quinta-feira, 4 de junho de 2009

Votar

Não creio que possa expressar melhor do que o Martim Avillez Figueiredo no editorial de hoje do I a importância de votar. Seja em quem for.
No entanto, posso continuar uma discussão que estava a ter no outro dia com um dos membros deste blog sobre o merecedor da minha cruz no próximo Domingo. Devo confessar que comecei por olhar estas eleições com alguma preferência pela figura de Paulo Rangel. Rapidamente deixei de o ter.
Saiu no entanto hoje uma sondagem que dá empate técnico entre o PS e o PSD mas concede, pela primeira vez, vantagem ao partido do centro. A poucos dias das eleições, a confirmar-se a tendência de subida do PSD e tendo em conta o percurso desastroso de Vital Moreira, pode dar-se até o caso de o PS ser humilhado eleitoralmente. A verdade é que se gera a situação, pouco provável no início (pelo menos para mim), em que pode ser útil votar PSD.
Não útil para a UE, é certo. Algumas das propostas de Rangel fazem-me querer esconder debaixo da cama com medo do bicho Papão. Sim, temor e medo são mesmo as palavras certas. A verdade é que também não conheço por aí além o programa do PP para poder destacar pontos de rematado interesse e que valham o dito voto, mas mesmo assim creio que à direita é difícil mais demagogia do que a apresentada por algumas propostas de Rangel. Alguns membros deste blog discordarão de mim, concerteza, mas o caminho que Rangel parece ter para a Europa não é aquele que eu gostava de ver seguido e, ao fim e ao cabo, o voto deveria reflectir isso.
Não que haja necessariamente um partido em Portugal que tenha uma visão europeísta com a qual eu concorde. Também não posso dizer que não há, não conheço todos os programas a fundo, mas no próximo domingo perfila-se o cenário em que isso não me interessará por aí além.
A verdade é que, devido a uma muito especial conjuntura, as próximas eleições serão uma espécie de pré-sufrágio a Sócrates. Não tenho visto telejornais, mas oiço que ele se teve de envolver a fundo na campanha e, mesmo que não o tivesse feito, o próprio tom da campanha está focado em Portugal e não na Europa.
Se os resultados avançados por esta sondagem se confirmassem teríamos o caso em que uma vitória do PSD criaria a folga necessária para retirar ao PS o governo nas próximas eleições legislativas. Devido ao actual modelo europeu isso ainda é mais importante do que escolher quem nos representará naquele parlamento em Bruxelas de que poucos portugueses têm notícias. Um centro de decisão que é, apesar de tudo, bastante importante para Portugal e ao qual temos, por norma, muito pouca atenção.
Há muitos votos úteis no próximo Domingo. A decisão, pelo menos para mim, deixou só de ser ideológica ou de príncípio e passou a ser também calculista e racional. Devíamos todos pesar isso antes de votar. Eu, pelo menos, tentarei.

1 comentário:

  1. Também tenho tido a mesma dúvida que tu e não há dúvida que a sondagem de hoje do Diário Económico veio dar alguma esperança à "utilidade" do voto. Contudo já surgiram mais duas sondagens ao longo deste dia e nessas duas o PS vence (numa com uma diferença de 6%). É caso para dizer que há sondagens para todos os gostos. Com o PS a vencer ou com o PSD a vencer. Com o CDS a conseguir eleger um deputado ou com o mesmo CDS a não conseguir eleger nenhum. E com a forte abstenção que se prevê, pode-se considerar que está muita coisa em aberto ainda. Só no domingo saberemos.

    Hoje soube de um pormenor muito interessante (mas que ainda tenho de confirmar), que poderá fazer tender a "minha balança" mais para um dos partidos. Parece que com o Tratado de Lisboa quaisquer futuros tratados europeus ficam proíbidos de serem referendados em qualquer país. Logo agora que ando mais a favor de algumas ideias federalistas, soube desta. Com a vergonha que está a ser a aplicação deste tratado, a UE corta o mal pela raiz e proíbe quaisquer futuros referendos. Depois ficam muito admirados com a abstenção e com o desinteresse dos europeus pela Europa. Afinal o que é que isso lhes interessa mesmo?

    ResponderEliminar