sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Déjà vu?


Manuel Alegre assumiu o óbvio: está disponível para se candidatar, mais uma vez, à Presidência da República. Mais uma vez avança e mais uma vez o PS não parece estar muito feliz com este seu avanço. Esta situação poderia em tudo ser igual à de 2005 e então sim, seria um completo déjà vu. Contudo, o Manuel Alegre sabe que, desta vez, o PS não terá outra escolha senão aceitar fazer de si o seu candidato. E o ex-deputado poeta bem pode agradecer muito ao seu melhor amigo, que longe de ser o nosso "crido" "engenheiro", é o nosso trotskista favorito, Francisco Louçã. Esta inédita "esquerda unida" só é possível graças ao prolongado namoro destes dois. Não houvesse apoio do BE e o PS teria uma desculpa para apresentar qualquer um outro candidato. Não seria um candidato de toda a esquerda, mas também não havia apoio de mais nenhuma esquerda e isso serviria como desculpa para o PS. Esse candidato não derrotaria Cavaco de certeza, os resultados iam ser em tudo idênticos aos de 2006, mas tudo seria melhor a ter lá Alegre. Sim, mesmo as zangas de comadres de Cavaco/Sócrates seriam melhor do que as hipotéticas de Alegre/Sócrates. Mas agora há um apoio de outra esquerda. E tinha logo de ser do BE, que tem mais eleitorado, força e aceitação nos jovens do que o PC. O PS mais moderado não terá outra possibilidade do que aceitar o candidato do Bloco e da ala mais à esquerda do PS. E o PCP, mais uma vez por arrastamento (como na aprovação dos casamentos homossexuais), não terá outro remédio do que também se juntar à fotografia da esquerda, para não ser acusado, no futuro, de ser o responsável pela vitória do Cavaco à primeira volta. Correndo o risco de me enganar, este ano haverá uma campanha esquerda vs. direita com apenas um candidato por cada lado (aqueles que nem chegam ao 1% não contam). É esperar para ver.

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