quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Entre as férias

Sobre o Pinto de Sousa andar super ofendido a defender a Constituição e, nomeadamente, o SNS (o qual não ponho em causa) dos ataques ultra-mega-hiper-neo-liberais ler isto.

Sobre coisas que nos devem preocupar (que maçada) e não devem passar despercebidas ler isto.

sábado, 14 de agosto de 2010

O TGV

Pode parecer estranho, mas quis aproveitar a silly season para trazer um tema aborrecido.

Muito se tem dito e escrito sobre a racionalidade de construir uma rede de alta velocidade.

Pois bem, parece-me que a questão está mal colocada e tem enviesado (quase) todas as respostas.

Devemos perguntar-nos, isso sim, se queremos construir uma nova rede ferroviária.

Essa nova rede teria a bitola (i.e. distância entre carris) de todas as redes europeias modernas e da nova rede espanhola. Não é difícil perceber que, no longo prazo, a sobrevivência do transporte internacional de mercadorias por via ferroviária depende da construção desta rede. De outro modo, será preciso transbordar a carga não nos Pirinéus (como até agora sucedia), mas em Vilar Formoso, à medida deste "grande" mercado de exportação.

A que conduziria a ausência de transporte ferroviário credível? À sobrecarga da já sobrecarregada rede rodoviária, com as externalidades inerentes: custosa poluição, inquantificável perda de vidas humanas nas estradas, entre outras. Talvez mesmo até à saída de alguns dos grandes pólos de Investimento Directo Estrangeiro, Auto Europa à cabeça. É ainda preciso dizer que estamos muito aquém do nosso potencial de competitividade no transporte de mercadorias, desde há décadas, por este motivo; mas que só agora podemos debelar esse problema com a existência da nova rede espanhola.

Vistas as coisas desta forma, como o custo marginal da velocidade e dos comboios não tem uma grande expressão relativa e como as redes se constroem para 150 anos (caso da nossa), ninguém faria agora uma rede de baixa velocidade. Quanto a comprar os comboios, não se vê aí o ponto decisivo da factura da obra: o que importa é garantir que o Estado não vai subsidiar um negócio ruinoso de transporte de passageiros - essa exploração (privada!) que morra por si e que arranque quando for rentável, mesmo que seja só daqui a alguns anos.

No entanto, esta argumentação não é unívoca. Quais são as suas fragilidades?

Em primeiro lugar, parece-me essencial fazer o TGV, mas nada óbvio que tenha de ser feito agora. É pouco crível que a desvantagem competitiva de não ter TGV se faça agudamente sentir na captação de IDE nos próximos 10 ou até 20 anos. O momento financeiro parece desaconselhar o arranque do projecto; haverá que aproveitar a flexibilidade temporal que exista para optimizar o project finance e fixar um calendário que não continue a sofrer adiamentos.

Por outro lado, os contornos específicos do projecto devem orientar-se para o transporte de mercadorias e não, falaciosamente, para o transporte de passageiros (leia-se para o empolamento do desenvolvimento regional de certos apeadeiros, como o da Ota). O actual traçado da linha do Norte teve na sua primeira formulação o pecado capital de não prever o transporte de mercadorias entre Lisboa e Porto (!! deixando o país com uma rede bicéfala desligada), já que é muito caro assegurá-lo sobre pontes e viadutos na região Oeste. Mesmo assim, o seu custo excederá, segundo estudos publicados, no mínimo em 1000 M€ de um traçado que, ainda que atravessando o Tejo duas vezes, passasse por Santarém e pelo "deserto" da margem Sul.

Importa reflectir sobre estas e outras questões que possam existir com os argumentos correctos! Mal por mal, a abordagem política mais séria que vi deste assunto foi a do Programa Eleitoral do PSD, mesmo depois de algumas declarações imprecisas da Dª Manuela Ferreira Leite.




sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Maioria das empresas portuguesas é conivente com corrupção, by Lusa

Com alguma vergonha e muita vontade, ponho fim à minha longa ausência e regresso (de vez) à actividade.

Para já, deixo-vos um invulgar artigo (como é que a Lusa publicou isto? algum censor devia estar de férias), que deve deixar quase todos os portugueses de consciência pesada. A mim pelo menos deixa!

- Quantos de nós rejeitariam convites ou expatriações profissionais para Angola, com sacrifício pessoal (= perder o emprego, não ser promovido) -
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Maioria das empresas portuguesas é conivente com corrupção - Rafael Marques*** Serviço vídeo e áudio disponível em www.lusa.pt

***Simon Kamm, da Agência LusaLisboa, 04 ago (Lusa) - A atuação da maioria das empresas portuguesas que operam em Angola vai no sentido de garantir o status quo, "esse esquema de corrupção e libertinagem à volta dos bens públicos angolanos", denunciou o jornalista angolano e ativista cívico Rafael Marques.

Em entrevista à agência Lusa a propósito do seu relatório "Presidência da República: O Epicentro de Corrupção em Angola", disponível online a partir de hoje na página da Iniciativa Anti-Corrupção Maka Angola, Marques criticou que as empresas internacionais que operam no país "continuem a contribuir para que a corrupção seja a principal instituição de Governo".Segundo Marques, "quase todas as empresas portuguesas, para se estabelecerem no mercado angolano, arranjam sempre como sócio um ministro, a família presidencial ou um general, o que configura situações de tráfico de influências, de corrupção ativa de dirigentes e outros atos ilícitos".

Estes negócios "só beneficiam uns poucos que concentram as riquezas de Angola e que, para garantirem o seu poder, criam uma clientela internacional bastante volumosa e dispendiosa para garantir a legitimidade dos seus atos", frisou."Isto não contribui para o desenvolvimento, é uma forma anormal de reforçar o poder político e económico de uma elite predadora, em detrimento de todo um povo", denuncia no documento, ao qual a Lusa teve acesso.

Marques considera que a atuação das empresas portuguesas "não pode dar bons resultados" e que "é uma questão de mais 10 ou 20 anos", porque "não há um investimento a longo prazo, um investimento político", precisou.Para o jornalista, é preciso "uma mudança, também para o benefício" de Portugal. "Hoje pode roubar-se muito em Angola, pilhar o Estado angolano por mais uns anos.Mas este período de saque pode ter o mesmo efeito que os 500 anos de colonização", dos quais Portugal também "acabou por não usufruir".

A este ritmo, "é o grande risco que se corre", asseverou, lembrando que muitos investimentos portugueses em Angola estão reféns da "vontade política de quem está no poder num regime déspota"."Não se salvará a situação económica de Portugal passando por cima da miséria dos angolanos, atropelando a sua dignidade e fomentando a corrupção no país. É certamente um caminho que acabará num beco sem saída", vincou.

Marques lamentou que a visita de Cavaco Silva a Angola tenha sido apenas "uma visita de cobrança de dívidas", e que não se tenha abordado os "danos que a própria atuação das empresas portuguesas causa à estabilidade política e ao desenvolvimento de Angola, nem em que circunstâncias acontece".As dívidas "astronómicas" de que se fala precisam de mais explicações:

"É preciso descriminar essa dívida, a sua origem, e [explicar] como em tão pouco tempo Angola está outra vez endividada até ao pescoço.Teria sido um exercício bastante saudável se as próprias empresas portuguesas, de forma pública, declarassem quanto têm a cobrar", vincou.*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***Lusa/Fim

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Proposta

Alguém que crie um grupo no faceboook "Eu não quero mais investimento público" sff.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os Ricos! Pior, os Milionários! Esses Grandes Papões Capitalistas Sem Escrúpulos que só vêem dinheiro à frente!



Nota: O Dr. Louçã, entre tantos outros, hoje não vai conseguir dormir. No seu mundo, isto é completamente inverosímil. Não faz sentido. Eles (os ricos) são os grandes inimigos da nossa sociedade. Pura e simplesmente não fazem coisas destas. Ou então até fazem e as pessoas ainda se começam a aperceber que o discurso do "pobre vs rico" de muita esquerda é pura demagogia barata. É daquelas tais coisas que se atiram para o ar para inviabilizar qualquer discussão séria.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Silly" Season


Enquanto me preparo para cumprir à risca a sugestão do nosso Presidente da República (o nacionalismo saloio fica-lhe tão bem) fica aqui um resumo do que se tem passado nos últimos tempos, para quem tem andado assim mais para o distraído:

- Para começar nada melhor do que o dito apelo do Cavaco. O apelo é muito bonito(?) se não for copiado pelos homólogos de alguns países como Espanha, Inglaterra ou Alemanha, por exemplo. Para um país que supostamente aposta no turismo e que perdeu 3,6 milhões(!) de dormidas estrangeiras nos últimos dois anos, o apelo do Sr. Cavaco Silva é, no mínimo, anedótico. A não ser que já tenhamos desistido por completo dos estrangeiros e restem só os portugueses que, infelizmente, têm menos poder de compra.

- Depois veio a história da golden share. Já escrevi aqui o que penso sobre o assunto. Tanta coisa e tantos interesses patrióticos (que bonito) e afinal a Vivo era mesmo dispensável. No meio desta história toda vimos muita direita a aplaudir de pé o que o Sr. Pinto de Sousa fez, o que não deixa de ser preocupante. Em Portugal, da esquerda à direita, gostamos mesmo todos é desta Porca Gorda que dá de mama a meio(?) país e pessoas que a querem ver a fazer uma grande dieta e a não se meter no que é privado, continuam a ser automaticamente rotulados de "porcos capitalistas ultra-liberais que só vêem o dinheiro à frente" (obrigado) e assim invalida-se qualquer discussão séria sobre o assunto. (De notar que, mais uma vez, esperemos que os homólogos, desta vez do Sr. Pinto de Sousa, não sigam o mesmo exemplo. Estas coisas só são muito bonitas enquanto os outros não começarem a fazer o mesmo.)

- A ministra da Cultura deu pulos de alegria quando o Director Geral das Artes se demitiu. Ele até podia ser muito mau - confesso que não sei - mas a ministra bem que podia ter guardado a sua "grande satisfação" para si. Já se sabe que vergonha é algo que não abunda muito pelos nossos políticos mas também se podia disfarçar um pouco mais (acho).

- Quanto às SCUT acho que o princípio do utilizador-pagador até é de fácil compreensão e justiça, mas a novela ainda vai ter prolongamento para depois do Verão. Mais incrível é saber que se as coisas forem feitas como os socialistas querem, metade do aumento de impostos do PEC II vai direitinho para as SCUT continuarem a ser sem custos para o utilizador. (Boa! Se calhar isto ainda dá uns votozitos nas próximas eleições!)

- A propósito da Revisão Constitucional fica aqui a graçola do Nuno Gouveia, do 31 da Armada. Mais uma alegria para depois do Verão. (a sério o PPC tem que estar a fazer alguma coisa bem)

- Outra alegria, das grandes, para depois das férias será o OE para o próximo ano. O debate do Estado da Nação foi engraçadito, vá, e vamos entrar no período em que seremos mesmo obrigados a continuar com o Sócrates, mesmo que "a coisa" dê para o torto.

- Andam para aí a dizer que afinal o Salazar terá sido o "melhor investidor sem ganhos" de Portugal e responsável pela "maior reserva de ouro da Europa". Será que já podemos devolver o devido nome à ponte sobre o Tejo?

- Pelo meio houve aí um bispo que pediu aos políticos católicos para doarem 20% dos seus rendimentos para um fundo social. A ideia até pode ser muito bonita mas eu até sou daqueles que acredita que temos tão maus agentes políticos porque os salários pura e simplesmente são baixos para atrair os bons. Um corte de 20% no salário não me parece um grande atractivo para ir para lá. (esta ideia, de repente, fez-me lembrar o pcp)

- Talvez ainda seja cedo para o nosso 1º Ministro rejubilar mas o processo Freeport terá chegado ao fim...bem já todos sabemos que estas coisas acontecem sempre por alma e graça do espírito santo. Pelo andar da carruagem, ele (o espírito santo) também deverá ser o culpado por muitas das violações que ocorreram na Casa Pia.

- Lá por fora o Chávez parece que está a ver se arranja uma guerrinha com a Colômbia. Esperam-se os próximos desenvolvimentos. O magano do homem até veio dizer que ameaça cortar a exportação de petróleo para os EUA. A ideia não deixa de ter a sua piada já que os EUA compram 65% do petróleo venezuelano e este representa apenas 15% do total de petróleo consumido pelos EUA.

- E, para finalizar, durante este fim-de-semana que passou, ficámos a saber que a Isabel Alçada quer acabar com os chumbos nas escolas portuguesas. Assim. Sem mais nada. Ela quer acabar e pronto, já está! Acabaram-se os chumbos! (ela combina mesmo bem com o Zézito Sócrates, o nosso 1º Ministro acertou em cheio na sua contratação)

E pronto, fico por aqui que isto já está outra vez para o longo. Quando acabar o Verão, o mundo político promete aquecer bastante, ainda para mais com as presidenciais à mistura! E o Parlamento vai andar animado e tudo! Vai ser uma alegria! Até Setembro.