sexta-feira, 22 de abril de 2011

Se este país em que vivo fosse outro

Se neste país houvesse vergonha, José Sócrates não seria tratado por Engenheiro José Sócrates, devido à vergonha que teríamos só pela possibilidade de termos uma universidade, aceite pelo estado (e o estado somos nós), que permitisse um caso como o que com ele se passou.

Se neste país houvesse vergonha, José Sócrates não seria primeiro-ministro há muito mais tempo pois teria reconhecido a sua falta de capacidades para as funções que desempenhava ou porque, acreditando nas suas capacidades, não quereria desprestigiar a sua função com algumas das acusações que sofreu (i.e. interferência na liberdade de imprensa).

Se neste país houvesse vergonha, José Sócrates não seria candidato a primeiro-ministro porque no seu partido, em vez do oportunismo político de figuras como António Costa, António Vitorino ou mesmo Mário Soares, figuraria o sentido de estado e a noção de que é preciso fazer melhor, muito melhor. De que este não é o momento da ambição pessoal nem do calculismo político, mas sim da coragem política e da ambição nacional.

Se neste país houvesse vergonha, ninguém votaria em deputados que não pensam exercer a sua função, ou que aceitam apenas exercê-las perante determinadas condições. Como se a vontade que mostram não fosse a de servir aqueles que neles votaram, votam ou votarão, mas sim a de servir a sua própria agenda.

Se neste país houvesse vergonha, não teríamos medo de chamar às pessoas do actual governo "criminosas", pelo modo como brincaram com dinheiro que não era deles. Pela forma como acreditaram poder fazê-lo impolutamente. Pela forma como hipotecaram não só as gerações de hoje e os seus sonhos, mas também as de ontem e as de amanhã. Pela forma como fazendo-o sem o perceberem, brincando com coisas que simplesmente não compreendem, deixaram a situação arrastar-se e a tornaram ainda pior.

Se neste país houvesse decência, olharíamos para os nossos filhos com pena. E com vergonha por aquilo que não fizemos por eles. Pelo medo que tivemos de agir.

Se neste país houvesse coragem, não nos calaríamos de cada vez que alguém diz que a culpa não é sua, que nada podia fazer. Não nos calaríamos porque lhe chamaríamos mentiroso, porque a culpa é de todos, porque podíamos ter feito muito, muito mais. Porque escolhemos não o fazer.

Se neste país houvesse honra, ninguém conseguiria aceitar esta situação enquanto passeia pelos centros comerciais, ou vai à praia. Todos sentiríamos a dor cá dentro de ver Portugal a destruir-se. Portugal, o nosso país. Um agregado de histórias e lutas de várias gerações, um legado que hoje é levado por nós, por todos nós. Um legado ao qual não fazemos honra.

Se para este país ainda houver esperança, José Sócrates não será primeiro-ministro depois das próximas eleições. Cabe a todos nós lutar por isso. Ao menos isso.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Foi Pedido o Resgate, por Henrique Medina Carreira

"FOI PEDIDO O RESGATE

Bom, dado o que está em causa é tão só o futuro dos nossos filhos e a própria sobrevivência da democracia em Portugal, não me parece exagerado perder algum tempo a desmontar a máquina de propaganda dos bandidos que se apoderaram do nosso país. Já sei que alguns de vós estão fartos de ouvir falar disto e não querem saber, que sou deprimente, etc, mas é importante perceberem que o que nos vai acontecer é, sobretudo, nossa responsabilidade porque não quisemos saber durante demasiado tempo e agora estamos com um pé dentro do abismo e já não há possibilidade de escapar.

Estou convencido que aquilo a que assistimos nos últimos dias é uma verdadeira operação militar e um crime contra a pátria (mais um). Como sabem há muito que ando nos mercados (quantos dos analistas que dizem disparates nas TVs alguma vez estiveram nos ditos mercados?) e acompanho com especial preocupação (o meu Pai diria obsessão) a situação portuguesa há vários anos. Algumas verdades inconvenientes não batem certo com a "narrativa" socialista há muito preparada e agora posta em marcha pela comunicação social como uma verdadeira operação de PsyOps, montada pelo círculo íntimo do bandido e executada pelos jornalistas e comentadores "amigos" e dependentes das prebendas do poder (quase todos infelizmente, dado o estado do "jornalismo" que temos).

Ora acredito que o plano de operações desta gente não deve andar muito longe disto:

Narrativa: Se Portugal aprovasse o PEC IV não haveria nenhum resgate. Verdade: Portugal já está ligado à máquina há mais de 1 ano (O BCE todos os dias salva a banca nacional de ter que fechar as portas dando-lhe liquidez e compra obrigações Portuguesas que mais ninguém quer - senão já teriamos taxas de juro nos 20% ou mais). Ora esta situação não se podia continuar a arrastar, como é óbvio. Portugal tem que fazer o rollover de muitos milhares de milhões em dívida já daqui a umas semanas só para poder pagar salários! Sócrates sabe perfeitamente que isso é impossível e que estávamos no fim da corda. O resto é calculismo político e teatro. Como sempre fez.

Narrativa: Sócrates estava a defender Portugal e com ele não entrava cá o FMI. Verdade: Portugal é que tem de se defender deste criminoso louco que levou o país para a ruína (há muito antecipada como todos sabem). A diabolização do FMI é mais uma táctica dos spin doctors de Sócrates. O FMI fará sempre parte de qualquer resgate, seja o do mecanismo do EFSF (que é o que está em vigor e foi usado pela Irlanda e pela Grécia), seja o do ESM (que está ainda em discussão entre os 27 e não se sabe quando, nem se, nem como irá ser aprovado).

Narrativa: Estava tudo a correr tão bem e Portugal estava fora de perigo mas vieram estes "irresponsáveis" estragar tudo. Verdade: Perguntem aos contabilistas do BCE e da Comissão que cá estiveram a ver as contas quanto é que é o real buraco nas contas do Estado e vão cair para o lado (a seu tempo isto tudo se saberá). Alguém sinceramente fica surpreendido por descobrir que as finanças públicas estão todas marteladas e que os papéis que os socráticos enviam para Bruxelas para mostrar que são bons alunos não têm credibilidade nenhuma? E acham que lá em Bruxelas são todos parvos e não começam a desconfiar de tanto óasis em Portugal? Recordo que uma das razões pela qual a Grécia não contou com muita solidariedade alemã foi por ter martelado as contas sistematicamente, minando toda a confiança. Acham que a Goldman Sachs só fez swaps contabilísticos com Atenas? E todos sabemos que o engº relativo é um tipo rigoroso, estudioso e duma ética e honestidade à prova de bala, certo?

Narrativa: Os mercados castigaram Portugal devido à crise política desencadeada pela oposição. Agora, com muita pena do incansável patriota Sócrates, vem aí o resgate que seria desnecessário. Verdade: É óbvio que os mercados não gostaram de ver o PEC chumbado (e que não tinha que ser votado, muito menos agora, mas isso leva-nos a outro ponto), mas o que eles querem saber é se a oposição vai ou não cumprir as metas acordadas à socapa por Sócrates em Bruxelas (deliberadamente feito como se fosse uma operação secreta porque esse aspecto era peça essencial da sua encenação). E já todos cá dentro e lá fora sabem que o PSD e CDS vão viabilizar as medidas de austeridade e muito mais. É impressionante como a máquina do governo conseguiu passar a mensagem lá para fora que a oposição não aceitava mais austeridade. Essa desinformação deliberada é que prejudica o país lá fora porque cria inquietação artificial sobre as metas da austeridade. Mesmo assim os mercados não tiveram nenhuma reacção intempestiva porque o que os preocupa é apenas as metas. Mais nada. O resto é folclore para consumo interno. E, tal como a queda do governo e o resgate iminente não foram surpresa para mim, também não o foram para os mercados, que já contavam com isto há muito (basta ver um gráfico dos CDS sobre Portugal nos últimos 2 anos, e especialmente nos últimos meses). Porque é que os media não dizem que a bolsa lisboeta subiu mais de 1% no dia a seguir à queda? Simples, porque não convém para a narrativa que querem vender ao nosso povo facilmente manipulável (julgam eles depois de 6 anos a fazê-lo impunemente).

Bom, há sempre mais pontos da narrativa para desmascarar mas não sei se isto é útil para alguém ou se é já óbvio para todos. E como é 5ª feira e estou a ficar irritado só a escrever sobre este assunto termino por aqui. Se quiserem que eu vá escrevendo mais digam, porque isto dá muito trabalho."

Henrique Medina Carreira.

Pelo facebook...


Conversa "verídica" entre sócrates e teixeira dos santos apanhada no facebook! Desenvergonhadamente roubado ao Estado Sentido. É ir ver em tamanho decente aqui.

(qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nobre devia ter sido presidente

A julgar pela unanimidade que conseguiu da esquerda à direita, só Pedro Passos Coelho, Cavaco e as pessoas que votaram nele estariam infelizes nesta altura.

Judite de Sousa

Eu pensava que era mantra da RTP, mas afinal a Judite deve ser mesmo do PS... O que se está a passar na entrevista da TVI é qualquer coisa de aterrador.

Coisinhas muito engraçadas...

...eu que não estou comprometido com o PSD e que deverei voltar a votar CDS adorei algumas reacções de hoje ao anúncio da candidatura do Fernando Nobre a deputado independente pelas listas do PSD e a futuro Presidente da Assembleia Nacional. Todos dizem que é imperativo chamar a sociedade civil, chamar novos rostos fora dos partidos políticos, e na altura em que se chama o homem que, sem pertencer a nenhum partido, conseguiu 14,1% dos votos nas presidenciais de Janeiro, "ai que vai cair o Carmo e a Trindade!"

- Mas ele conseguiu esse resultado precisamente por não pertencer a nenhum partido e devia era ficar quietinho, dizem uns. Então mas não é altura de chamar todos os que queiram ajudar a resolver a situação do país, criando um verdadeiro governo de unidade nacional?

- Ah mas ele não devia ir por nenhum partido, respondem. Está bom, isso era óptimo, mas em Portugal não é possível ir para a Assembleia por nenhum movimento independente, só mesmo através de partidos e a única opção, para quem se queira manter fora deles, é avançar como independente mas nas listas de algum partido.

- Ah mas ele teve os votos de muita esquerda devia era avançar pelo PS (ou pior), respondem por fim. Ah, aqui é que está o verdadeiro motivo que está a fazer comichão a muita gente. Se calhar ele também é dos que acham o sr inginheiro um incompetente que tem que ser corrido o mais depressa possível e que a única alternativa verdadeiramente credível e séria não passa pelo Louçã ou pelo Jerónimo, principalmente agora que o FMI já é uma certeza, temos pena.

- Ah mas ele teve mesmo muitos votos da esquerda, insistem ainda. Está bom, mas eu posso garantir que também teve muitos votos da direita, coisa absolutamente normal para quem se candidatava ao cargo de Chefe de Estado, não estando mesmo ligado a nenhum partido (um pouco como aquela "cena" do Rei ser de todos e para todos).

E pronto, mais engraçado mesmo só a reacção do líder do Bloco a vociferar de raiva contra a traição do homem que tinha sido mandatário pelo Bloco nas Europeias. O facto de no passado ter apoiado o Durão Barroso para 1º Ministro ou o António Capucho para a Câmara de Cascais não era problema nenhum. Aí não havia traição nenhuma do homem que agora dava a cara pelo BE. Mas o facto desse mesmo homem voltar a apoiar um candidato do PSD é uma vil tirania imperdoável. Foi uma pequena sensitivo-psiquiatrice que o Dr. Louçã teve a amabilidade de partilhar connosco em directo.

Agora mais a sério, toda e qualquer abertura à sociedade civil e a independentes é bem-vinda, seja por parte do PSD, do CDS ou do PS (ainda existem aqueles dois que nunca serão parte de uma solução séria), por mais que os boys dos partidos fiquem a espumar de raiva. Fala-se ainda no nome de Laurinda Alves, que nas Europeias quase foi eleita eurodeputada pelo MEP, para também integrar as listas do PSD como independente. A confirmar-se, trata-se de uma boa notícia (para mim ainda melhor que a do Nobre) e espero que até ao fecho das listas ainda tenhamos mais algumas surpresas. Agora andarmos o tempo todo a queixarmo-nos dos partidos andarem afastados da sociedade civil e depois querer que essa mesma sociedade civil fique sentadinha em casa sem fazer nada quando chega a hora de agir não é lá muito coerente. Os que votaram Nobre e agora dizem-se desiludidos queriam o quê? Que depois da candidatura à Presidência ele nunca se metesse verdadeiramente na política activa e que tudo não tivesse passado de uma brincadeira sem consequência nenhuma? Se é para brincar aos votos e depois na hora de agir gritar cobras e lagartos porque a pessoa em quem se votou decidiu contribuir, como puder, para ser parte da solução, então nem se dêem ao trabalho de ir votar. Podem ficar ad aeternum sentados na mesa do café a queixarem-se que os políticos são todos iguais e que Portugal nunca vai mudar. Assim como assim há cada vez mais tugas que só sabem é fazer isso.

p.s. Lembro-me de há uns tempos o Fernando Ulrich ter dito que gostava de ser deputado. Isso, a acontecer um dia, é que ia ser deveras interessante e, numa altura em que há tanto descrédito para com a Assembleia e os seus deputados, não deixa de ser de saudar o desejo demonstrado pelo próprio. E a ideia de assistir a debates entre o Dr. Louçã e um antigo banqueiro sentado no Parlamento não deixa de me pôr um sorriso nos lábios.

domingo, 10 de abril de 2011

sábado, 9 de abril de 2011

Isto só pode ser para chorar...


Quem se der ao trabalho de ir dando uma vista de olhos pelo congresso dos socialistas mal pode acreditar no que vai vendo e ouvindo. Os tipos fazem dos portugueses estúpidos e o mais grave é que em Portugal têm muito boa gente para ir atrás deles (exemplo rápido: na Irlanda o partido do governo passou a 3º partido, passando de 41,6% para 17,4% dos votos nas eleições de Fevereiro; quem acha que vai acontecer o mesmo ao PS?).

Os tugas têm memória curta e, mais grave, adoram coitadinhos e os "Zés Maria" (aquele tipo do Big Brother) deste país. E é nisso que os socialistas estão a apostar. Governaram sozinhos Portugal em 13 dos últimos 16 anos? Quem os ouvir fica com sérias dúvidas disso. O sócrates é Primeiro-Ministro há mais de 6 anos? Também ninguém diria. Portugal está no pior estado de que os portugueses têm memória? É culpa do Passos Coelho que nunca foi governo, mas isso é um pormenor. É culpa do PSD. É culpa da oposição. É culpa do FMI. É culpa dos mercados internacionais. É culpa da Angela Merkel. É culpa de Bruxelas. É culpa dos ultra-mega-neo-liberais. É culpa da crise da Irlanda. É culpa da crise grega. É culpa da banca. É culpa da minha vizinha e do seu canário... Ah, espera, esta ainda não foi chamada para a questão.

A ajuda externa já foi pedida e já todos sabem que vem aí o FMI? Ninguém diria! O PS está a virar à esquerda! É ir ouvir os discursos do congresso! Demagogia pura! Os socialistas estão a apelar ao voto da esquerda e não do centro! Até o António Vitorino está a apelar ao voto da esquerda neste preciso momento e ele é tido como moderado! O Alegre até parece que vai voltar a integrar as listas para a Assembleia (óh Alegre já não devias ter calçado as pantufas?). Já agora ia ser engraçado, se o PS vencesse as eleições e tivesse que aplicar as regras do FMI, ver outra vez o poeta a votar contra tudo. De resto lá voltam a apelar com os papões de sempre e que, em boa verdade, funcionaram em 2009: cuidado com o Serviço Nacional de Saúde, cuidado com o ensino público, olhem o 13º mês, olhem os despedimentos na função pública, cuidado com a agenda de privatizações dos perigosos neo-liberias, salvem o Estado Social!!! A lata destes tipos é imensa! Não só pelo percurso dos últimos anos, como também pelas medidas que teriam eles próprios de aplicar se vencessem as próximas eleições! Se alguém de Bruxelas ou do FMI se der ao trabalho de dar uma olhadela por este congresso de certeza que vai ficar estarrecido com os discursos!

Se dúvidas ainda houvesse quanto a quem não merece o voto nas próximas eleições os últimos dias foram pródigos em mostrar-nos que não devemos mesmo entregá-lo ao sr inginheiro. Já não falo da sua incompetência ao longo dos últimos 6 anos e dos seus célebres casos mais duvidosos. Falo só mesmo da actuação mais recente: o PEC4, a falta de respeito para com o Presidente de Portugal e para com os restantes partidos (que alguém que governa em minoria tem forçosamente de ter), o bluff que fez com o país inteiro e a diabolização em torno da ajuda externa quando o próprio já tinha acordado pedi-la, o ministro das finanças que ainda ontem se recusava a negociar com a oposição, passando a bola para Bruxelas, o discurso demagogo e populista no congresso, completamente desfasado da realidade e que só serve para assustar os portugueses. Já chega de toda esta palhaçada socretina! Esperemos que dia 5 de Junho acabe de vez.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

GDP per capita

Hoje acordei e apetecia-me fazer publicidade enganosa.
Estamos melhores do que a China e o que o Brasil, não? Porque é que eles nos estão a emprestar dinheiro mesmo?


Crise? Qual crise?

Há milhões de carros na rua às nove da manhã e aquilo de que toda a gente fala (e sabe falar) é de futebol.

Mas alguém está preocupado com o facto de devermos 1,2 vezes aquilo que produzimos no ano? Mas alguém está preocupado com juros a 9% (e que provavelmente não reflectem totalmente o risco da dívida dado que é a banca portuguesa que está a assegurar parte da dívida [o que é outra coisa que não me faz sentido, assegurar por assegurar ao menos compravam-na mais barata e faziam o favor por inteiro])?

É Portugal meus caros. A vida segue como dantes.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Resumo português do dia


Financial Times Deutschland adianta, logo pela manhã, que a Comissão Europeia e o BCE descobriram um buraco nas contas portuguesas quando visitaram Lisboa há duas semanas;

Ministro das Finanças, que jura desconhecer tal buraco, anuncia um novo PEC;

Juros da dívida a 5 anos passam pela primeira vez barreira dos 8%.


Fica a pergunta do Paulo Portas: "Como é que já faltam 1400 milhões de euros num orçamento que foi aprovado há três meses?"

Fica uma pequena curiosidade: o TGV continua a avançar em força.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Brave New World?



Os extremistas religiosos irão tentar aproveitar a onda de manifestações que varre o mundo árabe mas a maioria da população que está na rua só quer mesmo emprego, liberdade e democracia. A maneira entusiástica como a equipa de reportagem da CNN (primeiros media ocidentais a chegarem) foi recebida na parte da Líbia que já se encontra fora do controlo de Kadhafi é prova disso. Não houve anti-americanismo, anti-imperialismo ou bandeiras queimadas. Tal como também não tinha havido no Egipto ou na Tunísia. Para infelicidade da extrema-esquerda e até de certa direita. Apesar das (muitas) interrogações em relação ao futuro, o mundo ocidental talvez tenha aqui uma oportunidade de ouro para se aproximar do mundo árabe. É não fazer asneira.

É verdade, para o nosso Primeiro-Ministro e para o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros (que muitos acham estupendo): acho que o tempo de Portugal ter como melhores amigos ditadores como o Kadhafi ou o Chávez acabou. Vocês só nos envergonharam.

Conselho: sobre o que está a acontecer no mundo árabe, e mais concretamente sobre o caso egípcio, ler este artigo notável da antiga Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Isto está um circo sem fim, não dá mesmo para rever a posição sobre a moção de censura?

Lá vou eu bater na mesma tecla. O Zé Sócrates veio este fim-de-semana todo orgulhoso anunciar - no Expresso - uma redução de 58% no deficit da administração central e uma redução de 31% no deficit do Estado no mês de Janeiro, em comparação com Janeiro do ano passado. Boa Zé! Porreiro páh! Mas espera aí, tu não és assim para o incompetente? Aqui há gato... Ora vamos lá dissecar o bicho.

As receitas (leia-se os impostos) aumentaram 15,1% e com os cortes nos salários da função pública é normal que o deficit diminua. Nada de extraordinário. O que é extraordinário é que mesmo com os cortes na função pública a despesa efectiva do Estado aumentou 0,9% e a despesa primária (que não conta com o efeito dos encargos com juros) aumentou 0,4%. Comparando com 2009, ano em que se aumentaram os salários da função pública, a despesa efectiva aumentou 14,6%. Ah ok, afinal está tudo bem, de repente pensei que o Zé Sócrates se tinha mesmo tornado competente.

Bem já vimos que sem o forte aumento dos impostos nenhum daqueles valores bonitos tinha aparecido no Expresso. Mas lembro-me que o PSD deixou passar um Orçamento de Estado com aumento de impostos, se a despesa fosse cortada a sério não foi? Bem já vimos que a despesa em vez de diminuir até continua a aumentar. Mas a coisa não fica por aqui. Ao mesmo tempo que os nossos impostos aumentam o Estado continua a avançar com o TGV, como soubemos todos recentemente. (Espera aí outra das condições para deixar passar o OE não era travar este projecto também?) O troço Caia-Poceirão vai custar (por agora) 2,1 mil milhões de euros ao Estado (sem contar o IVA!). Mais 430 milhões do que o anunciado há um mês pelo ministro das Obras Públicas, mais 740 milhões se tivermos em conta o contrato de concessão assinado em Maio. Por amor de Deus! Isto é absolutamente surreal! Parece um filme de terror que nunca mais acaba!

E ficamos por aqui? Não, nem pensar. O Estado prepara-se para ir salvar a Refer - que tem 500 milhões de euros de dívida de curto prazo - depois de ter falhado, pela primeira vez, uma operação de colocação de dívida de uma empresa pública, por falta de procura. Ontem, a propósito desta operação, o José Gomes Ferreira, na SIC, dizia que isto era incrível e que as pessoas precisavam "de saber isto lá em casa". Eu acrescento deprimente e que, àquela hora, as pessoas lá em casa estavam a ver o benfas.

E o Zé Sócrates? Que faz? Lá monta o seu circo, diz que não percebe "por que é que alguém mostra azedume quando os números são bons" (já vimos que não é bem assim) e, cúmulo dos cúmulos, faz uma festa enorme (mas enorme mesmo) por Portugal ter conquistado o 1º lugar em 3 dos 20 parâmetros de governação electrónica avaliados pela Comissão Europeia. "Foi 100, 100, 100, não há ali nenhum 99, nenhum 98." A sério, vão ver a carinha de felicidade dele, vale a pena. Agora sim, graças a estes 3 primeiros lugares, a dívida e os juros vão diminuir (das situações descritas em cima facilmente se perceber por que é que os mercados não conseguem confiar neste governo, não é só por má-fé).

E pronto é isto. A palhaçada continua, o governo continua, como sempre, incompetente e a atirar-nos areia para os olhos e já se percebeu que o acordo assinado entre PS e PSD para este deixar passar o Orçamento de Estado não está, sequer, a ser cumprido (cortes na despesa inexistentes + TGV). Fica o apelo para PSD e CDS reconsiderarem a sua decisão quanto à moção de censura.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eu que faltei a algumas aulas de boa educação...



...não percebi esta tirada do nosso 1º Inginheiro sobre a riqueza e a boa educação. Não percebo mesmo como é que as declarações de cima do Presidente da Jerónimo Martins são reveladoras da sua má, ou boa, educação. A não ser que fazer declarações verídicas contrárias ao que o governo tenta impingir aos portugueses tenha passado a ser considerado má educação. Ou isso ou ser rico...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Uma pergunta que ainda ninguém fez

Se continuarmos na senda das revoluções pelo mundo árabe, se o resultado for uma vitória do islão radical, se daqui a 8 meses estivermos a ter uma corrida às armas para chacinar Israel...

O que é que a UE faz? Apoia os EUA e entra na guerra do terror ou deixa-se estar quietinha? Se a resposta for a primeira, podemos estar às portas de uma 3ª guerra mundial. É que esse "mundo árabe" com o qual nos preocupamos tão pouco é já aqui ao lado.

QUE PARVA QUE EU SOU! (BRILHANTE)



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Desabafos sobre a moção de censura

Uma coisa é certa: nem à esquerda nem à direita vale a pena resguardarem-se atrás dos fundamentos da moção de censura. Ao eleitorado interessa quem vota para o governo sair e quem vota para o governo ficar.

É isto basicamente. Se a moção vem em boa altura? Não, não vem, o "querido líder" não a merece sequer. O Zé Sócrates merecia ficar em funções até ao golpe de misericórdia: a vinda do Fundo Europeu/FMI pois aí não restaria nenhuma dúvida a nenhum português da incompetência deste governo. Mas sinceramente há ou não motivos para aprovar uma moção de censura a este governo? Interessa mesmo que a moção venha do Bloco ou do PC? Sinceramente, interessa mesmo esse pormenor quando a consequência de a não aprovar é continuar com o Sr. Pinto de Sousa em quem ninguém acredita (se calhar mais lá fora do que cá dentro) e que é a verdadeira razão para os juros continuarem a subir? Ou ainda há quem duvide disso? No final do ano passado tinha que se aprovar o OE - que era mau - por causa dos juros que se encontravam a 6%. OE aprovado e os juros só não chegaram ontem aos 8% graças ao BCE. Mas voltam a vender-nos a ideia que não se pode aprovar a moção de censura neste momento por causa dos mesmo juros que estão mais altos. Como pergunta o João Miranda, do Blasfémias, e quando chegarem aos 9%? Qual vai ser a desculpa na altura?

Meus caros, sem a Europa e só com o Zé Sócrates os juros não vão parar de subir porque pura e simplesmente ninguém acredita na capacidade deste governo. E oiço alguma direita a dizer que não se deve aprovar esta moção agora?!? Mas estão bem do juízo?!? Mas isto é só oposição por oposição? Vão continuar ad aeternum a criticar e não querem aprovar a moção só porque é do Bloco? Então acham que é melhor continuar com o Pinto de Sousa é isso? O mesmo que têm passado os últimos anos a criticar! O triste espectáculo que não serão as desculpas para não se aprovar um moção de censura a um governo que se acha que é péssimo. O país agradece a vossa preocupação pela estabilidade mas já não há estabilidade há muito tempo! E se esta é a estabilidade que querem, não obrigado, pois está a sair (literalmente) cara a Portugal. Há meses que se discute quando o FMI vem, ou não vem, e quando o governo cai, ou não cai. E antes não podia cair por causa da candidatura do Sr. Cavaco Silva (não dava jeito) e não podia cair sem ter o OE aprovado e não pode cair agora na moção de censura e não podia cair com juros a 6% e não pode cair com juros a caminho dos 8% e não poderá cair com juros já nos 9% e só deveria cair depois do Verão e pelo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa eleições só no início do próximo ano! Espera aí o quê? Mais um ano desta fantochada que de bom não está a trazer nada? Obrigadinho mais uma vez. Bem e já que chegamos a 2012 porque não deixar o governo cumprir o seu mandato até ao fim em 2013?... É só mais um aninho e para algumas pessoas parece que ainda não tivemos anos suficientes de governo socrático.

Por isso a moção que se adivinha é muito simples: ou se agarra - finalmente - a oportunidade de correr com os incompetentes que temos neste momento a governar Portugal ou tornamo-nos coniventes deste governo. Agora continuar a aprovar PEC's e OE's a bem de uma estabilidade que de estável não tem nada já começa a não pegar. E se realmente não concordarem com o texto que o Bloco vai apresentar a justificar a sua moção têm um remédio muito simples: aceitem a sugestão do Miguel Noronha, do Cachimbo de Magritte, e apresentem a vossa própria moção! Mas já chega de continuar a adiar Portugal! Há sempre mais uma desculpa para não ser agora!

E para todos os que têm passado os últimos anos a criticar o Sr. Eng. e agora não são favoráveis a esta moção só porque vem do Bloco ou porque o timing não era o esperado: olhem, vão-se encher de m...moscas! Não voltem é a criticar o Pinto de Sousa publicamente! Os únicos que nasceram para continuarem eternamente na oposição foram os bloquistas. Partidos como o PSD e o CDS não podem ficar sem fazer nada, tendo oportunidade para mudar. Têm essa responsabilidade e obrigação perante o país. Já chega!
Ou acham que ainda não? Acham mesmo que já não chegou o fim? Vale mesmo a pena continuar com este espectáculo? Vale mesmo a pena continuar a adiar o inevitável? É que cada dia que passa isto sai-nos um bocadinho mais caro.

Acabo com o pensamento que roubei à Maria João Marques, do Cachimbo: vão votar para o governo sair ou vão votar para o governo ficar?

Sobre a censura ao Sócrates...

...é ler isto. Com direito a gráficos e tudo para quem ainda não percebeu como as coisas estão más.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

E o Sr. Ministro?

Director-geral e adjunto da Administração Interna demitem-se. Agora imaginemos, como fez notar o Pedro Magalhães do Margens de Erro, que tinha acontecido isto:

Cavaco: 50,1%

Cavaco: 49,9%

Cavaco: menos de 50;
Alegre: 19,8%
Nobre: 19,7%

E o que é que o Sr. Ministro faz? Lava as mãos e seca-as no avental.

Olhem umas pessoas não conseguiram votar, que maçada, não se pode querer tudo também... Devem pensar que isto é uma democracia, só pode...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

É possível a abstenção subir um bocadinho mais?



É, basta darem isto aos portugueses daqui a 5 anos, como muitos comentadores políticos já andam por aí a prever. Vai ser o cúmulo da decadência política se PS e PSD realmente optarem por premiar como seus candidatos ao mais alto cargo da Nação justamente aqueles que "bazaram" a meio do mandato (já nem discuto as respectivas actuações). Acho que já é notório que os portugueses começam-se a cansar que gozem com eles e nem disfarcem.

"Em República podemos escolher o Chefe de Estado" V

Cavaco Silva foi eleito por 23% de todos os eleitores portugueses, a percentagem mais baixa de sempre para um Presidente da República. Devem existir mais apoiantes e simpatizantes da causa monárquica em Portugal do que apoiantes do actual Chefe de Estado.

"Em República podemos escolher o Chefe de Estado" IV

Os votos brancos e nulos somados à abstenção perfazem 56,4% de portugueses que, por um motivo ou outro, não votaram em ninguém para Chefe de Estado.

(os votos brancos e nulos, somados, representaram 6,2% do total de votos, a maior percentagem de sempre em eleições exclusivamente nacionais - este valor só foi superado pelo das últimas Europeias)

domingo, 23 de janeiro de 2011

"Em República podemos escolher o Chefe de Estado" III

Em Portugal a abstenção tem vindo a aumentar gradualmente, batendo todos os recordes nas eleições Europeias. Mas se descontarmos essas (Bruxelas está lá longe para a maioria dos portugueses), nas eleições que dizem respeito só a Portugal a abstenção ainda não superou os 50%. Não superou em nenhuma autárquica. Não superou em nenhuma legislativa. Não superou em nenhuma presidencial. Mentira. Já é a segunda presidencial que supera os 50%.

"Em República podemos escolher o Chefe de Estado" II

É a segunda vez, nas últimas três eleições presidenciais, que a abstenção supera os 50%.

"Em República podemos escolher o Chefe de Estado"

Taxa de abstenção: 53,5%.

A maior de sempre em eleições presidenciais.

O Simplex deu nisto


A trapalhada de hoje com as mudanças de números de eleitor (por que é que mudaram?) dos novos cartões do cidadão está em consonância com o que o Sócrates deu ao país nos últimos 6 anos.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Misto de coisas bonitas.

Portugal´s Empire was the first,[8][9][10] and most long-lived Global Empire in the world.

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português,
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.

Fernando Pessoa