, e mais aberta às instruções que têm sido gentilmente oferecidas. Uma oportunidade de ouro foi perdida em 2007, quando um estudo relativamente detalhado sobre o ajustamento (falhado) português na zona Euro foi realizado pelo actual economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard. Não apenas as recomendações foram ignoradas, como o Banco de Portugal que, inicialmente, tinha sugerido a elaboração do estudo, impediu a sua publicação durante vários meses.
Não é de admirar, num país em que as aparências valem tudo, a forma prevalece sobre a substância, que as inconveniências sejam silenciadas. De facto, que valor acrescentado gera a este nosso governo göbbelsiano (já amadureceu o orwellianismo) um qualquer documento cuja primeira oração seja The Portuguese economy is in serious trouble (...)?

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ameaças vãs

Sócrates não quer que Alegre ganhe. Alegre é de esquerda, é ideologista, tem princípios. É, em suma, tudo o que Sócrates não é. Podemos criticar-lhe o pensamento, as ideias, mas não vejo qualquer motivo para lhe criticarmos o percurso. É o que é, tal como Álvaro Cunhal foi o que foi, e, da mesma maneira que critica a direita também será capaz, penso eu, de criticar alguma da esquerda soarista/socratista (cof chavez cof).

Dito isto, Alegre seria péssimo para o país. Ele sim, da cadeira presidencial, obrigaria o governo a subir salários que não podem ser subidos e a tomar medidas que não podem ser tomadas. Não é que não haja espaço para estas medidas, até havia, se se deixasse cair tgv's, aeroportos e auto-estradas. Cá está, contra sócrates, coelho, soares e os restantes do costume.

Mas... Esperem. Isto era bom... É que Alegre teria à esquerda a autoridade que Cavaco não tem para impor isto.

Fiquei confuso agora.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Déjà vu?


Manuel Alegre assumiu o óbvio: está disponível para se candidatar, mais uma vez, à Presidência da República. Mais uma vez avança e mais uma vez o PS não parece estar muito feliz com este seu avanço. Esta situação poderia em tudo ser igual à de 2005 e então sim, seria um completo déjà vu. Contudo, o Manuel Alegre sabe que, desta vez, o PS não terá outra escolha senão aceitar fazer de si o seu candidato. E o ex-deputado poeta bem pode agradecer muito ao seu melhor amigo, que longe de ser o nosso "crido" "engenheiro", é o nosso trotskista favorito, Francisco Louçã. Esta inédita "esquerda unida" só é possível graças ao prolongado namoro destes dois. Não houvesse apoio do BE e o PS teria uma desculpa para apresentar qualquer um outro candidato. Não seria um candidato de toda a esquerda, mas também não havia apoio de mais nenhuma esquerda e isso serviria como desculpa para o PS. Esse candidato não derrotaria Cavaco de certeza, os resultados iam ser em tudo idênticos aos de 2006, mas tudo seria melhor a ter lá Alegre. Sim, mesmo as zangas de comadres de Cavaco/Sócrates seriam melhor do que as hipotéticas de Alegre/Sócrates. Mas agora há um apoio de outra esquerda. E tinha logo de ser do BE, que tem mais eleitorado, força e aceitação nos jovens do que o PC. O PS mais moderado não terá outra possibilidade do que aceitar o candidato do Bloco e da ala mais à esquerda do PS. E o PCP, mais uma vez por arrastamento (como na aprovação dos casamentos homossexuais), não terá outro remédio do que também se juntar à fotografia da esquerda, para não ser acusado, no futuro, de ser o responsável pela vitória do Cavaco à primeira volta. Correndo o risco de me enganar, este ano haverá uma campanha esquerda vs. direita com apenas um candidato por cada lado (aqueles que nem chegam ao 1% não contam). É esperar para ver.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ai o caminho

"Não questiono os problemas de tesouraria e de falta liquidez das empresas portuguesas, sobretudo PME's. Mas alguém de bom senso acha que as empresas não investem por causa do prazo de devolução de IVA, da taxa social única e da carga "fiscal elevada"? Será assim tão difícil de entender que quando falamos de decisões de investimento essas variáveis têm pouco ou nenhum impacto?"

Sim, é.

Acho que este post do jugular é utíl para se entender o que há a modificar neste país. A coisa é simples... Enquanto acharmos que se podem criar empregos e criar empresas por decreto e só porque sim... Continuamos no mesmo caminho.

E não é um caminho bom...

Mais uma grande entrevista

Lanço-vos o desafio de ouvirem um dos economistas mais inteligentes deste país, um senhor que tive a honra de ter como meu professor, e que é sem dúvida um dos maiores críticos à situação actual...

Deixo-vos com o Dr. João Salgueiro, numa entrevista que decorreu ao mesmo tempo que fazia exame da sua cadeira...e no qual respondia a pergunta: O que acontecerá a Portugal se a dívida externa continua a aumentar..

Parecia que nos dava a resposta...

Apreciem mais uma grande entrevista.




segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Para os economistas, com carinho

David Leonhardt (New York Times)

If only we’d had more power, we could have kept the financial crisis from getting so bad.

That has been the position of Ben Bernanke, the Federal Reserve chairman, and other regulators. It explains why Mr. Bernanke and the Obama administration are pushing Congress to give the Fed more authority over financial firms.

So let’s consider what an empowered Fed might have done during the housing bubble, based on the words of the people who were running it.

In 2004, Alan Greenspan, then the chairman, said the rise in home values was “not enough in our judgment to raise major concerns.” In 2005, Mr. Bernanke — then a Bush administration official — said a housing bubble was “a pretty unlikely possibility.” As late as May 2007, he said that Fed officials “do not expect significant spillovers from the subprime market to the rest of the economy.”

The fact that Mr. Bernanke and other regulators still have not explained why they failed to recognize the last bubble is the weakest link in the Fed’s push for more power. It raises the question: Why should Congress, or anyone else, have faith that future Fed officials will recognize the next bubble?

Lá por fora, o amigo do Sócrates


Andei um pouco mais distraído durante o fim-de-semana e dei agora com esta notícia (aviso, desde já, que este post é um "mix" de vários sites).

O presidente da Venezuela ameaçou hoje "tirar" as lojas dos comerciantes que especulem ou subam os preços na sequência do anúncio de maxidesvalorização do bolívar. "Assim como tirámos (os bancos) aos banqueiros, também podemos tirar (as lojas) aos especuladores porque são tão ladrões como os banqueiros. Temos que tirar-lhes o negócio e passá-lo aos trabalhadores, para que com os conselhos comunais (grupos de vizinhos), o reestruturemos e os convertamos em socialista", disse Hugo Chávez. "Vamos travar uma batalha contra a especulação. Chamo o povo, a Guarda Nacional (polícia militar), quero que a Guarda Nacional vá para as ruas com o povo lutar contra a especulação, tomar medidas", sublinhou.

Esta ameaça surge depois da decisão de sexta-feira do presidente Hugo Chávez de desvalorizar a moeda e estabelecer um câmbio dual de 4,3 bolívares por dólar mas com uma excepção de 2,6 bolívares por dólar para importações oficiais, alimentos, saúde e educação.

Entretanto as reacções não se fizeram esperar. Os venezuelanos correram para as lojas neste sábado, com medo dos aumentos de preços após a maxidesvalorização cambial anunciada na noite de sexta-feira pelo presidente Hugo Chávez. Segundo fontes locais, neste sábado duplicou o movimento normal de compradores em lojas de varejo de Caracas. Muitas pessoas vieram do interior do país a fim de garantir o abastecimento antes do possível aumento dos preços. Até a Igreja entrou no coro dos descontentes. O segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, monsenhor Robert Lückert, disse que haverá uma "terrível inflação, que não afectará o presidente e seus amigos, que comem muito bem, mas o cidadão comum".

Aqui ao lado, em Espanha, a "sexta-feira vermelha" (como já é conhecida) também mereceu destaque. O anúncio de desvalorização imediata da moeda venezuelana, feito pelo presidente Hugo Chávez, afecta fortemente vários grupos espanhóis que operam naquele país, diz o jornal El País na edição deste domingo. Com o novo decreto, o presidente venezuelano corta, de uma só vez, «em 50% as receitas, os lucros, recursos próprios e dividendos conseguidos por algumas empresas espanholas» que, devido à burocracia, não foram repatriados nos últimos três anos. O golpe ascende a «vários milhares de milhões». A mais prejudicada de todas é a Telefónica, mas a lista de prejudicados inclui ainda o BBVA, a Mapfre e a Repsol, entre outras, diz o periódico espanhol.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

É só uma pequenina(?) coisa mas irrita-me verdadeiramente


Não, este post não é sobre a Economia, o estado do país ou a corrupção e ineficácia da justiça. Não é sobre nenhum desses grandes assuntos que afectam verdadeiramente a vida das pessoas e que aparecem diariamente em tudo o que é jornal. E não, definitivamente não é sobre o casamento homossexual. Recuso-me a entrar na histeria e na palhaçada em que isto, previsivelmente, se tornou (Mas agora só se fala nisto? É assim tão importante estar a discutir isto neste momento? O Zézito Sócrates anda mesmo a gozar connosco…e nós vamos atrás).

Esta pequenina coisa que me irrita verdadeiramente é o nosso “crido” (des)acordo ortográfico. É algo que desagrada aos mais novos e aos mais velhos, desagrada à direita e também à esquerda, desagrada a republicanos e a monárquicos, desagrada a quem é do norte, do sul, do centro ou das ilhas, é algo que desagrada aos portugueses e, contudo, vamos ter que levar com isto. E não percebo. E irrita-me. Verdadeiramente. Como é que os políticos, que nos deveriam representar, nos representam tão mal? E esteve mal o governo. E esteve mal a oposição. E esteve mal o Cavaco, também. Toda a classe política é conivente com este desacordo. E parecem ser mesmo os únicos que estão a favor do mesmo (devem ter sido abençoados com uma qualquer visão da providência que escapa ao comum dos mortais, só pode).

E irrita-me. É só uma pequenina coisa, comparada com os grandes problemas do país, tal como o é o casamento homossexual. Contudo, esta pequenina coisa é “só” a nossa língua. Algo que todos os portugueses reconhecem, independentemente das diferenças políticas. É só uma pequenina coisa que talvez não seja assim tão pequenina. Pelo menos merecia, isto sim, uma petição para um referendo. A nossa língua é mais importante que o casamento homossexual. Digo eu…

p.s.(salvo seja): O “correto” da imagem vai passar a estar mesmo correcto. Por sua vez o correcto vai passar a estar errado. Confuso? Digamos que quem escrevia mal, vai passar a escrever bem e quem pensava que escrevia bem, vai passar a escrever mal. Como diria uma professora minha: “Fantástico!”

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Já não vi este filme?

Já não tínhamos apostado no comércio com África e as antigas colónias e chegado à conclusão que o que valia mesmo a pena era exportar para a europa (mercado em que existe um maior número de consumidores com poder de compra elevado)? Há algum motivo para irmos cair em erros antigos?
É que uma coisa é determinada empresa, ou determinado ramo de actividade, sentir essa necessidade. Outra é o estado vir com a sua grande mão orientadora virar-nos para Angola e brasil.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Somos assim

Portugal é um país ás avessas. Somos assim. Um senhor que a maioria dos escribas deste blog valoriza bastante dizia no outro dia que, quando esteve no governo no pós 25 de Abril, aceitou esse lugar para tentar garantir a manutenção da democracia em Portugal. Sim, Portugal estava mal. Sim, o país precisava que lhe fizessem várias alterações. Mas mais importante do que tudo isso era impedir que caíssemos numa nova ditadura, desta vez de esquerda, e, por isso, esse senhor aceitou o lugar e fez o que achou por bem fazer.
Isto vem a propósito de um facto. 36 anos depois do 25 de Abril, os partidos e os políticos portugueses ainda não sabem viver em democracia. Há algum tempo Manuela Ferreira Leite quase suplicou a suspenção da dita cuja durante 6 meses para pôr o país em ordem. Hoje em dia Sócrates, mais sábio, reclama da falta de disponibilidade da oposição para aprovar as medidas que ele quer ver aprovadas. Neste aspecto ambos são iguais, pequenos ditadores com a sua própria visão para o país que sabem não poder ser alcançada com o acordo da outra parte.
Alguns de vocês poderão discutir a arquitectura do sistema, e se esta nossa veiazinha ditatorial advém ou não daí, mas o que é certo é que ela existe. Também é triste. Portugal está num estado deplorável. Quem passe a Vasco da Gama em direcção a Lisboa verá do seu lado esquerdo, logo a seguir ao parque das nações, um bairro pobre comparável ao de um qualquer país terceiro mundista. Isto, por si só - esquecendo tudo o resto que está mal, esquecendo os riscos, esquecendo o futuro que se percepciona - deveria ser suficiente para levar a todos os acordos possíveis.

O país carece de discussão. Precisa que os "iluminados" tenham coragem para fazerem mais do que criticar. Precisa que se assumam medidas e caminhos alternativos. Precisa de discussão. Precisa que se discorde, é certo, mas apenas para chegar a uma solução abrangente, aceite pela maioria. Veja-se o caso da avaliação de professores. Toda a gente a acha necessária, só se discorda nos moldes. Discutam-se então os modelos e avance-se. Mas avance-se.

Este país corre o risco de parar, porque alguns, no poder, não conseguem mobilizar todos. Os líderes dos dois maiores partidos portugueses já confessaram, explicitamente ou não, que só conseguem governar quando a sua vontade é lei. Talvez por isso nos deixem caminhar inadvertidamente para uma situação em que, anteriormente, o povo exigiu uma ditadura. Talvez esperem assumir esse lugar quando a ocasião surgir.
Estão enganados. Não serão eles. E estes trinta e tal anos pelos quais alguns tanto lutaram correm sérios riscos.

É pena. Mereciamos melhor.