Fiz um comentário a este post que entretanto pode ser que seja aprovado e apareça no The portuguese economy, mas no entretanto...
Não compreendo certas coisas. Não compreendo um blog feito por óptimas pessoas, que percebem imenso de economia, sobre a realidade portuguesa, em inglês. Não compreendo porque as pessoas que andam na rua, sejam de que estratos forem, tenham que níveis de educação tiverem, percebem muito pouco de economia. Cada uma percepciona apenas as suas dificuldades pessoais - o que é normal e perfeitamente aceitável - e esquece-se normalmente de tentar ver a big picture. É aí que devem entrar os economistas, não só percebendo eles qual é a dita big picture mas também ajudando os outros a perceber o que se passa.
Esta ajuda não vem só através de números e de cálculos, mas também da salutar discussão que se faz naquele blog. É exactamente por isso que não percebo porque está em inglês. O meu pai tem a quarta classe. O meu pai gere uma pme. O meu pai devia poder ler o que está naquele blog, mas não pode, porque está em inglês. Porque é que ele devia poder ler? Porque perceberia melhor o que se passa à sua volta, porque perceberia melhor o que o governo e outras instituições fazem e, percebendo, exigiria mais das mesmas. Não estou a dizer que exijamos, como população pouco, mas às vezes exigimos as coisas erradas.
E isto pega-se com a discussão do euro. Podemos discutir se era útil podermos, neste momento, desvalorizar a moeda ou não, mas, mais importante do que isso, é perceber que temos problemas estruturais que têm de ser resolvidos. Esses problemas demorariam a ser resolvidos cerca de 10 a 20 anos, se começássemos amanhã. As nossas empresas não são suficientemente competitivas, porque têm custos demasiado elevados, a maioria deles associados à elevada carga fiscal e à baixa produtividade dos seus trabalhadores.
Não vamos ficar produtivos de hoje para amanhã, lamento. Vai demorar tempo e, no entretanto, precisamos de manter as empresas vivas até chegarem esses bonitos dias.
Há maneiras de as manter vivas. Claro que há. Risquemos só os subsídios porque estou um pouco farto deles, mas, mesmo assim, podíamos baixar impostos (ups, não podemos) ou… Desvalorizar a moeda. O euro é-nos super útil, não digo que não, mas que nos faz falta essa pequena arma da política monetária, faz.
Perguntem a quem exporta…
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