Pois é. Parece mentira, eu sei! Vivemos num país cada vez mais enviesado à esquerda. Nas últimas eleições europeias a nossa extrema-esquerda teve das votações mais expressivas na Europa (enquanto, lá por fora, o peso destes partidos no Parlamento Europeu diminuiu). Temos tanta sorte ou azar, que o maior partido do centro-direita português está à esquerda do seu partido europeu (palavras do próprio Paulo Rangel). E queremos mudar? Aparentemente e para algumas pessoas, não! A solução é continuar tudo na mesma!
Ontem o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que votar no CDS é “música celestial” e que “quem estiver farto (leia-se de Sócrates) tem que votar massivamente no PSD”. Meu caro, lamento imenso mas tenho que discordar destas suas afirmações. E, felizmente, não sou o único, caso contrário as sondagens andariam a dar valores na casa dos 60%-70% ao PSD, já que essa é, sensivelmente, a percentagem de votantes que não deverá escolher o PS.
Não compreendo. Todos afirmam que a nossa democracia é cada vez mais uma anedota. Que há “asfixia democrática”. Que não há regeneração da classe política. E a solução para o Professor (bem, se fosse só para ele já não era mau) é reduzir o país ao Bloco Central. É reduzir os partidos em que se “deve” votar ao PS e ao PSD. A solução é andar à volta do socialismo e da social-democracia. Mas será que já não chega? Andamos há 35 anos à volta desta política!
E não compreendo quando ouço o Professor a dizer isto. Tal como não compreendo quando vejo o Manuel Alegre a apelar ao voto numa pessoa e numa política, da qual discordou tanto nos últimos quatro anos e meio. Por que será? Mas os motivos agora não interessam para o caso e já estou a fugir ao que o Professor disse e à tal música celestial.
Pois bem, eu não vou votar no “centrão” e também recuso-me a votar na extrema-esquerda. Restam-me o CDS e os restantes “piquenos e médios partidos”. Confesso que adorava ver um novato MMS ou um também novato MEP a conseguir eleger um deputado, por que não? Mas dentro das possibilidades, votarei naquele que melhor conheço e que apresenta um programa eleitoral que me convence ser possível fazer melhor e diferente, o CDS.
Apesar de ter dado uma olhadela pelo programa eleitoral deste partido, sei que ninguém (eu incluído) anda mesmo a ler todos os programas eleitorais dos diferentes partidos. As pessoas votam pelo que os diferentes líderes defendem nas entrevistas e nos debates. Afinal é para os conhecermos e às suas ideias que existem esses mesmos debates e entrevistas. E no debate Manuela-Paulo, quem melhor convenceu o eleitorado de direita foi o líder do CDS.
“O CDS é claro onde o PSD é ambíguo, o CDS é diferente onde o PSD é parecido com o PS”. Paulo Portas proferiu esta frase logo no início do confronto e foi isto que se verificou ao longo do mesmo. A Manuela sabe muito bem o que não quer para o país. O Paulo Portas vai mais além disso. Ele pensou o país. Mesmo quem não concorde com as suas ideias, ao ouvi-lo reconhece que ele pensou a economia, as finanças, a educação, a saúde, a segurança ou a agricultura. Sabe o que não quer, mas também o que quer fazer e como o fazer. Onde é necessário aplicar dinheiro e onde se vai buscar esse mesmo dinheiro, sem endividar mais o país. E consegue explicar-nos isso. A Manuela Ferreira Leite não (vá, quanto muito “mal e porcamente”). Há um trabalho de casa feito pelo líder do CDS que nunca sequer deve ter passado pela cabeça da Manuela fazer. Ela só nos diz para não dispersarmos os votos e assim se cria no PSD a ideia de que quem está farto do Pinto de Sousa tem que votar naquele partido só porque sim. Porque o PSD é que é a alternativa (de sempre e para sempre talvez).
Professor Marcelo e Dra. Manuela, por mais que vos possa custar, quem vai votar CDS quer mesmo votar CDS! Se querem que eu (e os portugueses em geral) vote no PSD, façam por isso. Não andem é a dizer ao eleitorado do CDS que o seu voto não é útil, que é música celestial e que só se pode votar PSD. Dêem-me uma verdadeira mudança de pessoas e políticas e talvez já considere útil votar PSD. Não me dêem é um António Preto, um Pacheco Pereira ou mesmo um João de Deus Pinheiro que anda a bradar aos céus o bloco central, para continuarmos a levar com a trupe socialista em cima. Não podem querer que eu, assim, vote PSD nem que vote no PSD só porque sim, só porque este é que é o partido “do poder” e porque não há mais alternativas. Não posso aceitar isso e não posso aceitar que daqui a 100 anos se continue a discutir entre PS e PSD.
O meu voto é consciente e o meu voto útil é no CDS. Como dizia há uns tempos o Henrique Burnay para o 31 da Armada: “é o voto mais seguro contra maiorias absolutas, blocos centrais e esquerdas modernaças”.
Há 10 minutos
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