terça-feira, 23 de novembro de 2010

E enquanto Chefe de Estado o que fez para evitar esta situação?

Cavaco Silva garantiu hoje que se os seus alertas tivessem sido ouvidos, o país "não se encontraria na situação em que se encontra hoje." E referiu que fez vários alertas, também em privado, sobre asituação económica do país.

Na sua mensagem de Ano Novo, a 1 de Janeiro de 2010, Cavaco Silva considerou que o país caminhava para uma “situação explosiva”. Nessa altura, Cavaco Silva afirma que fez “a afirmação mais forte que alguma vez um Presidente da República pode fazer em público”: “Em privado pode fazê-las e fi-los muitas vezes, mas em público, dizer que se caminha para uma situação explosiva é talvez a afirmação mais forte que se pode fazer”, acrescentou.

Face à situação económica que o país atravessa, “hoje todos entendem o significado desses alertas que foram feitos”, garante Cavaco Silva. “Se tivessem sido escutados devidamente não há a mínima dúvida que Portugal não se encontraria na situação em que se encontra hoje”.


Se um é culpado por ter levado Portugal para a presente situação, o outro é culpado por, podendo fazer mais do que dar um simples recado, nada ter feito/fazer para evitá-la, ainda para mais quando tinha perfeita consciência das consequências da tal "situação explosiva". Enquanto Chefe de Estado exigia-se que a prioridade do Sr. Cavaco Silva fosse Portugal e não a sua reeleição. Acredito que Cavaco vá ser eleito à primeira volta com bastante facilidade e, provavelmente, a animosidade que sinto em relação ao Sr. Presidente da República está em completo desacordo com a opinião que lhe têm os restantes membros deste blog mas o balanço deste primeiro mandato de Cavaco Silva é manifestamente mau.

Cavaco falhou todos os objectivos a que se propôs quando se candidatou há cinco anos, como já referi aqui. Como Chefe de Estado exigia-se-lhe que fizesse mais, muito mais do que andar a dar recados, mesmo que isso, porventura, lhe custasse a reeleição. Afinal o Sr. Cavaco Silva foi eleito para Chefe de Estado de Portugal e não para moço de recados, embora eu admita que ele nunca terá a verdadeira percepção da responsabilidade que esse cargo exige. Quem perdeu fomos todos nós enquanto país. O tempo passa e é Portugal que continua a agonizar pois até o seu Chefe de Estado se demitiu das suas funções. E continua a agir como se não tivesse nenhuma responsabilidade para com o país! Cavaco, se fosse sério, tinha o mínimo de vergonha de cada vez que abre a boca, mas como referiu o Nuno Pombo, no 31 da Armada, essa ele não tem.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

TGV

Pedir uma petiçãozinha contra o TGV seria pedir muito? Acho que estão reunidas as condições para a coisa ser um sucesso... Na pior das hipóteses pedimos assinaturas a Timor Leste.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pelo facebook

O governo acaba de aderir à iniciativa e também mudou a fotografia de perfil!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Sr. Ministro das Finanças disse que aos 7% o FMI entrava em Portugal...

...os mercados fizeram-lhe a vontade e acabaram de lhe dar os 7%. Podem vir, este "vem-não-vem" já começa a ser deprimente!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

FMI, Fear of Mind Invasion... ou o Fundo Monetário Internacional, para alguns economistas

Será bom ou mau receber o FMI?
Não é fácil responder, nem existe uma solução técnica acabada.
Aliás, perante tão difícil decisão pátria, sugeria, como critério decisório, o lançamento de uma moeda ao ar. Um probabilidade de 0,5 de tomar a decisão correcta não seria má. Poderíamos até ter uma experiência estatística mais robusta, como o lançamento de mim moedas ao ar, para quem for tão supersticioso como alguns agentes políticos parecem ser. Repetiram mil vezes a experiência negocial aleatória para obterem o mesmo "outcome" esperado! Nem é preciso saber Estatística...
Voltando mais seriamente ao tema deste post, creio que existem vantagens e desvantagens nesta eventual solução.
A vantagem mais evidente é a de proteger a nossa economia da muita incerteza que lhe é lesiva. O pior que podemos fazer a qualquer agente económico é oferecer-lhe uma infinidade de cenários, um contexto em que não sabe com que contar. Assim, sobrevém a aversão ao risco de cada um, melhor é não decidir e adiar planos de consumo ou investimento que decidir mal. Reconhecem aqui o conceito de recessão? O Governo nem tanto.
Por outro lado, é possível que o FMI introduzisse algumas reformas estruturais. Atenção, não se trata de um governo de salvação nacional. Desiludamo-nos! O FMI busca soluções fáceis e rápidas, como tem sido visto em inúmeras partes do mundo. Não é crível que aí exista uma massa crítica de conhecimento sobre a economia portuguesa comparável àquela que (designadamente) foi revelada pelo Fundo aquando dos acordos de 77-78 - apesar da apetência que o Prof. António Borges terá por este "controlo externo" do país. (Veja-se aliás a esse propósito o interesse luso de alguns promissores economistas do tempo, como Krugman).
Que reformas estruturais seriam estas? Não espero que reformássem seriamente a Administração Pública, o Sector Empresarial do Estado ou até o sistema fiscal e a regulação da maioria dos mercados dos sector não transaccionáveis. Mas, pelo menos, é possível que o mercado de trabalho português fosse revolucionado, o que tem sido politicamente infactível. O fim da segmentação termo/sem termo / sem contrato, de uma segmentação geracional entre trabalhadores "agés" protegidos com ou sem merecimento e jovens mercantilizados poderia ser possível. Rumo a um regime laboral único, intermédio, mais justo e a um maior flexibilidade na alocação do emprego. A concentrar em sectores de potencial exportador...
Mas inquietam-nos os inconvenientes: nem todos os países intervencionados pelo FMI se saíram muito bem. Os exemplos de explosivos BRIC e países afins, encabeçado pela Argentina (lembram-se do "corralito", restrição ao uso do multibanco), que cresceram energicamente poucos anos após as intervenções são contrastados por outros casos em que o potencial de crescimento era menos evidente "a priori", com ou sem "boa governação".
Pois bem, o nosso caso poderá ser o de oportunidades de crescimento pouco evidentes. Pelo menos para já. Nada contra a nossa auto-estima, apenas a constatação de muito estudo (ou muito trabalho de casa) em atraso para o teste da próxima década. O que nos poderia comprometer com a intervenção do FMI? Medidas facilitistas: aumentar importos, cortar despesa social, vender activos que nos restam, cercear a provisão de bens públicos à economia e tudo mais. O que me pergunto mesmo é se não o fizemos já com este Orçamento de Estado? Se não perdemos já a oportunidade de fazer mais e melhor que o mal que faria o FMI - e que de certa maneira nós já replicámos e antecipámos, sem colher nenhum dos benefícios.
Gostaria que fizéssemos melhor e diferente, mas seremos disso capazes? E ainda que o fôssemos, estaríamos ainda a tempo?
Mais do que um "papão" o FMI é uma opção. Gostaria que a assumíssemos e que não nos deixássemos governar pela inevitabilidade de recorrer ao Fundo quando esteja iminente a nossa bancarrota!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Pelo facebook


O que há de errado com esta imagem?

Se pensou: "Mas não é um cartaz do senhor que ainda ontem, na inauguração da sede nacional de candidatura, voltou a prometer que não iria colocar um único cartaz exterior nas ruas?" fique a saber que acertou.

Assim não Sr. Cavaco Silva, já nos basta o Pinto de Sousa.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Tim-tim por tim-tim para todos perceberem! Grande Carlos Moedas!


A propósito deste post do JA, fica aqui mais uma entrevista que roçou o tendencioso e o patético. Carlos Moedas teve até direito a dedo em riste do José Rodrigues dos Santos e tudo! De resto, o elemento da equipa negocial do PSD deu uma grande entrevista e esta é outra daquelas coisinhas que os portugueses deveriam ver ou ter visto. Só para não haver dúvida nenhuma do que se passou nos últimos dias e de quem trabalhou, de facto, para um acordo ou não.

Nota: na discussão do OE o episódio das 4 horas de "seca" que o Dr. Eduardo Catroga levou de Teixeira dos Santos é o menos importante mas é bastante revelador dos inergúmeros que temos a governar o país. 4 horas porque o Dr. Eduardo Catroga acabou por se ir embora. Numa discussão tão séria e importante quanto esta não se trata o parceiro da negociação desta maneira. Depois o Teixeira dos Santos ainda quer que acreditemos que ele e o seu 1º Ministro estavam empenhados nesta negociação. Está bem.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

28/Outubro/1995


Faz hoje exactamente 15 anos que o senhor da primeira imagem tomou posse do seu primeiro governo e, nestes últimos 15 anos, mais de 12 foram da responsabilidade do partido da segunda imagem. Passados 15 anos Portugal está __________ (preencher como lhe aprouver).

Porreiro páh!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mas o cálice não concedia vida eterna?

Inspirada intervenção do nosso querido Prof. Nogueira Leite! Há que louvá-lo!

A culpa das negociações terem falhado é de Eduardo Catroga...

...mas Teixeira dos Santos já se está a desculpar há mais de meia hora.

Eduardo Catroga rompe com Teixeira dos Santos

Quem estiver a ouvir o Senhor Ministro das Finanças a discursar quase que duvida que este seja o mesmo homem que tem tomado conta das contas do país nos últimos 6 anos.

Injustiça, por Nuno Pombo

A nota que me ficou dos comentários de ontem ao anúncio da candidatura de Cavaco foi a de que ele era um homem sem imaginação e muito previsível. Discordo em absoluto desta leitura. Aliás, só quem andava distraído aquando do episódio das escutas o pode acusar, agora, de pouco imaginativo. Mas a ideia da previsibilidade é a que me rasteira. Quando ele chamou os jornalistas para fazer uma grave declaração ao país, o previsível é que ele, de facto, fizesse uma grave declaração. Mas não. Deu um chuto nas legítimas expectativas e pôs-se a falar de tricot ou de um qualquer anticiclone. Quando seria previsível que varresse o PM, por razões bem mais sérias do que as usadas pelo seu antecessor para correr com outro que tal, pressionou a oposição a entender-se com ele. Quando zurziu de alto a baixo diplomas absurdos que nos queriam impingir, dizendo deles o que Maomé não disse do toucinho, eis que, no mesmo passo e sem grandes problemas de consciência, promulgou-os à primeira. Quando seria mais do que razoável esperar vê-lo entrar ontem no CCB de gravata preta e ar pesado, eis que surgiu de azul celeste e sorriso confiante. Quando se esperaria ouvi-lo reconhecer as razões (muitas e boas) pelas quais não poderia recandidatar-se, explicou que o país sem ele não era. Quando se pensaria que ele, então, iria dizer-nos o que tinha de ser dito, atirou-nos, impressivo, cartazes e contabilidade de mercearia. Que injustiça. O Prof. Cavaco tem imensa imaginação e uma tremenda capacidade de nos surpreender. Tem isso tudo. Só não tem vergonha.

O discurso de Cavaco...

...teve qualquer coisa de déjà vu

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cavaco avança para Belém!


Este anúncio, apesar de parecer que é apenas de ontem, tem exactamente 5 anos. 5 Anos volvidos é altura para perguntar o que mudou. 5 Anos volvidos é altura para perguntar o que fez Cavaco. 5 Anos volvidos é altura para perguntar o que fez Cavaco para "contribuir para a melhoria do clima de confiança, para o reforço da credibilidade e para vencer a situação muito difícil em que o nosso país se encontra" e ainda o que fez para "contribuir para que o país vença as dificuldades e regresse a uma caminho de mais progresso e justiça social." Cavaco dizia que se candidatava "para ajudar o país a vencer as dificuldades em que está mergulhado e construir um futuro melhor" e o mais engraçado é que nos dizia, sem se rir, que estava "firmemente convencido" de que era capaz de o fazer.

Sr. Presidente o que andou a fazer?

Falhou os objectivos todos a que se propôs!


Pequena nota: uma das maneiras de ver que o vídeo está algo desactualizado é pelo número de desempregados. Há 5 anos Cavaco falava em 400 mil, hoje teria que referir uns 600 mil.

Outra pequena nota: não sei por que não se consegue visualizar o vídeo mas fica aqui o link.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Portugal, o OGE 2011 e o meu voto nas eleições presidenciais

Versão do Luís Filipe Coimbra do 31 da Armada:

"Eu, monárquico, democrata e historicamente pró-socialista, avesso a eleições presidenciais mas Cidadão Eleitor nº 8787 da Freguesia de São Mamede em Lisboa, declaro solenemente que só votarei no candidato que me garantir, caso venha a ser eleito, dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições legislativas no mais curto prazo constitucionalmente possível."


Minha versão:

Eu, monárquico, democrata e historicamente anti-socialista, avesso a eleições presidenciais mas Cidadão Eleitor nº 5245 da Freguesia de São Domingos de Benfica em Lisboa, declaro solenemente que só votarei no candidato que me garantir, caso venha a ser eleito, formar um governo de salvação nacional e de iniciativa presidencial, em que PS, PSD e CDS se entendam e estejam representados, no mais curto prazo constitucionalmente possível.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

O Sócrates foi mesmo à Judite!!

Quando escrevi este post, aqui mais em baixo, confesso que era mesmo uma graçola. Contudo soube hoje que o nosso 1º Ministro foi mesmo à Judite, não quinta-feira porque havia corrida de toiros na RTP, mas logo no dia seguinte, sexta-feira. Também já soube que hoje foi à Constança Cunha e Sá. Ainda não tive tempo para ver nenhuma das entrevistas mas assim que tiver 10min vou dar uma espreitadela nesta última....na da Judite não vale a pena, já todos sabemos como corre.

Alguém avise o Sr. 1º Ministro: está a ficar (demasiado) previsível.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Depois do anúncio de hoje ao país...


...o nosso 1º Ministro não vai amanhã à Judite, não?

Adenda: Hoje a RTP transmite a Corrida do Campo Pequeno, não há Grande Entrevista para ninguém. (óhh)

Intervalo da hibernação

Ah, quão bom seria se em Portugal se acreditasse nos portugueses com capacidades intelectuais relativamente boas e que andam há pelo menos 2 anos a pedir isto... Provavelmente já nem era preciso o Almeida Santos dizer que seria bom o FMI vir cá... Aliás, com jeitinho, se o partido do Almeida Santos ouvisse os outros não seria preciso virem relatórios ou pessoas de fora dizerem-nos o que fazer...

Há duvidas? Medina Carreira, João Salgueiro, Campos e Cunha, César das Neves e sei lá eu mais quem podem esclarecer-vos meus caros... Mas não oiçam só, façam mesmo o que eles disserem.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Sócrates e Teixeira dos Santos são incompetentes!"

Algures em Fevereiro deste ano, Sócrates disse que ia cortar na despesa e não aumentaria impostos. Ora, o que fez Sócrates desde essa declaração? Aumentou os impostos em Maio, e prepara-se para fazer um segundo aumento da carga fiscal. Cortar na despesa? Nem pensar. Isso deve ser "neoliberalismo". Por pura incompetência e por pura cobardia (cortar na despesa implica tocar em eleitores tradicionais do PS, e implica tocar nos boys do PS), o governo é incapaz de meter na ordem os ministérios, os institutos, as câmaras, as empresas públicas, etc. Quem é que paga este despesismo pornográfico dos boys e da função pública? Claro, o idiota do contribuinte. As idiotas das empresas já estão com a corda na garganta. As idiotas das pessoas que trabalham-mais-para-ganhar-mais, mas que nunca vêem a cor desse dinheiro extra, porque a máquina fiscal não deixa. "Para quê trabalhar mais?" é um desabafo que se ouve por aí.

João Cantiga Esteves (ISEG) tem razão, ou seja, um novo aumento de impostos significa apenas uma coisa: Sócrates e Teixeira dos Santos são incompetentes.
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Neoliberais: os novos fascistas

Os tiques esquerdistas deste santo país conseguem produzir este milagre da lógica: a despesa do estado aumentou 6%, mas só se discute a ousadia "neoliberal" do PSD. De facto, este regime (que vai do Largo do Rato às redacções) tem problemas com a realidade. Este regime e o seu "ar do tempo" não conseguem lidar com os factos. E os factos são estes: a despesa não pára de aumentar. E era suposto estarmos a combater a despesa. Mas, curiosamente, não se fala deste assunto. Apenas se fala das propostas ousadas do PSD. Porquê? Ora, porque são "neoliberais" ou "ultraliberais". É notável como esta língua-de-trapo ideológica consegue desviar a atenção da realidade.

Os jornalistas e analistas não olham para o facto (despesa incontrolável do Estado) e só olham para as propostas do PSD, que visam, lá está, atacar de frente essa despesa do Estado. Bem ou mal, Passos teve a coragem de apontar o dedo para a realidade. Mas, ná, isso é "neoliberal" ou "suicídio eleitoral". Moral da estória: o PSD devia estar quietinho, o PSD não devia dizer nada sobre a realidade, o PSD devia ficar à espera de que o poder lhe caísse nas mãos, para depois não ter a autoridade para mexer no statu quo através de medidas neo-ultra-liberais. Notável raciocínio. O facto de este raciocínio conduzir o país à falência e ao FMI não parece incomodar esta boa gente.

É certo e sabido: neste momento, quem aponta para a realidade (a insustentabilidade das despesas do Estado, desde a administração ao "social") é acusado de "neoliberal" , uma reactualização do "fascista" do PREC.

Uma pequena esperança cá por dentro

Tal como em Abril, também hoje Pedro Passos Coelho voltou a reunir-se com cerca de 20 economistas, um dia antes de ser recebido pelo Presidente da República a propósito do OE. Entre os presentes encontravam-se, por exemplo, João Salgueiro, Eduardo Catroga, Abel Mateus, Medina Carreira, Mira Amaral e João Duque. O presidente do PSD ainda tem quase tudo para provar e se chegar a 1º Ministro terá um trabalho difícil pela frente, mas em relação ao principal problema do país, não deixa de ser uma boa notícia saber que ele procura escutar e rodear-se dos melhores que temos por cá.

Uma boa notícia lá por fora


Os resultados das eleições para a Assembleia da Venezuela dão uma nova esperança aos opositores do melhor amigo do Zé Sócrates pelas Américas. Apesar de não terem conseguido maioria parlamentar, devido às alterações da lei eleitoral efectuadas por Hugo Chávez no ano passado, a oposição conseguiu maior número de votos do que os partidários do Presidente. Também em Caracas, capital do país, a oposição conseguiu vencer. Daqui a 2 anos há eleições presidenciais. Esperemos que o Chávez se cale definitivamente.

Com a verdade nos enganam!


O título pode parecer contraditório mas daqui a umas linhas fará todo o sentido. Há poucos dias, estava eu a navegar pelo facebook, quando me deparei com um post de um membro da JS que anunciava que a dívida de Portugal ao exterior tinha caído, no segundo trimestre do ano, cerca de 3.6 mil milhões de euros, uma quebra recorde de 1.9%! A dada altura até se falava em forte capacidade de recuperação. Para os mais distraídos isto será estupendo e, assim sendo, parece que o Zézito Sócrates até está a fazer um bom trabalho e não faz sentido nenhum o alarmismo todo que continua a haver em relação ao nosso país. Contudo continua a haver esse mesmo alarmismo, sendo sinal de que afinal as coisas não estão assim tão bem como à primeira vista aquele comentário pode fazer parecer. E se há coisa que Portugal não mostra, de todo, é uma forte capacidade de recuperação. Ora vamos lá ver o que ficou por dizer.

É verdade que a dívida externa recuou no segundo trimestre deste ano? Sim, é verdade, mas o que ficou por dizer é que esse recuo deu-se porque o Estado está a financiar-se menos no exterior e a aumentar o financiamento interno. Se formos olhar para a dívida pública total, essa, continua a aumentar descontroladamente! Aliás, o descontrolo é tanto que entre os países com os quais nos costumamos comparar, devido às respectivas situações (Espanha, Irlanda e Grécia), Portugal é o único que ainda não está a conseguir diminuir a sua despesa! Até a Grécia o está a conseguir fazer! Ainda no domingo que passou o Prof. Marcelo lembrou alguns números que denunciam esta perigosa situação. Em relação ao déficit de Janeiro a Agosto deste ano, comparado com igual período do ano passado, a Grécia baixou 32%, a Espanha 41%, a Irlanda 35% e Portugal aumentou 7,4%. Em relação à despesa total do Estado, a Espanha baixou 2,5%, a Grécia 10,9%, a Irlanda 19,3% e Portugal aumentou 2,7%!


E todos sabem que esta situação não se inverte porque o Governo não quer fazer o que é necessário. E até já todos sabem o que é preciso fazer só que isso não dá votos, nem popularidade. É mais fácil aumentar os impostos a todos do que começar a cortar nas despesas e, pelas notícias dos últimos dias, parece que o Governo continua a apostar, mais uma vez, no aumento do IVA. Por cá quando se começa a falar em cortar (e não em congelar) salários ou em cortar os 13º e 14º mês, cuidado que vêm aí os neoliberias! Já alguém reparou que de todos os chamados PIGS, Portugal é o único que ainda não cortou nos salários da função pública? Aqui ao lado, em Espanha, o grande amigo do Zé Sócrates também já cortou nos salários e não consta que ele seja um perigoso neoliberal. Na Irlanda os cortes chegam até aos 10% e mesmo 13% em alguns casos! Cá por terras lusas basta os polícias fazerem uma manifestação que são logo promovidos, como aconteceu recentemente! Com esta maneira de actuar, facilmente se percebe por que é que a despesa pública portuguesa continua a aumentar e não a diminuir, ao contrário do que já está a acontecer nos restantes países. Basicamente o Zé Sócrates não está a fazer absolutamente nada para corrigir a nossa situação e está, verdadeiramente, a marimbar-se para nós! (Ou como ele disse ainda a semana passada: Há muito tempo para falar da dívida!) Esta frase foi a cereja no topo do bolo! Só faltou dizer para não o maçarem com estas coisas! Ele faz de nós uns autênticos parvos e o pior é que há quem vá atrás!


E, por fim, chegamos à parte da forte capacidade de recuperação. Não consigo ver de que recuperação é que se poderia estar a falar. Da portuguesa não seria de certeza já que Portugal vai continuar a ser dos países europeus com crescimento económico mais anacrónico. Daqui a mais 3 ou 4 anos até vamos ver outro país do leste europeu a ultrapassar-nos! A República Checa, desta vez. E isto tira qualquer português do sério! A mim, pelo menos, tirou-me, quando vi aquele comentário altamente enganador.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

3 coisinhas engraçadas

Ontem ao folhear o i deparei-me com a notícia que os bloquistas estão indignados com a "perda de soberania" que Portugal (e os restantes países da UE) vai sofrer quando a Comissão Europeia passar a ter direito a visto prévio aos orçamentos nacionais.
1ª coisinha engraçada - Os bloquistas a falarem de soberania nacional. Qualquer dia estão a usar palavras como "Pátria" ou "Nação".
2ª coisinha engraçada - Eu concordo com os bloquistas!
3ª coisinha engraçada - Há uns anos era impensável escrever isto, mas venha de lá esse visto! Por mais que na teoria a ideia me custe, continuarmos a não ter ninguém a controlar o que os nossos governantes nos têm feito custa-me muito mais.

sábado, 18 de setembro de 2010

A luta tem de continuar: a comunicação social

Alguém viu a entrevista do Pedro Passos Coelho?

Sou insuspeito para dizer isto, porque não sou apoiante "genético" do senhor, por quem tenho, ainda assim, consideração. Parece-me que a qualquer líder do PSD (velha ou novo, lisboeta ou transmontano) se coloca um grande obstáculo mediático. E uma escolha premente: ir a casa do adversário, sofrer um ambiente "receptivo" ao estilo futebolístico ou recusar-se a ir, alinhando com Sócrates ao receber críticas de pouco espírito democrático. Recorde-se que o PM se recusa a ir à TVI.

Sendo insuspeito, digo-o sem receio: a entrevistadora de Pedro Passos Coelho é uma jornalista sem o nível profissional e a isenção técnica necessários a este tipo de trabalho. Em certos momentos da entrevista, roçou o tendencioso e o patético. Conduziu-a a uma discussão de uma hipotética perda de popularidade e à falta de oportunidade da revisão constitucional (que JS deveria saber, só se pode fazer com 2/3 de sete em sete anos). Mais grave ainda, incitou o entrevistado a segmentar (i.e. estigmatizar) a sociedade portuguesa por um nível de rendimento arbitrário, o que é pouco próprio de uma pessoa inteligente e bem-intencionada.

É claro que episódios estes podem acontecer ao contrário. O que merece uma reflexão cuidada é, sim, a cínica "equidistância" dos órgãos de Comunicação Social, que em terras latinas tardam em assumir "disclaimers", assim como dos profissionais comentadores políticos.

Ainda assim, acredito que seja possível fazer um jornalismo isento, além de um jornalismo assumidamente partidário para que possa haver lugar. Sem ser exaustivo, reporto-me àqueles que, quanto a mim, são dois exemplos desse jornalismo no nosso país: a Rádio Renascença e o Jornal Expresso. Lamento ainda que estes sejam dos poucos órgãos informativos que se evadem da ditadura da agência Lusa (cuja actuação mereceria outro Post).

Em função disto, lembrando o velho mote da esquerda, a luta tem de continuar por um Portugal democrático!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Lá vai um post politicamente super incorrecto...


...eu que não tenho grande paciência para a hipocrisia europeia adorei a resposta que o Sarkozy deu à comissária luxemburguesa. De notar que o Luxemburgo reagiu com indignação à resposta do Presidente francês mas nada indica que vá aceitar a sua proposta. Por que será?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Entre as férias

Sobre o Pinto de Sousa andar super ofendido a defender a Constituição e, nomeadamente, o SNS (o qual não ponho em causa) dos ataques ultra-mega-hiper-neo-liberais ler isto.

Sobre coisas que nos devem preocupar (que maçada) e não devem passar despercebidas ler isto.

sábado, 14 de agosto de 2010

O TGV

Pode parecer estranho, mas quis aproveitar a silly season para trazer um tema aborrecido.

Muito se tem dito e escrito sobre a racionalidade de construir uma rede de alta velocidade.

Pois bem, parece-me que a questão está mal colocada e tem enviesado (quase) todas as respostas.

Devemos perguntar-nos, isso sim, se queremos construir uma nova rede ferroviária.

Essa nova rede teria a bitola (i.e. distância entre carris) de todas as redes europeias modernas e da nova rede espanhola. Não é difícil perceber que, no longo prazo, a sobrevivência do transporte internacional de mercadorias por via ferroviária depende da construção desta rede. De outro modo, será preciso transbordar a carga não nos Pirinéus (como até agora sucedia), mas em Vilar Formoso, à medida deste "grande" mercado de exportação.

A que conduziria a ausência de transporte ferroviário credível? À sobrecarga da já sobrecarregada rede rodoviária, com as externalidades inerentes: custosa poluição, inquantificável perda de vidas humanas nas estradas, entre outras. Talvez mesmo até à saída de alguns dos grandes pólos de Investimento Directo Estrangeiro, Auto Europa à cabeça. É ainda preciso dizer que estamos muito aquém do nosso potencial de competitividade no transporte de mercadorias, desde há décadas, por este motivo; mas que só agora podemos debelar esse problema com a existência da nova rede espanhola.

Vistas as coisas desta forma, como o custo marginal da velocidade e dos comboios não tem uma grande expressão relativa e como as redes se constroem para 150 anos (caso da nossa), ninguém faria agora uma rede de baixa velocidade. Quanto a comprar os comboios, não se vê aí o ponto decisivo da factura da obra: o que importa é garantir que o Estado não vai subsidiar um negócio ruinoso de transporte de passageiros - essa exploração (privada!) que morra por si e que arranque quando for rentável, mesmo que seja só daqui a alguns anos.

No entanto, esta argumentação não é unívoca. Quais são as suas fragilidades?

Em primeiro lugar, parece-me essencial fazer o TGV, mas nada óbvio que tenha de ser feito agora. É pouco crível que a desvantagem competitiva de não ter TGV se faça agudamente sentir na captação de IDE nos próximos 10 ou até 20 anos. O momento financeiro parece desaconselhar o arranque do projecto; haverá que aproveitar a flexibilidade temporal que exista para optimizar o project finance e fixar um calendário que não continue a sofrer adiamentos.

Por outro lado, os contornos específicos do projecto devem orientar-se para o transporte de mercadorias e não, falaciosamente, para o transporte de passageiros (leia-se para o empolamento do desenvolvimento regional de certos apeadeiros, como o da Ota). O actual traçado da linha do Norte teve na sua primeira formulação o pecado capital de não prever o transporte de mercadorias entre Lisboa e Porto (!! deixando o país com uma rede bicéfala desligada), já que é muito caro assegurá-lo sobre pontes e viadutos na região Oeste. Mesmo assim, o seu custo excederá, segundo estudos publicados, no mínimo em 1000 M€ de um traçado que, ainda que atravessando o Tejo duas vezes, passasse por Santarém e pelo "deserto" da margem Sul.

Importa reflectir sobre estas e outras questões que possam existir com os argumentos correctos! Mal por mal, a abordagem política mais séria que vi deste assunto foi a do Programa Eleitoral do PSD, mesmo depois de algumas declarações imprecisas da Dª Manuela Ferreira Leite.