quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ainda a propósito do PSD

"O que me preocupa no PSD não é o confronto político em si: é constatar que há um grupo de pessoas que age como se as regras do leal confronto democrático não lhes fossem aplicáveis. Excluem quem não lhes é afecto, mas estão muito preocupados com a unidade do partido. Não olham a meios – nem a media – para desqualificar os adversários, mas são os maiores defensores da disciplina partidária. Recrutam comentadores para insultar quem se lhes opõe, mas ofuscam-se com qualquer crítica que se lhes faça.

Ultimamente esse grupo tem estado no poder, mas não esqueçamos o que ele fez quando o poder lhe foi arredio. Derrubou Santana Lopes. Menorizou Marques Mendes. Entrou em guerra com Luís Filipe Menezes. Sem que a vontade expressa pelos militantes do Partido lhes merecesse o mínimo respeito. Na realidade, comportam-se como se o partido fossem eles, e usam o seu estatuto social e comunicacional para submeter o PSD a uma inaceitável chantagem: ou o Partido alinha com a sua estratégia, ou eles afundam o Partido.

Há quem receie a ruptura entre esse grupo, muito impropriamente apelidado de “elites”, e a massa do partido. Pessoalmente não desejo rupturas, mas também não as temo: da última vez que o PSD perdeu a paciência com as suas auto-proclamadas “elites”, em 1978, mais de metade do grupo parlamentar saiu em oposição a Francisco Sá Carneiro. No ano seguinte a AD foi vitoriosa. Uma lição a reter para quem acha que pode continuar a fazer o mal e a caramunha."

Da autoria de Vasco Campilho. Artigo completo aqui.

3 comentários:

  1. Não me tenho envolvido nesta agradável discussão sobre o PSD por andar mais preocupado com a política real, que realmente importa... mentira, é mais por ainda não ter percebido tudo o que se está a passar.
    For the moment, digo que Passos Coelho é um gigantesco erro de casting dada a sua impreparação cultural e sócio-profissional para liderar o partido e o país (veja-se o único emprego que ele foi arranjar e o quanto depende da política), mas que o artigo é profundamente verdadeiro.
    Porque há mais partido além de Marcelo e de Passos Coelho. O menorizado Menezes, apesar de alguns tiros no pé de que só ele se poderá queixar, merece tanto respeito intelectual como qualquer um dos "líderes de elite", basta olharem ao percurso dele prévio à política. Só um exemplo, entre muitos outros.

    Paulo Rangel seria (ou... será?), quanto a mim, o único candidato adequado. Tudo o resto é remendar. Rui Rio para mim nem entra na equação porque ele mesmo já se lhe excluiu. Marcelo é bom para unir? Os portugueses não querem um primeiro-ministro da sua geração - mesmo que o pudesse ter sido há vinte anos atrás -, nem estilo comentador.
    Agora o que vai acontecer. Não se percebe mesmo nada do que vai na cabeça de toda aquela gente, excepto na do candidato Pedro Passos Coelho, o first mover que espera que ninguém melhor que ele se candidate. Afinal sempre lhe pode sair a sorte grande como ao Sócrates e chegar a PM. Com a diferença que, a meu ver, Sócrates ainda é bem mais preparado que Passos Coelho e de que Passos Coelho é uma espécie de solitário ideológico em Portugal.
    Espero, enfim, que o partido não se suicide, com soluções deste tipo ou ainda piores, porque, talvez os outros bloggers tenham razão, as poderá haver.

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  2. Ah, e, eu não queria dizer isto, mas infelizmente é verade:

    O Dr. Pedro Passos Coelho que não tem grandes condições para dar lições a alguém em termos de respeito pela vontade eleitoral dos militantes. Afinal, o gesto da criação daquele fórum paralelo da reflexão, da maneira e no momento em que foi feito (logo após eleições internas), foi um gesto bastante ordinário. Atenção, em todas as eleições tem havido gestos ao mesmo nível e quase ninguém se pode eximir. Mas enfim, se há coisa que o PSD tem pouco são vítimas!!

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  3. Só para terminar, nada contra as pessoas que participaram nesse fórum (ainda que seja dúbia a decisão política de participar)nem contra as excelentes ideias que possam de lá ter saído.
    Trata-se mesmo de uma questão procedimental - as organizações são feitas de pessoas e das suas condutas, não de conceitos abstractos.

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