Portugal é um país ás avessas. Somos assim. Um senhor que a maioria dos escribas deste blog valoriza bastante dizia no outro dia que, quando esteve no governo no pós 25 de Abril, aceitou esse lugar para tentar garantir a manutenção da democracia em Portugal. Sim, Portugal estava mal. Sim, o país precisava que lhe fizessem várias alterações. Mas mais importante do que tudo isso era impedir que caíssemos numa nova ditadura, desta vez de esquerda, e, por isso, esse senhor aceitou o lugar e fez o que achou por bem fazer.
Isto vem a propósito de um facto. 36 anos depois do 25 de Abril, os partidos e os políticos portugueses ainda não sabem viver em democracia. Há algum tempo Manuela Ferreira Leite quase suplicou a suspenção da dita cuja durante 6 meses para pôr o país em ordem. Hoje em dia Sócrates, mais sábio, reclama da falta de disponibilidade da oposição para aprovar as medidas que ele quer ver aprovadas. Neste aspecto ambos são iguais, pequenos ditadores com a sua própria visão para o país que sabem não poder ser alcançada com o acordo da outra parte.
Alguns de vocês poderão discutir a arquitectura do sistema, e se esta nossa veiazinha ditatorial advém ou não daí, mas o que é certo é que ela existe. Também é triste. Portugal está num estado deplorável. Quem passe a Vasco da Gama em direcção a Lisboa verá do seu lado esquerdo, logo a seguir ao parque das nações, um bairro pobre comparável ao de um qualquer país terceiro mundista. Isto, por si só - esquecendo tudo o resto que está mal, esquecendo os riscos, esquecendo o futuro que se percepciona - deveria ser suficiente para levar a todos os acordos possíveis.
O país carece de discussão. Precisa que os "iluminados" tenham coragem para fazerem mais do que criticar. Precisa que se assumam medidas e caminhos alternativos. Precisa de discussão. Precisa que se discorde, é certo, mas apenas para chegar a uma solução abrangente, aceite pela maioria. Veja-se o caso da avaliação de professores. Toda a gente a acha necessária, só se discorda nos moldes. Discutam-se então os modelos e avance-se. Mas avance-se.
Este país corre o risco de parar, porque alguns, no poder, não conseguem mobilizar todos. Os líderes dos dois maiores partidos portugueses já confessaram, explicitamente ou não, que só conseguem governar quando a sua vontade é lei. Talvez por isso nos deixem caminhar inadvertidamente para uma situação em que, anteriormente, o povo exigiu uma ditadura. Talvez esperem assumir esse lugar quando a ocasião surgir.
Estão enganados. Não serão eles. E estes trinta e tal anos pelos quais alguns tanto lutaram correm sérios riscos.
É pena. Mereciamos melhor.
Isto vem a propósito de um facto. 36 anos depois do 25 de Abril, os partidos e os políticos portugueses ainda não sabem viver em democracia. Há algum tempo Manuela Ferreira Leite quase suplicou a suspenção da dita cuja durante 6 meses para pôr o país em ordem. Hoje em dia Sócrates, mais sábio, reclama da falta de disponibilidade da oposição para aprovar as medidas que ele quer ver aprovadas. Neste aspecto ambos são iguais, pequenos ditadores com a sua própria visão para o país que sabem não poder ser alcançada com o acordo da outra parte.
Alguns de vocês poderão discutir a arquitectura do sistema, e se esta nossa veiazinha ditatorial advém ou não daí, mas o que é certo é que ela existe. Também é triste. Portugal está num estado deplorável. Quem passe a Vasco da Gama em direcção a Lisboa verá do seu lado esquerdo, logo a seguir ao parque das nações, um bairro pobre comparável ao de um qualquer país terceiro mundista. Isto, por si só - esquecendo tudo o resto que está mal, esquecendo os riscos, esquecendo o futuro que se percepciona - deveria ser suficiente para levar a todos os acordos possíveis.
O país carece de discussão. Precisa que os "iluminados" tenham coragem para fazerem mais do que criticar. Precisa que se assumam medidas e caminhos alternativos. Precisa de discussão. Precisa que se discorde, é certo, mas apenas para chegar a uma solução abrangente, aceite pela maioria. Veja-se o caso da avaliação de professores. Toda a gente a acha necessária, só se discorda nos moldes. Discutam-se então os modelos e avance-se. Mas avance-se.
Este país corre o risco de parar, porque alguns, no poder, não conseguem mobilizar todos. Os líderes dos dois maiores partidos portugueses já confessaram, explicitamente ou não, que só conseguem governar quando a sua vontade é lei. Talvez por isso nos deixem caminhar inadvertidamente para uma situação em que, anteriormente, o povo exigiu uma ditadura. Talvez esperem assumir esse lugar quando a ocasião surgir.
Estão enganados. Não serão eles. E estes trinta e tal anos pelos quais alguns tanto lutaram correm sérios riscos.
É pena. Mereciamos melhor.
Pequena provocaçãozinha: sim, Portugal não sabe viver em democracia e temos que respeitar os resultados eleitorais e blá blá blá... Mas claro que os portugueses não sabem viver em democracia! Acabaram de reeleger o Sócrates há poucos meses!!! Como aceitar isso? Tirá-lo de lá a ele, ao Teixeira dos Santos e até ao Victor Constâncio começa a ser desígnio nacional! =p
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