sábado, 18 de setembro de 2010

A luta tem de continuar: a comunicação social

Alguém viu a entrevista do Pedro Passos Coelho?

Sou insuspeito para dizer isto, porque não sou apoiante "genético" do senhor, por quem tenho, ainda assim, consideração. Parece-me que a qualquer líder do PSD (velha ou novo, lisboeta ou transmontano) se coloca um grande obstáculo mediático. E uma escolha premente: ir a casa do adversário, sofrer um ambiente "receptivo" ao estilo futebolístico ou recusar-se a ir, alinhando com Sócrates ao receber críticas de pouco espírito democrático. Recorde-se que o PM se recusa a ir à TVI.

Sendo insuspeito, digo-o sem receio: a entrevistadora de Pedro Passos Coelho é uma jornalista sem o nível profissional e a isenção técnica necessários a este tipo de trabalho. Em certos momentos da entrevista, roçou o tendencioso e o patético. Conduziu-a a uma discussão de uma hipotética perda de popularidade e à falta de oportunidade da revisão constitucional (que JS deveria saber, só se pode fazer com 2/3 de sete em sete anos). Mais grave ainda, incitou o entrevistado a segmentar (i.e. estigmatizar) a sociedade portuguesa por um nível de rendimento arbitrário, o que é pouco próprio de uma pessoa inteligente e bem-intencionada.

É claro que episódios estes podem acontecer ao contrário. O que merece uma reflexão cuidada é, sim, a cínica "equidistância" dos órgãos de Comunicação Social, que em terras latinas tardam em assumir "disclaimers", assim como dos profissionais comentadores políticos.

Ainda assim, acredito que seja possível fazer um jornalismo isento, além de um jornalismo assumidamente partidário para que possa haver lugar. Sem ser exaustivo, reporto-me àqueles que, quanto a mim, são dois exemplos desse jornalismo no nosso país: a Rádio Renascença e o Jornal Expresso. Lamento ainda que estes sejam dos poucos órgãos informativos que se evadem da ditadura da agência Lusa (cuja actuação mereceria outro Post).

Em função disto, lembrando o velho mote da esquerda, a luta tem de continuar por um Portugal democrático!

1 comentário:

  1. Só estou a ter agora tempo para ver a dita entrevista (presumo que seja a Grande Entrevista da Judite, certo?). Ao início pensei que pudesses estar a exagerar um bocado, mas tens toda a razão! Vou sensivelmente a meio do vídeo e nunca até hoje a Judite deu ao Sócrates o tratamento que está a dar ao Passos Coelho! Para a Judite, a haver crise política, será por má fé e culpa do PSD. O facto de o governo não tomar as medidas necessárias para resolver a crise do país é irrelevante.

    Concordo com um jornalismo assumidamente partidário. E já que estamos no tópico da comunicação social e a dita entrevista até é do canal do Estado, a privatização da RTP até seria uma mais-valia para acabar com a tentação que os vários governos possam ter em controlar este órgão de comunicação social que têm à sua disponibilidade. Admito, porém, uma excepção para um canal público da índole da RTP2.

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