quarta-feira, 5 de agosto de 2009

"Renovação de velharias"


Nas últimas eleições para a presidência do PSD, Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes obtiveram, sensivelmente, um terço dos votos cada. Defendendo uma verdadeira mudança para Portugal e, como tal, para este partido, não escondi que torcia por Pedro Passos Coelho. Gostava que o Futuro do país não estivesse numa cara com quase 70 anos e que a escolha de Setembro não fosse entre quem lá está e quem já lá esteve - é certo que Manuela Ferreira Leite nunca foi nº 1. (De notar que, exceptuando os meses de governo Santana, nos últimos 18 anos Manuela Ferreira Leite e José Sócrates estiveram presentes nos diferentes governos nacionais, facto que não se irá alterar com esta eleição.)

Ao fim de mais de um ano, Manuela Ferreira Leite não é ainda o rosto da mudança. O PSD não descola nas sondagens e apesar de terem ficado contentíssimos com a vitória nas Europeias, esqueceram-se, ou quiseram esquecer, que esta se deveu ao péssimo resultado do PS e não ao estrondoso resultado do PSD. O PSD até pode vir a ganhar em Setembro mas, até agora, nada prevê que mesmo que o consiga, seja por uma grande margem. Tal facto ganha maior relevância tendo em conta o desgaste de quatro anos e meio deste governo e as peripécias de Sócrates e companhia limitada.

Por amor de Deus! Alguém diga aos "barões" do PSD que o governo do país tem de ser merecido e conquistado, não podem ficar simplesmente à espera que o PS caia com o desgaste! É que assim arriscam-se a que não caia tão cedo e Portugal merecia uma verdadeira alternativa! Já o disse no passado e volto a dizer, o PSD, como maior partido da oposição, tinha obrigação de dar esperança aos portugueses num futuro melhor e diferente. Assim, cresce o afastamento, o desinteresse, a abstenção e o voto na extrema-esquerda.

Ontem, por fim, confirmou-se que Pedro Passos Coelho não estava incluído nas listas para a Assembleia Nacional. Dois terços dos votos dos militantes do PSD estão em risco de serem silenciados. A eleição para a Câmara de Lisboa é dificílima e as hipóteses não abonam muito a favor de Santana Lopes. Se perder, Santana fica “arrumado” a um canto, sem qualquer cargo político relevante. Quanto a Passos Coelho e aos seus apoiantes mais próximos (Miguel Relvas é o maior exemplo), também é notório que os querem “arrumar” a um canto, longe da vida política nacional.

É verdade que não sou o maior entusiasta de Santana mas a maneira com que a Manuela Ferreira Leite “calou” cerca de dois terços dos votos dos militantes do PSD, faz-me lembrar o Paulo Portas e a atitude exactamente oposta que este teve, ao convidar o Ribeiro e Castro (que não representa tantos militantes quanto Passo Coelho) para a lista de deputados do CDS. É que muitos dos laranjinhas tentam justificar o afastamento de Passos Coelho com a necessidade de Manuela Ferreira Leite ter um grupo parlamentar coeso. OK. Compreendo. Mas o engraçado é que Paulo Portas, que tem um grupo parlamentar muito mais pequeno, não se preocupou em convidar aquele que é o seu maior opositor interno.

Por fim a Manuela conseguiu uma lista à sua imagem. Uma (falsa) unanimidade digna do nosso "querido" Pinto de Sousa. Da prometida renovação, vieram muitos nomes do passado (Pacheco Pereira?!?). Dos valores do Instituo Sá Carneiro, também tudo metido a um canto. E é melhor nem entrar nos nomes mais polémicos. "Uma renovação de velharias" disse alguém. "Um cavaquismo sem Cavaco". Ontem os discursos críticos de Passos Coelho e Morais Sarmento no Conselho Nacional do PSD foram bastante aplaudidos. Se Manuela Ferreira Leite ganhar as legislativas, estará de parabéns com esta sua táctica, mas se perder, vai ter um partido inteiro contra si (tirando a bancada parlamentar).

Quanto a mim fico à espera da tal renovação anunciada. Fico à espera de uma verdadeira mudança. Mas, por agora, terá que ficar em stand-by.

Sem comentários:

Enviar um comentário