sábado, 22 de agosto de 2009

Ainda o rescaldo das recentes trocas de bandeiras


"Em Portugal não há republicanismo. Nem sistema republicano. Nem doutrina republicana. O que existe é uma longa tradição anti-monárquica. A vantagem de um sistema republicano, dizem eles, é evitar as desvantagens de um sistema monárquico.
E por isso mesmo não se consegue discutir a questão do regime. Os argumentos não giram em torno da bondade das propostas. Os argumentos giram em torno dos palácios dos marqueses das herdades dos duques e das fortunas dos condes. Discutimos a vida dos outros, os seus privilégios e a sua vida. A sua qualidade de vida.
Cento e sessenta anos depois da publicação do manifesto comunista discutimos a questão monárquica como se fosse o derradeiro episódio da eterna luta de classes. Discutimos sempre a aristocracia. Luta de classes. À antiga marxista. O que não deixa de ser irónico.
Cem anos depois, os únicos que têm palácios, herdades e fortunas são os Comendadores da República. E aqueles que mais brincam com os anéis de brasão herdam orgulhosamente medalhinhas republicanas. Mais recentemente até se instituiu o hábito de herdar círculos eleitorais."

Rodrigo Moita de Deus para o i. Artigo completo aqui.

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