De vez em quando dá-me para a estupidez de me pôr a pensar.
De vez em quando dá-me para a estupidez ainda maior de me pôr a pensar sobre politica e sobre o estado desse país em que nasci e onde, apesar de não habitar neste momento, está a maioria das pessoas de quem gosto. Pessoas a quem quero bem. Nesses momentos preocupo-me.
Preocupo-me com o estado a que as coisas chegaram nestes trinta e cinco anos. Preocupo-me com o estado económico do país, mas preocupo-me sobretudo com o estado das instituições. Há no vento que me dá hoje notícias (como dava há trinta e cinco anos a Manuel Alegre) a ideia de que em Portugal tudo é corrupção. Em que o que conta é o dinheiro e os conhecimentos. Temos tempo para falar disso, por hoje chega-me a existência desse descrédito. Chega-me a preocupação.
A verdade é que o Portugal que sinto pulsar, dos 18 aos 90 anos, não acredita em si nem na classe dirigente. A verdade é que toda a gente quer mudar, mas ninguém sabe bem para o quê. Neste clima de descrédito cresce a esquerda, opção politica na qual, por motivos que mais tarde conhecerão, tenho pouca crença. Poderia igualmente crescer a direita, se os seus lideres fossem tão carismáticos e oportunistas como são os da esquerda (como já foram e poderão vir a ser). Aliás, poderia até dizer que a direita cresceria se passasse a defender ideais de direita, mas isso já é fugir ao assunto. Creio que neste momento qualquer movimento e ideia pode passar, desde que o seu líder seja suficientemente carismático. Toda a gente gosta de ouvir promessas de que tudo correrá bem e de que o estado tratará de tudo, ainda que sejam apenas mentiras. Basta prometer isso.
Não me preocupa o crescimento da esquerda, mas preocupa-me o descrédito das instituições. Já aconteceu antes em vários países do mundo, inclusivamente em Portugal - deu origem ao estado novo. Portugal não é um país dado a queimar carros, como em França, porque a vizinha vê e diz à mãe que puxa as orelhas ao filho. Portugal é um país dado a mudanças drásticas, a esforços nacionais. Quando é preciso, quando é realmente preciso, faz-se qualquer coisa. O chamado desenrasca.
A ideia com que tenho ficado nos últimos tempos é que muita gente começa a achar que é chegada a altura de desenrascar qualquer coisa. Muita gente acha que é impossível ficar pior. Que é impossível haver mais corrupção, mais suspeição, mais mentiras, mais erros.
Estou assustado. Estou assustado porque o desenrasca, neste caso, não me parece que vá dar grande coisa.
É que o próximo pode puxar mais a outros antigos ditadores europeus e menos a Salazar.
Há portugueses que nada fizeram para merecer isso.
De vez em quando dá-me para a estupidez ainda maior de me pôr a pensar sobre politica e sobre o estado desse país em que nasci e onde, apesar de não habitar neste momento, está a maioria das pessoas de quem gosto. Pessoas a quem quero bem. Nesses momentos preocupo-me.
Preocupo-me com o estado a que as coisas chegaram nestes trinta e cinco anos. Preocupo-me com o estado económico do país, mas preocupo-me sobretudo com o estado das instituições. Há no vento que me dá hoje notícias (como dava há trinta e cinco anos a Manuel Alegre) a ideia de que em Portugal tudo é corrupção. Em que o que conta é o dinheiro e os conhecimentos. Temos tempo para falar disso, por hoje chega-me a existência desse descrédito. Chega-me a preocupação.
A verdade é que o Portugal que sinto pulsar, dos 18 aos 90 anos, não acredita em si nem na classe dirigente. A verdade é que toda a gente quer mudar, mas ninguém sabe bem para o quê. Neste clima de descrédito cresce a esquerda, opção politica na qual, por motivos que mais tarde conhecerão, tenho pouca crença. Poderia igualmente crescer a direita, se os seus lideres fossem tão carismáticos e oportunistas como são os da esquerda (como já foram e poderão vir a ser). Aliás, poderia até dizer que a direita cresceria se passasse a defender ideais de direita, mas isso já é fugir ao assunto. Creio que neste momento qualquer movimento e ideia pode passar, desde que o seu líder seja suficientemente carismático. Toda a gente gosta de ouvir promessas de que tudo correrá bem e de que o estado tratará de tudo, ainda que sejam apenas mentiras. Basta prometer isso.
Não me preocupa o crescimento da esquerda, mas preocupa-me o descrédito das instituições. Já aconteceu antes em vários países do mundo, inclusivamente em Portugal - deu origem ao estado novo. Portugal não é um país dado a queimar carros, como em França, porque a vizinha vê e diz à mãe que puxa as orelhas ao filho. Portugal é um país dado a mudanças drásticas, a esforços nacionais. Quando é preciso, quando é realmente preciso, faz-se qualquer coisa. O chamado desenrasca.
A ideia com que tenho ficado nos últimos tempos é que muita gente começa a achar que é chegada a altura de desenrascar qualquer coisa. Muita gente acha que é impossível ficar pior. Que é impossível haver mais corrupção, mais suspeição, mais mentiras, mais erros.
Estou assustado. Estou assustado porque o desenrasca, neste caso, não me parece que vá dar grande coisa.
É que o próximo pode puxar mais a outros antigos ditadores europeus e menos a Salazar.
Há portugueses que nada fizeram para merecer isso.
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