segunda-feira, 11 de abril de 2011

Coisinhas muito engraçadas...

...eu que não estou comprometido com o PSD e que deverei voltar a votar CDS adorei algumas reacções de hoje ao anúncio da candidatura do Fernando Nobre a deputado independente pelas listas do PSD e a futuro Presidente da Assembleia Nacional. Todos dizem que é imperativo chamar a sociedade civil, chamar novos rostos fora dos partidos políticos, e na altura em que se chama o homem que, sem pertencer a nenhum partido, conseguiu 14,1% dos votos nas presidenciais de Janeiro, "ai que vai cair o Carmo e a Trindade!"

- Mas ele conseguiu esse resultado precisamente por não pertencer a nenhum partido e devia era ficar quietinho, dizem uns. Então mas não é altura de chamar todos os que queiram ajudar a resolver a situação do país, criando um verdadeiro governo de unidade nacional?

- Ah mas ele não devia ir por nenhum partido, respondem. Está bom, isso era óptimo, mas em Portugal não é possível ir para a Assembleia por nenhum movimento independente, só mesmo através de partidos e a única opção, para quem se queira manter fora deles, é avançar como independente mas nas listas de algum partido.

- Ah mas ele teve os votos de muita esquerda devia era avançar pelo PS (ou pior), respondem por fim. Ah, aqui é que está o verdadeiro motivo que está a fazer comichão a muita gente. Se calhar ele também é dos que acham o sr inginheiro um incompetente que tem que ser corrido o mais depressa possível e que a única alternativa verdadeiramente credível e séria não passa pelo Louçã ou pelo Jerónimo, principalmente agora que o FMI já é uma certeza, temos pena.

- Ah mas ele teve mesmo muitos votos da esquerda, insistem ainda. Está bom, mas eu posso garantir que também teve muitos votos da direita, coisa absolutamente normal para quem se candidatava ao cargo de Chefe de Estado, não estando mesmo ligado a nenhum partido (um pouco como aquela "cena" do Rei ser de todos e para todos).

E pronto, mais engraçado mesmo só a reacção do líder do Bloco a vociferar de raiva contra a traição do homem que tinha sido mandatário pelo Bloco nas Europeias. O facto de no passado ter apoiado o Durão Barroso para 1º Ministro ou o António Capucho para a Câmara de Cascais não era problema nenhum. Aí não havia traição nenhuma do homem que agora dava a cara pelo BE. Mas o facto desse mesmo homem voltar a apoiar um candidato do PSD é uma vil tirania imperdoável. Foi uma pequena sensitivo-psiquiatrice que o Dr. Louçã teve a amabilidade de partilhar connosco em directo.

Agora mais a sério, toda e qualquer abertura à sociedade civil e a independentes é bem-vinda, seja por parte do PSD, do CDS ou do PS (ainda existem aqueles dois que nunca serão parte de uma solução séria), por mais que os boys dos partidos fiquem a espumar de raiva. Fala-se ainda no nome de Laurinda Alves, que nas Europeias quase foi eleita eurodeputada pelo MEP, para também integrar as listas do PSD como independente. A confirmar-se, trata-se de uma boa notícia (para mim ainda melhor que a do Nobre) e espero que até ao fecho das listas ainda tenhamos mais algumas surpresas. Agora andarmos o tempo todo a queixarmo-nos dos partidos andarem afastados da sociedade civil e depois querer que essa mesma sociedade civil fique sentadinha em casa sem fazer nada quando chega a hora de agir não é lá muito coerente. Os que votaram Nobre e agora dizem-se desiludidos queriam o quê? Que depois da candidatura à Presidência ele nunca se metesse verdadeiramente na política activa e que tudo não tivesse passado de uma brincadeira sem consequência nenhuma? Se é para brincar aos votos e depois na hora de agir gritar cobras e lagartos porque a pessoa em quem se votou decidiu contribuir, como puder, para ser parte da solução, então nem se dêem ao trabalho de ir votar. Podem ficar ad aeternum sentados na mesa do café a queixarem-se que os políticos são todos iguais e que Portugal nunca vai mudar. Assim como assim há cada vez mais tugas que só sabem é fazer isso.

p.s. Lembro-me de há uns tempos o Fernando Ulrich ter dito que gostava de ser deputado. Isso, a acontecer um dia, é que ia ser deveras interessante e, numa altura em que há tanto descrédito para com a Assembleia e os seus deputados, não deixa de ser de saudar o desejo demonstrado pelo próprio. E a ideia de assistir a debates entre o Dr. Louçã e um antigo banqueiro sentado no Parlamento não deixa de me pôr um sorriso nos lábios.

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