sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Maioria das empresas portuguesas é conivente com corrupção, by Lusa

Com alguma vergonha e muita vontade, ponho fim à minha longa ausência e regresso (de vez) à actividade.

Para já, deixo-vos um invulgar artigo (como é que a Lusa publicou isto? algum censor devia estar de férias), que deve deixar quase todos os portugueses de consciência pesada. A mim pelo menos deixa!

- Quantos de nós rejeitariam convites ou expatriações profissionais para Angola, com sacrifício pessoal (= perder o emprego, não ser promovido) -
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Maioria das empresas portuguesas é conivente com corrupção - Rafael Marques*** Serviço vídeo e áudio disponível em www.lusa.pt

***Simon Kamm, da Agência LusaLisboa, 04 ago (Lusa) - A atuação da maioria das empresas portuguesas que operam em Angola vai no sentido de garantir o status quo, "esse esquema de corrupção e libertinagem à volta dos bens públicos angolanos", denunciou o jornalista angolano e ativista cívico Rafael Marques.

Em entrevista à agência Lusa a propósito do seu relatório "Presidência da República: O Epicentro de Corrupção em Angola", disponível online a partir de hoje na página da Iniciativa Anti-Corrupção Maka Angola, Marques criticou que as empresas internacionais que operam no país "continuem a contribuir para que a corrupção seja a principal instituição de Governo".Segundo Marques, "quase todas as empresas portuguesas, para se estabelecerem no mercado angolano, arranjam sempre como sócio um ministro, a família presidencial ou um general, o que configura situações de tráfico de influências, de corrupção ativa de dirigentes e outros atos ilícitos".

Estes negócios "só beneficiam uns poucos que concentram as riquezas de Angola e que, para garantirem o seu poder, criam uma clientela internacional bastante volumosa e dispendiosa para garantir a legitimidade dos seus atos", frisou."Isto não contribui para o desenvolvimento, é uma forma anormal de reforçar o poder político e económico de uma elite predadora, em detrimento de todo um povo", denuncia no documento, ao qual a Lusa teve acesso.

Marques considera que a atuação das empresas portuguesas "não pode dar bons resultados" e que "é uma questão de mais 10 ou 20 anos", porque "não há um investimento a longo prazo, um investimento político", precisou.Para o jornalista, é preciso "uma mudança, também para o benefício" de Portugal. "Hoje pode roubar-se muito em Angola, pilhar o Estado angolano por mais uns anos.Mas este período de saque pode ter o mesmo efeito que os 500 anos de colonização", dos quais Portugal também "acabou por não usufruir".

A este ritmo, "é o grande risco que se corre", asseverou, lembrando que muitos investimentos portugueses em Angola estão reféns da "vontade política de quem está no poder num regime déspota"."Não se salvará a situação económica de Portugal passando por cima da miséria dos angolanos, atropelando a sua dignidade e fomentando a corrupção no país. É certamente um caminho que acabará num beco sem saída", vincou.

Marques lamentou que a visita de Cavaco Silva a Angola tenha sido apenas "uma visita de cobrança de dívidas", e que não se tenha abordado os "danos que a própria atuação das empresas portuguesas causa à estabilidade política e ao desenvolvimento de Angola, nem em que circunstâncias acontece".As dívidas "astronómicas" de que se fala precisam de mais explicações:

"É preciso descriminar essa dívida, a sua origem, e [explicar] como em tão pouco tempo Angola está outra vez endividada até ao pescoço.Teria sido um exercício bastante saudável se as próprias empresas portuguesas, de forma pública, declarassem quanto têm a cobrar", vincou.*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***Lusa/Fim

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