segunda-feira, 29 de junho de 2009

Coisas que os Portugueses deviam ver e ouvir


Estou a pensar muito seriamente ir a isto. Alguém se me junta?
40 euros para sócios, 60 para não sócios.

sábado, 27 de junho de 2009

As Bicicletas-Restrição

Para quem não sabe, os Ladrões de Bicicletas ocupam um nicho muito peculiar na blogosfera portuguesa. Os seus autores são economistas e/ou professores universitários das áreas da Economia e Sociologia, e lida, essencialmente, com temas económicos - mas com uma restrição que funciona como factor de diferenciação: os seus autores são, ideologicamente, muito mais à esquerda do que é comum em indíviduos com o seu tipo de formação: um velho adágio que corre pelas faculdades de economia enuncia que meia dúzia de aulas de microeconomia são o ideal para se curar um comunista.

Recentemente, os Ladrões fizeram uma breve referência ao manifesto dos 28 senhores que se insurgiram contra o novo leviatão das finanças públicas, o TGV, referência essa intitulada Os economistas-restrição [ou os economistas-problema]. Os autores consideram que não é feita uma lista ampla de problemas sérios da nossa economia (não é esse o propósito do manifesto), não se apontem oportunidades e não se ambicione mais do que travar. A questão que eu coloco é a seguinte: se o projecto é mau, porque é que não há de ser travado? Aparenta ter tido início, neste século XXI, um movimento antagónico ao tradicional português bota-abaixismo - o bota-abaixo do bota-abaixismo, levado ao extremo no caso particular destes indíviduos. Os 28 senhores que traçaram o manifesto não fizeram mais do que lhes incubia - estão em pleno direito (e dever) de exercício das funções de monitorização e fiscalização da actividade democrática do poder executivo e governativo, que é incubido à sociedade civil (à qual os 28 senhores pertencem) em qualquer Estado de Direito Democrático moderno. Uma asneira ia ser feita, e esses senhores travaram-na. E agora são atacados, pela so-called "esquerda democrática" por causa disso.

Gostaria então, em face dos duros comentário d'Os Ladrões, de enunciar uma pequena série de pontos:
  1. Queixam-se da falta de alternativas e de oportunidades presente no manifesto. A contenção da dívida pública nacional, que cada vez mais se aproxima de um percurso explosivo, não é já de si uma alternativa nobre e muito mais respeitadora das gerações futuras, do que uma Torre de Babel para cujo impacto não existem estudos sérios?
  2. Já alguma vez alguém viu o BE ou a CDU lançar alternativas credíveis e exequíveis que se alinhassem, na sua totalidade, com as matrizes ideológicas defendidas? Eu posso andar distraído, mas tal não me tem passado à frente dos olhos. Pela mesma ordem de ideias destes senhores, estes dois partidos (e já agora, toda a oposição) deveria ser excluída da Assembleia da República - afinal de contas, não passam de um bando de chatos que andam por ali a "travar" o progresso!
  3. Repito: é direito, mas acima de tudo um dever, da sociedade civil a monitorização e fiscalização da actividade do poder executivo. É uma das características mais essenciais do nosso sistema democrático. E enquanto a sociedade civil mais protestar, mais intervir e mais decidir, mais democrático se tornará Portugal.
Quer se concorde, ou não, com o propósito do manifesto - que nem é a travagem, mas sim, como o seu nome indica, a reavaliação (ou melhor diria, a avaliação, pois esta ainda nem foi feita de forma minimamente séria) - o facto é que, dadas estas três razões, pouco mais posso fazer do que discordar na íntegra com a posição assumida pelo Prof. Doutor José Reis, Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, membro da equipa d'Os Ladrões, e autor do post ao qual esta critique se dirige.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Em Defesa do TGV

O TGV é um projecto “estratégico” e “estruturante” que aproxima Portugal da Europa. Portugal tem que seguir a liderança de Obama que investe em Alta velocidade para recuperar a economia dos EUA. O TGV é a chave duma nova centralidade global. É indiscutível que Portugal não pode ficar de fora da rede europeia de alta velocidade. Infelizmente, estamos num país onde a inovacao e o progresso são fonte de inveja e mal dizer. Devemos fazer o TGV porque Lisboa corre risco de ser maior capital europeia sem TGV. Um dos signatários do manifesto dos 28 nem sequer é licenciado. Se não fizermos o TGV perdemos os fundos comunitários. O TGV vai valorizar os nossos portos. Levará as nossas exportações à Europa. Só quem não é Europeu é que não quer o TGV… é sádico, gosta de ser sempre um coitadinho de um pobrezinho à beira mar. Quem não gosta do TGV não gosta de Portugal Moderno. Portugal não pode ficar atrás no TGV como quase sempre fica atrás de tudo. Este é o momento de fazer, não é o momento de adiar. O PS é o partido da acção, o PSD é o partido do travão.

Originalmente postado por João Miranda no Blasfémias.

domingo, 21 de junho de 2009

Campanha negra querem ver?


“Os desequilíbrios estruturais que atingem a economia portuguesa, que têm vindo a piorar na última década e que se agravaram com a actual crise económica mundial, não são compatíveis com a insistência em investimentos públicos de baixa ou nula rentabilidade e com fraca criação de emprego em Portugal.”

A frase podia ser de Manuela Ferreira Leite e lá estaria ela outra vez a embirrar com o Sócrates e com o Mário Lino. Mas não é. Faz parte de um manifesto, apresentado ontem por cerca de 30 economistas portugueses, defendendo que projectos como o TGV, as novas auto-estradas e até o calendário para a construção do novo aeroporto de Lisboa devem ser repensados urgentemente.
Entre os signatários encontram-se vários antigos ministros do PS e do PSD como Luís Campos e Cunha, Augusto Mateus, Daniel Bessa, Medina Carreira, Eduardo Catroga, Miguel Beleza, Miguel Cadilhe, Mira Amaral, Silva Lopes, Arlindo Cunha, João Salgueiro e Manuel Jacinto Nunes.

sábado, 20 de junho de 2009

Sócrates "travestido"

Quem tenha andando mais distraído durante esta semana, não reparou que, nos últimos dias, o nosso “querido líder” “travestiu-se” (para usar um conceito tão caro ao próprio) num novo animal político. Anda mais simpático, com mais sorrisinhos, mais atencioso e com uma voz melosa e doce (tanto mel já me começa a enjoar…começo a ter saudades do tom agressivo). Nasceu um “novo” Sócrates! A dúvida do Formiga está desfeita. Sócrates deu uma de cordeirinho manso!

O “novo” Sócrates soa a falso e a hipócrita. O “novo” Sócrates até já admite erros! Para o “novo” Sócrates, o grande erro da sua governação foi não ter dado mais apoio à cultura… O QUÊ?!? Ok, isso até pode ser verdade, mas de certeza que não foi esse o motivo que fez o PS ter o desastroso resultado das Europeias. Afinal o “novo” Sócrates, tal como o “velho”, continua a gozar com os portugueses. Afinal o “novo” Sócrates continua a tratar os portugueses como uns atrasados e acredita que, com esta mudança, os portugueses vão esquecer mais de 4 anos de governação socrática.

Mas, felizmente, o “novo” Sócrates também tem prazo de validade: as legislativas de Setembro. Até lá, iremos assistir a mais momentos como o da sua primeira entrevista, pós-Europeias. "Parte-se-me o coração" as eleições não serem já amanhã para se acabar com este circo todo. Em baixo, dois pequenos vídeos do Sócrates "travestido". Deliciem-se com o mel!


Não consegui colocar o 2º vídeo, fica o link: http://videos.sapo.pt/ruPpAfGPADQJ1cHFPWyY

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Yes, he can!

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Eu sei que é politicamente correcto “adorá-lo” na América e deve-o ser ainda mais na Europa, mas enquanto estava a dar uma vista de olhos pelo Insurgente, encontrei este vídeo e não pude deixar de o partilhar. Um olhar diferente sobre Obama e sobre a evolução da dívida pública americana.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Teimoso até ao fim!


“O projecto ferroviário de alta velocidade em Portugal é para o Governo uma prioridade política. De acordo com todos os estudos disponíveis, os benefícios da rede de alta velocidade para o país são significativamente superiores aos seus custos”.

Se o Mário Lino o diz, deve ser verdade. Ele Jamais! se engana! Quanto aos estudos de que o Sr. Ministro fala, basta recordar o último post d’O Agitador e percebe-se logo que os mesmos são tão credíveis quanto os estudos que defendiam a construção do aeroporto na Ota. Depois da birra da Ota, a birra do TGV. Até Setembro ainda vamos aturar muito.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Balanço "agridoce"


"Doce":

  • O PS, o Pinto de Sousa e o avô cantigas perderam! Segundo as palavras do último há uns dias, deve ter sido “humilhante”! São os grandes derrotados da noite! Ganha Portugal!
  • O PSD ganhou! (e que ninguém diga que já sabia, porque é mentira) O Paulo Rangel revelou-se uma decisiva surpresa e, afinal, uma boa aposta da Manuela Ferreira Leite. Digam o que disserem, o PSD precisava mesmo de ganhar se queria partir para as legislativas com ânimo.
  • O CDS elegeu dois deputados e voltou a calar os que previam o seu fim! Um dos vencedores da noite! Goste-se ou não, Paulo Portas é um verdadeiro monstro político. (gostava mesmo de o ver como 1º Ministro)
  • O grupo dos democratas-cristãos e dos conservadores teve uma grande vitória por esta Europa fora, principalmente se tivermos em conta o abandono dos conservadores britânicos que querem formar um novo grupo e a culpa da crise económica que é atribuída aos “porcos capitalistas neo-liberais”. O PPE-DE ganhou, entre outros países e para além do nosso, na Alemanha, França, Itália, Espanha, Polónia, Holanda, Bélgica, Áustria, Irlanda, Hungria, Finlândia, Bulgária e Luxemburgo.
  • Os socialistas europeus foram os derrotados da noite.

"Agri":

  • A abstenção. 63%. Mais uma derrota para a democracia e a culpa é dos políticos. Mas os portugueses também não podem ficar em casa a dizer mal e esperar que as coisas mudem por “alma e graça do espírito santo”! Cabe-nos a nós participar mais! Exigir mais! E exigir melhor! E nestas eleições não houve a desculpa da praia ou da chuva. É puro desinteresse!
  • A extrema-esquerda! Juntos, BE e PCP conseguiram 21,4% dos votos! O BE transformou-se na 3ª força política e conseguiu eleger 3 deputados! Triplicou a representatividade no PE! Apesar de não ter vencido, para mim foi o vencedor da noite. Um claro sintoma de que algo vai (mesmo) mal e não é no Reino da Dinamarca.
  • O PSD ganhou, contudo só conseguiu ter 2,9% a mais do que com o Santana em 2005. E se formos analisar as sondagens de há poucos dias, este era mais ou menos o resultado esperado. Como referiu o Luís Delgado na SIC: “temos de ver se foi o PSD que teve um bom resultado ou se o PSD aguentou-se e foi o PS que teve um péssimo resultado”. Sem Rangel e sem Vital, vamos ver como se desenrola o confronto Manuela vs Sócrates. A esperança renasceu, mas não é suficiente para estar descansado.
  • O Paulo Rangel e o Nuno Melo vão para Bruxelas. Fica Lisboa a perder dois grandes políticos.
  • O nº de votos nulos e brancos quase que duplicou (6,63%) e junto com os votos noutros partidos perfizeram 12% dos votos totais. Nunca este valor foi tão elevado! Mais um sinal da cada vez maior desconfiança em relação aos “5 grandes”. A manter-se a tendência, poderá um novo partido ganhar representatividade na Assembleia daqui a 3 meses? (isto já seria "doce" e não "agri")
  • Tal como esperado, abstenção europeia foi a maior de sempre! 57%. Não é de admirar, com o respeito com que a UE e os seus políticos tratam os cidadãos europeus. Com a aprovação do Tratado de Lisboa em alguns países que não o queriam e com os vários referendos que foram prometidos e não cumpridos noutros, ficou no ar a ideia de que a opinião dos europeus, no fundo, não conta para nada. Não podem ficar admirados se depois as pessoas andem cada vez mais afastadas das instituições.
  • Também como esperado, a extrema-direita avançou em alguns países. Se quem nos governa não perceber o motivo, a tendência de subida poderá manter-se.

domingo, 7 de junho de 2009

Notas Soltas

- A tendência inverteu-se. Agora das duas uma, ou Sócrates aperta a repressão à contestação (será que os resultados podem ser desvalorizados como as manifestações?) ou dá uma de cordeirinho manso;
- Paulo Rangel assume-se como um sério candidato à sucessão no PSD caso Manuela falhe nas legislativas;
- O PP... O PP ganharia mais em falar menos das sondagens, oiço isto todas as eleições;
- A extrema-esquerda tem 22%. Anda muita gente por essa blogosfera fora preocupada com isso. Eu sou mais um;
- Os ministros vão debandando do Áltis. Premonição do futuro?
- É triste ver gente do PSD a celebrar isto como uma vitória de futebol. Não é. Estes resultados, a indicarem alguma coisa, indicam preocupação. Entre Sócrates e Louçã, prefiro Sócrates. O PSD vai à frente, mas 22% de EE tornam isto ingovernável;
- António Vitorino vai piscando o olho ao BE, Marcelo deixou de piscar o olho ao PS;
- A roubalheira do BPN mantém-se, mas desta vez em vez de roubarem os clientes roubaram o PS;
- O que é que prometeram ao Vital para ele vir dizer que "a culpa é totalmente sua"?;
- Sócrates voltou-se novamente para a diplomacia. Cheira-me que voltaremos a ouvir falar da cooperação estratégica, etc... Claramente a melhor reacção que Sócrates poderia ter. Do ponto de vista puramente político, palmas para ele;
- O Partido dos Piratas, obteve 7,4 por centos dos votos na Suécia;
- "O povo não esquece que a crise é do PS", nem que aqueles jovens exaltados fazem parte da juventude de um dos maiores partidos portugueses;
- Estas farpas do Rangel sobre a legitimidade do PS para aprovar projectos fracturantes em final de legislatura e sobre a vitória de partidos de poder de direita e derrota de partidos de poder de esquerda é qualquer coisa de maravilhoso;
- No Altis já se desmonta a casa. Fora sócrates, o PS de hoje foi triste. Sócrates sugou tudo à sua volta;
- Rangel e Nuno Melo ficam melhor a falar do que nos cartazes. Pontos para Manuela Ferreira Leite e para Paulo Portas. Um decidiu aparecer junto do seu candidato, a outra não, e ganharam os dois com isso;
- Nunca MFL achou que ia ser rock star;
- Ricardo Araújo Pereira, na SIC, não está a achar piada nenhuma a isto;
- Almeida Santos parece-me sempre Al Pacino naquele filme do Francis Ford Coppola;
- Na Madeira o PS vai 6% à frente do PP (14 vs 8). Alberto João nem à europa perdoa;
- Isto que Louçã diz agora é tudo verdade. E aí é que está o problema;
- Marcelo pisca o olho ao PP para acabar a noite. Este homem passa de querer tirar a maioria absoluta ao PS para querer maioria absoluta para uma coligação;
- As televisões fecham todas sem se saber para quem vai o último deputado. Parecendo que não, isso também era importante.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Altura de o voltar a encher


Já começaram as eleições para o Parlamento Europeu. Na Holanda e no Reino Unido votou-se ontem e na Irlanda votou-se hoje. Nos restantes países as eleições decorrerão ao longo deste fim-de-semana, principalmente no domingo, quando também votará Portugal. É hora de decidir os próximos 5 anos para a UE e numa altura em que o Parlamento Europeu ganha acrescidos poderes, O Sensitivo não fará parte do “partido” da abstenção. No domingo, votem!

Para quem ainda não conhece, este link poderá ser bastante interessante: http://www.euprofiler.eu/

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Votar

Não creio que possa expressar melhor do que o Martim Avillez Figueiredo no editorial de hoje do I a importância de votar. Seja em quem for.
No entanto, posso continuar uma discussão que estava a ter no outro dia com um dos membros deste blog sobre o merecedor da minha cruz no próximo Domingo. Devo confessar que comecei por olhar estas eleições com alguma preferência pela figura de Paulo Rangel. Rapidamente deixei de o ter.
Saiu no entanto hoje uma sondagem que dá empate técnico entre o PS e o PSD mas concede, pela primeira vez, vantagem ao partido do centro. A poucos dias das eleições, a confirmar-se a tendência de subida do PSD e tendo em conta o percurso desastroso de Vital Moreira, pode dar-se até o caso de o PS ser humilhado eleitoralmente. A verdade é que se gera a situação, pouco provável no início (pelo menos para mim), em que pode ser útil votar PSD.
Não útil para a UE, é certo. Algumas das propostas de Rangel fazem-me querer esconder debaixo da cama com medo do bicho Papão. Sim, temor e medo são mesmo as palavras certas. A verdade é que também não conheço por aí além o programa do PP para poder destacar pontos de rematado interesse e que valham o dito voto, mas mesmo assim creio que à direita é difícil mais demagogia do que a apresentada por algumas propostas de Rangel. Alguns membros deste blog discordarão de mim, concerteza, mas o caminho que Rangel parece ter para a Europa não é aquele que eu gostava de ver seguido e, ao fim e ao cabo, o voto deveria reflectir isso.
Não que haja necessariamente um partido em Portugal que tenha uma visão europeísta com a qual eu concorde. Também não posso dizer que não há, não conheço todos os programas a fundo, mas no próximo domingo perfila-se o cenário em que isso não me interessará por aí além.
A verdade é que, devido a uma muito especial conjuntura, as próximas eleições serão uma espécie de pré-sufrágio a Sócrates. Não tenho visto telejornais, mas oiço que ele se teve de envolver a fundo na campanha e, mesmo que não o tivesse feito, o próprio tom da campanha está focado em Portugal e não na Europa.
Se os resultados avançados por esta sondagem se confirmassem teríamos o caso em que uma vitória do PSD criaria a folga necessária para retirar ao PS o governo nas próximas eleições legislativas. Devido ao actual modelo europeu isso ainda é mais importante do que escolher quem nos representará naquele parlamento em Bruxelas de que poucos portugueses têm notícias. Um centro de decisão que é, apesar de tudo, bastante importante para Portugal e ao qual temos, por norma, muito pouca atenção.
Há muitos votos úteis no próximo Domingo. A decisão, pelo menos para mim, deixou só de ser ideológica ou de príncípio e passou a ser também calculista e racional. Devíamos todos pesar isso antes de votar. Eu, pelo menos, tentarei.

sábado, 30 de maio de 2009

Pelo Direito ao TGV!

É este magnífico dito que adorna vários cartazes da Juventude Socialista, espalhados por toda a Lisboa. Infelizmente, não consegui encontrar nenhuma fotografia do dito cartaz que postula tamanhas barbaridades, mas qualquer condutor ou transeunte que passe pela Alameda da Cidade Universitária por estes dias será presenteado com uma afirmação cujo autor, se mantivesse um mínimo de honestidade intelectual, justificaria a sua criação com um passeio do gato pelo teclado do computador, para não dizer algo pior e não emitir juízos de valor sobre a sanidade mental do próprio autor.

O direito ao TGV, devem pensar os jotinhas neo-marxistas, é um direito essencial. Todos nós, os jovens, os velhos e todos os que estejam no meio, temos direito a um projecto megalómano que foi decidido antes sequer de se levar a cabo qualquer tipo de análise custo-benefício (tal como o aeroporto, já agora, mas as implicações económicas, sociais e políticas dos dois projectos são totalmente diferentes, e isso agora não interessa para nada). Análise essa cujo concurso para a sua elaboração tem início cerca de 1 ano depois do projecto ter já sido confirmado publicamente. Tendo tido algumas cadeiras de política económica aplicada na minha licenciatura, tudo isto me parece muito estranho: mas então as análises custo-benefício não deveriam ser elaboradas com o intento de aprovar ou rejeitar um determinado projecto público? Assim sendo, o caso particular do TGV (e do Aeroporto) podem ser utilizados como fundamentos empíricos para duas teorias, alternativas mas não incompatíveis:
  1. Aquilo que se aprende nas universidades não passam de tretas teóricas, que não interessam sequer ao Menino Jesus (com todo o respeito para com este último).
  2. Estes senhores (os que confirmaram politicamente o TGV) nunca estiveram na universidade, ou se lá estiveram, não aprenderam nada. Ou talvez nunca tenham trabalhado numa empresa, fora da função pública, onde, tal como as torres de marfim teóricas das universidades enunciam, projectos deverão ser unicamente aprovados se os benefícios sociais excederem os custos sociais. Mas, e agora paremos um momento para pensar, não é para isto que uma análise custo-benefício serve?
Hoje, dia 30 de Maio de 2009, existe uma análise custo-benefício sobre o TGV. Não é um documento público. Foi encomendada pela RAVE (Rede de Alta Velocidade, a entidade gestora do projecto do TGV) a dois economistas portugueses que, não obstante não residirem em Portugal, são bem conhecidos nos meios académicos e universitários como sendo especialistas em análise de projectos públicos. Note-se que, se deste ponto em diante eu puder começar a dizer coisas um pouco menos simpáticas, não estou a colocar a honestidade intelectual e integridade académica destes dois senhores que elaboraram o estudo. Os seus méritos são amplamente reconhecidos internacionalmente. Colocarei em causa, contudo, todos os valores e tramas que pautaram toda a elaboração desta análise, do princípio ao fim. Ora, comecemos a dissecar o bicho.
  1. Como foi já referido, o concurso para a realização da análise custo-benefício é lançado depois (e aqui não interessa se foi uma hora ou dez anos) da decisão política ter sido tomada. Conhecem algum país não-africano onde coisas destas aconteçam?
  2. O concurso passa para as mãos da RAVE. Ora, quem é a RAVE? É um punhado de tecnocratas, engenheiros e economistas cujas actuais posições, na RAVE, dependem da realização do projecto do TGV. Por outras palavras, se não há TGV, não há RAVE, e se não há RAVE não há reformas e regalias para ninguém. Alguém sente o cheiro a queimado?
  3. RAVE encomenda então o estudo aos dois eminentes economistas acima mencionados. Estudo é realizado e "publicado" (como disse acima, não é público). Se foi sujeito a revisões por parte da RAVE, não sei, mas sinceramente gostaria de saber. Isto pois, aludindo ao ponto 2), não faria sentido à RAVE publicar uma análise que se opusesse à realização do TGV.
  4. Tive oportunidade de ler a análise. É uma análise bastante completa, realizada com a metodologia apropriada. Falha apenas num punhado de pontos: são tidas em conta hipóteses que, tivesse-as eu considerado num trabalho de 1º ou 2º ano de licenciatura e teria reprovado à cadeira. E são hipóteses cruciais para a avaliação do projecto: a criação de cerca de 60 mil postos de trabalho (caídos de onde, martelar a linha do comboio?), retornos fiscais de 64 mil milhões de euros em receitas (que ainda não percebi de onde vêm), e lamirés afins.
Tudo isto considerado, penso que, de facto, os jovens portugueses dever-se-iam unir em torno da JS para defender um direito essencial: o direito a maus projectos públicos, realizados da forma menos transparente possível, que geram receitas fiscais saídas da cartola, assim como dezenas de milhares de postos de trabalho sem ninguém saber como. Projectos que resultam de "compromissos políticos", ao invés de análises sérias de impacto em termos económicos e sociais. Projectos que aumentam a já galopante dívida externa portuguesa, permitindo depois a cada cidadão pagar €100 para ir de comboio a Madrid (esperem, não posso já fazer isto de avião?). Pelo direito a estes projectos!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Mas não se passa nada?


É assim, isto posso ser só eu que vejo as coisas com grande distância, mas acho que já sentia isto quando andava aí por esses quilómetros quadrados. A questão é: sou só eu que não acho normal o que se passa em Portugal?
Acusa-se gente sem provas, inocenta-se gente com provas, bastonários da ordem dos advogados que se portam como peixeiras do mercado do bulhão, o povo a assobiar e a dizer que isto tá tudo doido e que "qualquer dia...". Mas é só a mim que isto preocupa?
É que dói um bocado sair deste blog, olhar em volta e ver o resto dessa gente da minha idade a querer é pouca confusão, nada de altercações. Gente sem esperança, gente sem ideias, gente egoista que nem discutir o seu país quer. É que eu já não peço juízo, já não peço liberais, já não peço menos impostos. Eu já só peço interesse.
Minha gente: As instituições não se fazem sozinhas. Se os futuros mais altos quadros desse país aos 20 anos já perderam a esperança, o que é que estarão lá a fazer aos 40? Rapaziada, é hora.

É que juro que me irrita solenemente as pessoas que se demitem de se preocuparem sequer. O país está entregue a um gajo sob suspeita de ter comprado o curso, assinado projectos que não fez e de ter lesado o interesse público em troca de benefícios pessoais? Who cares?
Esta gente que me rodeia não é, concerteza.

P.S. Queria já agora deixar aqui umas palavrinhas sobre esta notícia: http://www.ionline.pt/conteudo/6593-manuel-pinho-considera-que-empresarios-estao-reagir-bem-crise.
Sr. Ministro, se os relatos que me chegam de Portugal em relação ás PME são verdadeiros, por favor, demita-se. É que isto já não é piada, é insulto.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ainda lhe vamos dar razão?


No célebre discurso ao Estado da União no início de 2002, G. W. Bush definiu um conjunto de países que teriam programas nucleares secretos e que seriam uma ameaça à paz mundial. O “Eixo do Mal”, como ficaram conhecidos, era composto pelo Iraque, Irão e Coreia do Norte. Com este pretexto, os E.U.A. e alguns aliados invadiram o Iraque e o resultado é sobejamente conhecido. Não existiam armas de destruição massiva em solo iraquiano.

Contudo, no final de 2006, quase cinco anos depois do dito discurso, a Coreia do Norte realizou, com aparente sucesso, o seu primeiro ensaio nuclear. A ONU lá voltou a aprovar mais uma sanção e ficaram todos felizes. Na 2af e depois do seu primeiro ensaio não ter alcançado o sucesso esperado (segundo algumas fontes), a Coreia do Norte realizou o seu segundo ensaio nuclear, aparentemente com mais sucesso do que o primeiro. O mundo inteiro está outra vez preocupado e a ONU, muito provavelmente, lá irá aprovar mais uma sançãozita. Enquanto isto, o Irão também vai avançando com o seu programa de enriquecimento de urânio, apesar de jurarem a pés juntos que não é para o fabrico de armas nucleares. E a ONU lá volta a ameaçar com mais sanções. Já alguém se lembrou de dizer aos tipos da ONU que estes países e os seus respectivos ditadorzecos, se estão a “borrifar” para as sanções?

Quando o Hitler mandou o Tratado de Versalhes “às urtigas” e voltou a rearmar a Alemanha, invadindo depois alguns dos seus vizinhos, as potências europeias ficaram a assistir ao desenrolar dos acontecimentos impávidas e serenas. Ainda não havia ONU para aprovar sanções, por isso limitaram-se a assistir a tudo impávidas e serenas. Só acordaram quando o Hitler invadiu a Polónia, mas aí já era tarde demais.

Não gosto da guerra. Contudo, às vezes ela é necessária para evitar um mal maior. O mal maior da II Guerra Mundial poderia ter sido evitado, se na altura o mundo não tivesse ficado impávido e sereno a assistir ao desenrolar dos acontecimentos. Mas constato que não aprendemos com os erros. O mundo, apesar de preocupadíssimo, assiste impávido e sereno (eu sei que me estou a repetir) à ascensão a potências nucleares por parte destes dois regimes, autênticos arautos da democracia, liberdade e do respeito pela vida humana. Não gostaria de ver uma Coreia do Norte (e talvez ainda menos um Irão) com armas nucleares em sua posse. Todas as hipóteses, mesmo uma invasão, devem ser equacionadas para evitar um mal maior.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tão bonitos os dois!


Amanhã o nosso “querido” Pinto de Sousa irá ser, de certeza, uma das estrelas dos noticiários televisivos, a par desse “grande político” que é o Presidente do Governo espanhol, José Luis Zapatero. Isto porque, numa iniciativa inédita, irão arrancar em conjunto as respectivas campanhas para as eleições europeias. Às 11h (Lisboa) o secretário-geral do PS irá discursar no arranque da campanha do PSOE em Valência, Espanha. Por sua vez, o secretário-geral daquele partido espanhol irá estar ao fim da tarde, em Coimbra, no arranque da campanha dos socialistas portugueses. A velha máxima “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, aplica-se na perfeição a estes dois.

É verdade…ainda não foi hoje que Portugal conseguiu ter um novo Provedor de Justiça. Mas isto já não é novidade. Se não se conseguir eleger um daqui a uma semana, a “novela” irá arrastar-se por mais uns meses, pois já só poderá ser decidida na próxima legislatura. É uma alegria!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O desemprego

Em Portugal há um bicho de sete cabeças que atormenta todo e qualquer governo... Não, não estou a falar do Alberto João... É o chamado desemprego. Mesmo que o desemprego esteja em níveis baixos há alarme, porque a população sofre, porque há desigualdades sociais, porque o governo prometeu amansar o bicho e não conseguiu e por aí em diante... Quando o desemprego começa a subir então... Bem, assumo que disparem todos os alarmes do largo do rato.
Para o desemprego não subir (ainda mais) em Portugal temos ajudado muito a industria automóvel alemã. Não sendo os nossos empregados competitivos (rácio produtividade/salário) é o governo que tem de os tornar competitivos. Todos os apoios que foram e são dados à auto-europa e a outras empresas como essa são subsidios dos contribuintes para a competitividade dessa meia dúzia de trabalhadores.
Repare-se que isto poderia ser alcançado de mil maneiras, a melhor das quais seria a liberalização do mercado de trabalho. Apesar das pausas para café, da molenguice e da azelhice, a competitividade de trabalhadores e empresas portuguesas é afectada sobretudo pela rigidez do dito cujo. Mas não, continuamos a preferir a intervenção estatal e o comodismo... No fim, quando já não for mesmo rentável produzir neste país, virá o povo que apoiou as doações queixar-se da saída destas empresas, depois de tudo quanto lhes foi oferecido. A culpa essa será inevitavelmente do capitalismo e desses porcos neo-liberais.
Isto tudo para dizer que, mais barato do que salvar mil vezes a auto-europa, a quimonda, a opel e sei lá eu mais o quê, era sermos competitivos. Era muito bonito que Portugal fosse a Suécia, e que os nossos trabalhadores fossem tão bem educadinhos e tão certinhos como os Suecos. Que pudéssemos deixar as coisas como estão porque a nossa produtividade é tanta que paga tudo.
Mas não somos. Alguém que ponha um cartaz no largo do rato a dizer isto. É que a Alemanha consegue sair sozinha da recessão. Já nós...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Rescaldo do Nicola


Ambiente informal, uma meia hora de atraso em relação ao previsto (já é da praxe) e uma sala bem composta de bloggers que responderam ao convite para a “Blogotúlia”, lançado pelo cabeça-de-lista do PSD às Europeias, Paulo Rangel. O convite era para todos os bloggers interessados e O Sensitivo não o podia recusar. Éramos os mais novos da sala, é um facto, mas por esse mesmo motivo, talvez os mais interessados no futuro do nosso país e da UE.

“A Europa e o Interesse Nacional” era o tema da tertúlia e foi isso que se debateu no Nicola. Falou-se do alargamento, do federalismo, da situação económica e do modelo social europeu (não “modelo socialista europeu”, como referiu o próprio), do Tratado de Lisboa e do referendo prometido e não cumprido (falou-se muito do referendo não cumprido e da “falta de higiene democrática”), falou-se de Durão Barroso e Vital Moreia, do Banco Central Europeu, da Identidade Europeia e Portuguesa, do Casamento Homossexual, de umas forças armadas europeias, do relacionamento da UE com o resto do mundo e, por fim, da linguagem religiosa na política (ou da falta dela em Portugal). “Meu Deus!” Falou-se de tudo isto e ainda mais, em cerca de duas horas e meia! O debate foi elevadíssimo e rico (com uma boa contribuição dos bloggers também) e o Paulo Rangel procurou responder a todas as perguntas que lhe foram colocadas, algo que é raro em muitos políticos.

Assumiu-se à direita do PSD (só isso já o faz subir alguns pontinhos na minha consideração) e estando o PSD à esquerda do PPE, posicionou-se no centro deste partido europeu. Paulo Rangel defendeu que a UE se precipitou com o alargamento a leste. Na sua opinião, a UE deveria ter dado uma ajuda financeira muito maior a esses países, quando não eram membros, do que a que dá actualmente, só os admitindo no clube europeu quando tivessem atingido certos patamares. Defendeu que a prioridade do próximo alargamento da UE devem ser os Balcãs e não a Turquia. A Sérvia não deve ser mantida de parte e a Albânia e a Bósnia, por terem comunidades muçulmanas relevantes, poderão funcionar como precedentes a uma eventual entrada da Turquia. Quanto a esta última, defendeu que a partir do momento em que se iniciaram as negociações, estas devem prosseguir de boa fé. No entanto, ressalva que a Turquia está muito longe de cumprir os patamares exigidos, estando, neste momento, a recuar nalguns pontos em vez de avançar. Paulo Rangel defende parcerias reforçadas, sempre que possível, com a Turquia mas que a UE não pode ceder, em caso nenhum, em pontos fundamentais para o ingresso deste país na União. Quanto ao leste que fica agora a leste da União, Paulo Rangel defendeu que a Bielorrússia deve ser uma grande prioridade da UE e que se devem manter conversações longas e parcerias com a Ucrânia. Quanto às relações com a Rússia, Paulo Rangel lembrou João Paulo II que dizia que a Europa ia do Atlântico aos Urais. A cultura russa faz parte da cultura europeia e a UE deve tentar encontrar parcerias com este país.

Assumindo-se federalista (apoiante de uma federação e não de um estado federal), defendeu o Tratado de Lisboa como a fórmula que mais defende os pequenos e médios estados e é da opinião de que o conselho europeu deverá evoluir para um senado (com muito mais peso do que o parlamento). Apesar de não ter nenhuma objecção ou idolatria pelos referendos, acha que há casos em que os referendos são desaconselháveis, devido ao risco de manipulação. Contudo, defendeu que a adesão de Portugal à CEE deveria ter sido referendada (bem como a Constituição Portuguesa). Quanto ao facto do PSD ter prometido um referendo ao Tratado de Lisboa e depois ter voltado atrás na sua promessa, “desculpabilizou-o” pelo facto do líder que voltou atrás na promessa (Luís Filipe Menezes) não ser o mesmo que fez a promessa (Luís Marques Mendes). Já o PS, na sua óptica, não tem desculpa pelo facto do líder que fez a promessa e não a cumpriu ter sido o mesmo (José Sócrates). Mas independentemente do referendo, Paulo Rangel acha que “já existe uma constituição europeia que não é escrita”.

Paulo Rangel defendeu ainda que é necessário repensar o Banco Central Europeu e que é favorável a umas forças armadas europeias, que actuem em missões de paz, mas que nunca devem ser pensadas fora de um quadro atlântico. Apesar de não lhe fazer confusão o casamento homossexual, acha que para Portugal se deveria pensar noutra alternativa (talvez união civil?), tendo em conta que o país ainda é bastante conservador e que muitas pessoas serão contra uma igualdade na união entre pessoas do mesmo género e entre pessoas de géneros diferentes. O cabeça-de-lista do PSD às Europeias, ainda é da opinião de que Portugal não tem sido muito inteligente em aproveitar a mais valia que pode ser para a UE no relacionamento desta com a China (via Macau) e com a Índia (Goa) e nas relações da União com a América Latina (principalmente Brasil), África e Mediterrâneo. Por fim, referiu que é contra o facto de em Portugal e ao contrário da Europa (principalmente nos partidos do PPE), quase ser proibido usar termos religiosos no espaço público. O Estado deve “ser laico mas não laicizante”.

Antes da tertúlia comentei com outros membros d'O Sensitivo-Psiquiátrico que o Paulo Rangel não é o meu candidato. Não será nele que, em princípio, irei votar. Considero que este não é o melhor candidato do PSD para as europeias (que o partido precisa mesmo de ganhar se quer ter esperança de derrotar Sócrates em Setembro). Não tem grande carisma, mas verdade seja dita não é o único a “sofrer” desse mal. Contudo a iniciativa de ontem é de saudar. Mesmo não concordando em alguns aspectos, ontem saí do Nicola com melhor impressão do que entrei. Paulo Rangel pensa Portugal e pensa a Europa e não teve problemas nenhuns em partilhar connosco a sua visão. Ontem saí do Nicola a pensar que, talvez, o PSD volte a merecer o meu voto. E ontem também saí do Nicola com vontade de mais. A “Blogotúlia” de ontem funcionou (muito) melhor do que um debate televisivo ou uma entrevista num jornal. Pode ainda não trazer grandes resultados em termos mediáticos, mas esta é uma parte importante das campanhas do futuro. Houve uma maior aproximação às pessoas que querem discutir política, fossem eles os bloggers presentes na tertúlia, ou os que a acompanhavam através da emissão em directo de alguns dos blogs e que podiam comentar ou lançar perguntas a serem feitas ao nosso anfitrião. Espero que outros, dentro e fora do PSD, sigam este exemplo do Paulo Rangel.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

"O Pinto de Sousa (afinal) é Cool"


"Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não."

Pois, mas esse alguém não parece ser o Manuel Alegre.
Correndo o risco de me enganar, cheira-me a presidenciais...


terça-feira, 12 de maio de 2009

Alguém o ouviu?


Os cinco partidos políticos portugueses com representatividade no Parlamento Europeu prevêem gastar, durante esta campanha europeia, mais do dobro do que gastaram na campanha de 2004. Todos, sem excepção, irão aumentar os seus gastos. O PSD em 95%, o PS em 9%, o PCP em 185%, o BE em 301% e o CDS em 27%.

Não há muito tempo (mais concretamente no dia 25 de Abril) o Sr. Presidente da República disse, em plena Assembleia da República, na presença dos deputados de todos estes partidos, o seguinte: “Considero essencial que os próximos actos eleitorais tenham como horizonte Portugal inteiro. As campanhas devem decorrer com serenidade e elevação e os Portugueses esperam que, num tempo de dificuldades, os agentes políticos saibam dar o exemplo (…) que haja sobriedade nas despesas, que não se gaste o dinheiro dos contribuintes em acções de propaganda demasiado dispendiosas para o momento que atravessamos.”

Depois de serem conhecidos estes números e depois da recente aprovação (por unanimidade) da nova lei do financiamento partidário restam-me só duas perguntas. Primeira: Mas os partidos andam (todos) a gozar connosco? Segunda: (é a que dá título a este post).

domingo, 10 de maio de 2009

Lisboa - Portugal

Sou português, gosto de Portugal. Tenho algum asco à mentalidade vigente na maioria das cabeças portuguesas, mas amo a nossas histórias e as nossas tradições. Tenho brio e orgulho em dizer que sou português, em falar português, em conhecer quase de lés a lés o país.
Lisboa é a capital do meu país. É a capital da minha história, da minha cultura... A Lisboa que eu amo não é talvez a que se vê hoje em dia, mas sim a que vem cantada nas canções e nas tradições. A Lisboa que eu amo não é a Lisboa que se vê, mas sim a que imagino, baseado no que de melhor há em todo o resto do país.
Na minha Lisboa ideal haveria largadas no Santo António. Fados todas as noites, do Bairro Alto a Santos. Não existiriam edifícios a cair de putrefacção em pleno centro histórico. E tantas, tantas outras coisas.
Entre Santana e António Costa há claramente um que é boémio, que gosta da tradição, que ama a cidade.

Não gosto de Santana enquanto politico. Não gosto das suas ideias (ou falta delas). É demasiado estadista, mais um fã dos novos impulsos regulatórios dos nossos tempos. Mas gosto de Santana enquanto português, gosto da sua imagem de Portugal.

E gostava de ver essa imagem em Lisboa.

sábado, 9 de maio de 2009

Manuela Ferreira Leite

Não é modesto como únicas bandeiras?

Parecem-lhe poucas, mas são o fulcro da decisão. É a opção que tem de ser feita. Ou se orienta o país da forma como ele tem estado a ser orientado nos últimos anos - um modelo absolutamente esgotado! - ou se muda de modelo. Parece-lhe pouco mas é muito. O meu modelo é não apostar mais na despesa pública, o que inclui investimento e consumo público mas no sector privado: exportações e investimento privado, interno ou externo. É um modelo completamente diferente.


Já que falamos desse tempo: foi ministra da Educação, com Cavaco e das Finanças, com Durão. Peço um photomaton do que foi despachar com um e com outro.

Foram momentos muito diferentes. Um deles era de quase final de mandato, o outro, de início. No primeiro caso eu era um ministro entre muitos outros, no segundo, era número dois do governo. Como titular da Educação havia a perspectiva de que não era possível mudar grande coisa porque se estava no termo do mandato; nas Finanças, num momento muito difícil e tenso, enfrentei uma situação de grande responsabilidade. Mas há um ponto comum: tanto Cavaco Silva como Durão Barroso mostraram-me sempre uma total solidariedade.


Da entrevista de MFL ao i (que me parece um jornal bstante razoável, mas eu só o vejo na net), isto são os melhores pontos. O pior é este:

Dê-me duas, três razões que ditem uma preferência no voto no PSD liderado por si e não no PS de Sócrates?

Um: o facto de considerar que, tal como tenho insistido, há aqui uma política de verdade. Detesto política de fantasias. Dois: não faço promessas que nunca pensarei executar. Três: acredito que o projecto do PSD para o país é aquele que conduzirá ao seu crescimento e ao bom combate contra a crise. O PS já provou o contrário.

A Doutora MFL que me perdoe a minha humilde opinião, mas isto não são motivos para ninguém mudar o seu sentido de voto para o PSD. É preciso coisas concretas (como por exemplo transformas as criticas ao modelo educativo imposto por Sócrates numa proposta alternativa e razoável). Acho que é necessário apresentar propostas que, ainda que difíceis, convençam os portugueses de que são necessárias. Acho que é sobretudo necessário apresentar à população um sumário daquilo que se fará, com que objectivos. A tal transparência e política de verdade ou se traduz nisso ou serve apenas como bitaite para atirar em entrevistas e cartazes, sem qualquer expressividade nos resultados eleitorais.

Creio que MFL sabe o que pensa e o que quer para o país. Falta ter a coragem de o dizer. Acho que já passámos à muito aquela fase da doença em que não queremos assustar o doente. O doente já está assustado, agora se faz favor prescreviam eram os tratamentos de choque e deixavam-no escolher em consciência.

P.S.

Sobre o TGV, acho que qualquer leitura da situação deve ser acompanhada da leitura deste post.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Uma Questão de Papas



O nosso “querido” Manuel Pinho andava há muito tempo caladinho. Habituados, ao longo desta legislatura, a sermos brindados com algumas “pérolas” políticas por parte deste Ministro (bem, ele não era o único), a verdade é que nos últimos tempos ele andava mais contido, deixando as ditas “pérolas” a cargo do nosso, também (ainda mais) “querido”, Augusto Santos Silva.

Mas Manuel Pinho não se conteve. Em verdade, ele já tinha saudades! A polémica era entre o Paulo Rangel e o Basílio Horta. Mas ele já tinha mesmo saudades e resolveu fazer parte de uma polémica, à qual era completamente alheio. Será que faz estas coisas de propósito? Bem, eu confesso que não sei se o Paulo Rangel ainda tem de “comer muita papa Maizena”, mas parece-me que alguém a deveria ter comido antes de ter ido brincar “às Economias”. Ou, se preferir, Cérelac ou Nestum.

Mas, no meio de mais esta polémica, algo me desconcertou mesmo. Ontem a Comissão Europeia deu a conhecer que prevê uma recessão “prolongada” e “tempos difíceis” para Portugal. Um défice de 6,5%, uma contracção na Economia de 3,7% do PIB e um desemprego a caminho dos 10%. Como o ano ainda nem vai a meio, estes valores poderão ainda ser agravados. Mas será que alguém ligou a isto? Bem, olhando assim muito à pressa para os noticiários, lá se voltou a falar da Gripe A/Suína/Mexicana/H1N1 (para mim “gripe dos porcos”). Ontem, finalmente, confirmou-se o primeiro caso em Portugal (parece que estávamos mesmo desejosos). Também se voltou a falar do Bloco Central. Desde a semana passada que quase tudo o que é figura política deu a sua opinião a favor, ou contra, o mesmo. Opiniões essas que não interessam para nada, pois só na noite eleitoral, após ser conhecida a nova composição da Assembleia, se pensará nessa necessidade a sério e aí tudo o que foi dito no passado tenderá a ser esquecido. E por fim falou-se na Maizena e no caso BPN.

Não me juntei ainda ao alarmismo da "gripe dos porcos". O Bloco Central é só (eventualmente) para ser discutido em Outubro, não vale a pena discuti-lo agora. Apesar da "pérola" da Maizena, gosto mais de Cérelac. Restam o caso BPN que, confesso, até gostava de ver resolvido e era mais o quê?...pois a Economia.

sábado, 2 de maio de 2009

Eleições Europeias

Disse no meu último post os assuntos que gostava de ver discutidos na campanha eleitoral para as Eleições Europeias que decorrerão no próximo dia 7 de Junho em Portugal. Não, não espero que isso aconteça, não acredito em utopias.
No entanto, sobre as europeias, tenho ainda que dizer que é incrível. É incrível a votação de que se fala para o BE e o valor conjunto de BE+PCP. É incrível que Vital Moreira vá, nas primeiras sondagens, à frente de Paulo Rangel. É incrível que o PP só tenha 2%. Não sou dos que acha que por estar apenas 3% atrás o PSD tem uma grande hipótese de vitória (ainda mais depois do que aconteceu ontem), apesar de achar que Paulo Rangel tem todas as qualidades necessárias para a conseguir.
Sou, isso sim, dos que acha que somos um povo triste e sádico que gosta de ser aldrabado. Tenho a certeza que PSD e PP ganhariam muito mais nestas eleições se os seus líderes, ainda que mais idiotas ou menos carismáticos (se possível), fossem diferentes. Por isso é que somos um povo triste e sádico, é que apesar do estado em que estão as coisas a maioria dos meus conterrâneos acredita que os governos de Durão, Manuela, Paulo e Santana fizeram muito pior.
Não sei se me irrite se chore. Enfim, acho que vou é para a rua afixar cartazes pelo partido pirata sueco.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Salários Milionários



Há algum tempo que se tem voltado a falar dos salários dos gestores de empresas e em épocas de forte crise como esta, torna-se mais evidente do que nunca o enorme fosso que separa os salários de alguns grandes gestores com os dos “trabalhadores comuns”. Ontem e tocando neste tema, um amigo perguntou-me se eu era a favor de se estabelecerem limites para os salários destes “felizardos” do capitalismo. Pois eu digo que depende.

É admissível que os gestores ganhem salários “super-milionários” em empresas públicas? Não, não é! Mas deve ser o limite máximo desses salários, inferior ao do Presidente da República, que, de todos os funcionários do Estado, é o mais importante? Sei que algumas pessoas poderão não gostar da minha resposta, mas a verdade é que não me faz confusão nenhuma que alguém que seja (mesmo) bastante competente e que até tenha transitado de uma empresa privada onde ganhava um montante superior ao do Presidente da República, continue a ganhar mais do que este. A verdade é que a competência paga-se e muitas empresas públicas (já para não falar do próprio Estado) bem precisavam de alguém que metesse ordem nas suas contas.

E no privado? Bem, vivemos num livre mercado concorrencial e as empresas pagarão sempre muito a quem lhes fizer aumentar os lucros. Mas infelizmente num país como o nosso, a concorrência em alguns sectores da nossa economia (como a energia, por exemplo) não é propriamente perfeita. Algumas empresas actuam em nichos onde não existe um mercado muito concorrencial. Existem empresas que, mesmo apresentando prejuízos, continuam a pagar salários milionários aos seus gestores. Existem empresas onde um gestor pode trabalhar apenas por um, dois, três anos e sair com uma reforma choruda vitalícia. Existem empresas (como o BCP assim de repente) em que um presidente pode fazer um trabalho “não muito bom”, saindo de lá com uma bruta indemnização. E isto é normal? É aceitável? Bem, não é! O mérito e a competência devem ser recompensados, não o contrário.

Ainda há poucos dias Ângela Merkel anunciou que vai endurecer a legislação que regula a actuação dos gestores das empresas, de modo a punir aqueles que apresentem prejuízos. Isto, para mim, já faz sentido. É que, mais do que hoje disse o Sr. Presidente da República, mais do que “as grandes desproporções entre rendimentos dos gestores e dos seus trabalhadores que põem em causa a paz e a coesão social”, são os casos de manifesta incompetência e abuso (nas empresas e no Estado) que revoltam as pessoas e contribuem, aí sim, para pôr "em causa a paz e a coesão social”.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Campanha Eleitoral

Vive-se por essa blogosfera a dentro um intenso período de campanha eleitoral. De um lado e do outro da barricada os soldados vão aproveitando todo e qualquer assunto para dispararem contra os opositores. Da inversão do ónus da prova que terá supostamente posto as garras de Rui Rio de fora aos últimos devaneios do nosso primeiro-ministro sobe a comunicação social e a suposta "campanha negra" contra si, tudo serve de arma de arremesso, inclusivamente as palavras de Manuela Ferreira Leite – que me parecem perfeitamente normais – dizendo que só consideraria uma coligação com o PS se a mesma fosse de superior interesse para o país.

A verdade é que Portugal atravessa um dos mais desafiantes períodos da sua história. Portugal faz hoje parte de uma União Europeia alargada e com desafios bem diferentes daqueles que se colocaram quando nela entrámos. Como resposta à actual crise económica muita coisa irá mudar no seio da UE e algumas dessas possíveis mudanças de que começo a ouvir falar atingir-nos-ão em cheio.

Desde a possível normalização do IVA à escala europeia (que não terá consequências mais óbvias porque nunca chegámos a utilizar os impostos como forma de aumentar a nossa competitividade em relação à Europa mas nos retirará essa hipótese para o futuro) até à possível emissão de títulos de divida pública europeus (que no fim seriam apenas mais um incentivo para o estado e para a população portuguesa continuarem o seu endividamento excessivo) muito mais estará em jogo nas próximas eleições europeias do que mostrar um cartão amarelo a Sócrates. É pena que poucos portugueses se lembrem disso.

Mas aquilo que torna esta época em que vivemos num desafio histórico não é o desenvolvimento europeu nem a palavra que Portugal deveria ter nesse assunto. São sim os desafios internos. O desemprego, a contracção do PIB (Constâncio já vai nos 3,5%, o que quer dizer que a coisa não se deverá ficar por menos de 4,5%, sendo que o FMI aponta já para os 4,1%), a falta de competitividade da estrutura empresarial e as limitações às intervenções fáceis do governo (como, por exemplo, a desvalorização da moeda), fazem dos próximos anos um pesadelo para qualquer primeiro-ministro. Bem, talvez não todos.

A verdade é que nas campanhas eleitorais que se aproximam – europeias e legislativas – estes deveriam ser os assuntos discutidos. Não Sócrates, não os candidatos, não o futuro do PSD, mas o país. O que se fez de errado e as medidas que nos poderão pôr no caminho certo. Era importante que se discutisse isto agora e se fizesse o necessário nos próximos quatro anos. Já descobrimos o Brasil e o caminho marítimo para a Índia… Não custa nada descobrir como salvar Portugal. Custará, talvez, tomar as medidas impopulares… Mas o que é a assinatura de alguns papéis quando comparada com dois anos a navegar?

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Geração Magalhães (?)


E eis que o partido socialista já entrou em campanha! Tão bonito! Tão comovente! Aquelas criancinhas todas juntas e felizes com largos sorrisos na cara e os olhinhos a brilhar! A musiquinha pseudo-épica! “O meu melhor amigo é o Magalhães!” Que bonito! Quase que fiquei com uma lágrima no canto do olho!

E eis que ao fim de mais de 4 anos o grande feito deste governo, a grande jóia da coroa é…O MAGALHÃES??!!? Aquele computador totalmente português que afinal de português só tem o nome? Aquele computador, tão português, que só tem pontapés na gramática? Em plena recessão é isto que o Sr. Pinto de Sousa tem para nos mostrar? Para nos descansar em relação à situação económica do país? Mas será que os portugueses querem saber destes computadores para alguma coisa?

Já agora e só como um pequeno apontamento, as filmagens deste vídeo de propaganda do ps foram feitas, supostamente, para o Ministério da Educação. Deve ser com alguma surpresa que alguns pais estão a ver os seus filhos associados à propaganda eleitoral dos socialistas.

No último sábado o Senhor Presidente da República dizia aos deputados, em plena Assembleia, estas sábias palavras: “A crise não pode ser iludida (…) os portugueses esperam que, num tempo de dificuldades, os agentes políticos saibam dar o exemplo. Que sejam discutidos os problemas reais das pessoas e do País. Que não se perca tempo com questões artificiais”. O partido socialista começa bem.

Não sei porquê mas os vídeos do sapo não estão a dar para visionar aqui. Fica o link: http://videos.sapo.pt/SVYzauFaO0nnJVdpVljT.

domingo, 26 de abril de 2009

"PORTUGAL, HOJE: O Medo de Existir" de José Gil


Após uma leitura atenta do livro “ Portugal, Hoje: O Medo de Existir” de José Gil, constatei que o autor tenta enquadrar toda uma série de características tipicamente portuguesas, embora estereotipadas, num contexto histórico, político e psicológico.

Isto é, tenta explicar diversas características da personalidade base portuguesa através dos acontecimentos histórico-políticos que marcaram física e psicologicamente a vida da nação.

Assim, para José Gil, o facto do português ser sonhador, idealista, sentimentalista, individualista, supersticioso, crente na sorte e nas soluções milagrosas, o facto de gostar de ostentar o luxo e a riqueza, de ter propensão para evitar todo o tipo de conflitos e para se desresponsabilizar, de ter uma enorme capacidade de adaptação, assimilação e tolerância, o facto de ser detentor de um enorme sentido de ridículo e de um forte espírito crítico, assim como o horror desmesurado que tem pelas opiniões alheias...não são mais do que consequências de um nevoeiro inconsciente, provocado por acontecimentos históricos mal digeridos como a Batalha de Alcácer Quibir e o Salazarismo, que nos tolda o espírito impedindo-nos de agir e de nos inscrevermos.

Em primeiro lugar, e com todo o respeito para com um dos 25 maiores pensadores do mundo inteiro eleito pela revista “Le Nouvel Observateur”, considero que José Gil não foi feliz ao generalizar os Portugueses; em segundo, não partilho da opinião que a personalidade dos portugueses resulte apenas de factos históricos marcantes, pela negativa, que não foram bem exorcizados no seu tempo e que por isso se entranharam inconscientemente na personalidade dos portugueses passando assim de geração em geração.

Para mim, a personalidade portuguesa é um misto de diversos factores e elementos culturais herdados de um riquíssimo passado histórico marcado pela interacção com as mais variadas culturas. Desde os povos do Norte da Europa, Mediterrâneo e Norte de África, passando pelos povos oriundos dos novos mundos da época dos descobrimentos, culminando agora com a entrada para a União Europeia.

A cultura, e consequentemente a personalidade dos portugueses, não é muito mais do que essa mistura de genes e culturas com as mais variadas proveniências. Costuma-se dizer até que o gene português é um gene raro e único devido à enorme miscelânea de ascendência que contém.

Assim, o facto dos portugueses serem desta ou daquela forma não resulta apenas de acontecimentos traumáticos e mal resolvidos do passado. Não querendo com isto tirar-lhes a importância que tiveram, não há dúvida que a Batalha de Alcácer Quibir e o Salazarismo deixaram marcas profundas entranhadas no espírito e pele dos portugueses, apenas acho que é errado apenas focar esses dois acontecimentos negligenciando todas as interacções riquíssimas que a nossa situação geográfica e o espírito aventureiro e destemido dos portugueses nos proporcionaram enriquecendo de maneira única nossos genes e, consequentemente, a nossa personalidade.

Outra das críticas que tenho a fazer ao livro de José Gil é o facto de ele se concentrar apenas no lado negativo das coisas. Os portugueses são invejosos, cobardolas, aceitam sem protestar as decisões incoerentes dos governos, não têm voz, têm uma cultura geral a rojar o chão, o tamanho do seu pensamento é pequeno e proporcional ao tamanho do país, criticam o país sem apresentarem nem tentarem arranjar soluções e toda uma vasta lista de aspectos negativos.

De facto, é verdade, todos os aspectos e características apontados por José Gil no seu livro correspondem, de uma maneira ou de outra, após uma observação cuidada do comportamento dos portugueses, à realidade. Contudo, na minha opinião, não é uma verdade colectiva, não podemos cair no erro de generalizar. Pois os “defeitos” de uns não têm que ser necessariamente o “defeitos” de outros. Não querendo com isto desresponsabilizar-me ou excluir-me de um todo do qual me orgulho, que é o ser portuguesa.

Para além disso se uma das nossas características mais singulares é um estranho sentimento ao qual chamamos saudade, não é com este tipo de livros que nos desacreditam que vamos erguer a cabeça, andar para a frente e deixar de suspirar por glórias passadas. Não acredito neste “acordar para a vida” tão negativo, os portugueses precisam de incentivos positivos, precisam de ter orgulho no seu país, precisam de ter um sentimento que tanto invejo aos Norte-Americanos que é o patriotismo, não aquele patriotismo de extrema direita, mas sim um patriotismo saudável, orgulho em ser português e ambição de fazer mais pelo país e ser reconhecido pelos seus.

Gostava de ver os portugueses com orgulho nas suas raízes, na sua cultura, portugueses que acreditam que o país tem futuro, gostava também que publicassem livros e editassem artigos que em vez de nos deitar a baixo nos elevassem, e que nos mostrassem a luz ao fundo do túnel.

E José Gil, com toda esta negatividade, acaba por se rever no que escreve, não passa de mais um daqueles portugueses que criticam mas que não apresentam soluções, aliás, que se desresponsabilizam passando essa “tarefa” para a mão dos governantes. Afinal, quem é José Gil, se não mais um daqueles portugueses “chico-espertos” que gostam de falar, mas quando chega a altura de agir, enterram a cabeça na areia e passam a responsabilidade para os políticos, políticos esses a quem designam de incompetentes?

Se José Gil tem vontade de alertar os portugueses para o perigo do nevoeiro, se quer ter o papel de Messias que vai salvar a nação dos perigos da não-inscrição, então podia começar ele próprio por apresentar soluções claras e coerentes. Como dizia Mahatma Gandhi “ Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”.

Em jeito de conclusão, e apesar de todos os comentários acima, achei bastante interessante o modo com José Gil abordou e explicou a personalidade dos portugueses recorrendo a factos histórico-políticos traumáticos do passado, confesso até, que nunca me tinha ocorrido pensar Portugal e os portugueses desse prisma.

Considero também que José Gil tem uma linha de pensamento bastante coerente e lógica, que nos leva a reflectir sobre nós e a nossa maneira de estar no mundo, contudo acho que o autor se concentrou mais numa crítica à sociedade e à política portuguesa, do que propriamente numa análise e reflexão dos motivos que nos levaram a desenvolver esta personalidade tão única em diversos aspectos, dos quais apenas menciona os menos positivos.

Risco

O primeiro-ministro incentivou os empresários portugueses a investirem nos vários sectores da economia e a "correr riscos", porque considera esta "a melhor forma" de ultrapassar a crise e aumentar a riqueza do país.

Diário Económico, 26-04-09


Corram riscos, corram! Quem o diz é o Sr. Pinto de Sousa, sim, porque é o vosso capital que está em risco, não o dele, que esse está bem guardadinho algures, quiçá parte dele em Alcochete, mas enfim, este não é o espaço para conjecturar sobre isso e esta frase já vai longa. Os 34% de IRC, 20% de IVA e restantes contribuições (para a Segurança Social), esses, o Estado há de os comer sempre, com risco ou sem risco. Falar é fácil. Portugal continua, em pleno século XXI, a ser um dos países com maiores índices de regulação do seu mercado de trabalho - o mercado que se encontra por detrás de todos os outros, de bens e serviços. Quando as bolhas rebentam, os bancos estoiram e os preços começam a baixar, quem mais se lixa é quem não pode despedir 100 trabalhadores, e acaba insolvente, tendo de mandar todos os 1000 para o fundo de desemprego.

Os mais optimistas (como o Trichet o era há 1 mês atrás), esperam que a recuperação do Mercado Comum comece já daqui a um ano. Os pessimistas (ou realistas) oferecem-nos a perspectiva de uma estadia de cerca de uma década no resort conhecido como armadilha de deflação, estabelecimento turístico esse que teve o prazer de acolher o Japão de forma mais ou menos ininterrupta nas últimas duas décadas. Qual é que é o problema dessa armadilha, conhecida como espiral por alguns, de deflação? "Os preços estão a descer e o nosso poder de compra real a subir, ó idiota", dizem alguns. Pois é, mas os agentes económicos, em média, não são burros. E se os preços estão a descer agora, é porque amanhã estarão ainda mais baixos. Visto isso, porque não comprar o T2 e o Toyota amanhã? Pimba, ninguém compra nada, ninguém investe nada, preços continuam a cair. Sejam benvindos a uma armadilha em espiral.

"Mas essas tretas são exemplos de livros e nunca acontecem em Portugal, ó palerma" Pois não. O caso português é um nadita mais complicado. Para além das associadas armadilhas de liquidez que para agora não interessam nada, a rigidez do mercado laboral (que, como foi dito, é uma das mais elevadas da Europa), não ajuda mesmo nada. Existe uma pressão descendente sobre os preços, logo existe uma pressão descendente sobre aquilo que as empresas recebem por vender os seus produtos. Mas as empresas não podem baixar custos (salários - o custo de capital já começa a ficar suficientemente baixo com a descida das taxas de juro) para compensar uma redução das receitas. O que fazer? Rebenta-se com a empresa, aquilo já não dá nada, thank you bye bye, e o JN já pode pôr na capa de amanhã que mais 2000 trabalhadores foram atirados para o desemprego. A recessão e a deflação continuam, alegremente, a galopar sobre a economia.

As políticas supply-side perderam credibilidade e apoio no final dos anos 80, com o fim dos mandatos de Reagan e Thatcher (os "auratos do neoliberalismo", como lhes chamam os esquerdalhos). Alguns economistas e ideólogos defendem o seu regresso parcial, como forma de combater a crise e apoiar os empregadores que mal se aguentam sobre a corda bamba. Por isso, Sr. Pinto de Sousa, em vez de andar a dar empurrõezinhos à procura agregada com TGV's e megalomanias afins, em vez de continuar a aumentar a dívida externa com abortos macroeconómicos, já alguma vez pensou que também pode ajudar a economia pelo lado da receita do Estado? Talvez ele considere demasiado arriscado....sim, porque risco, isso é para os empresários!

Os Grandes Portugueses


D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, foi sem sombra de dúvida um dos Grandes Portugueses que este país viu nascer. Viveu entre 1360 e 1431 e foi um estratega militar importantíssimo na resolução da crise de 1383-1385, vencendo a Batalha de Aljubarrota com um exército de cerca de 6000 soldados frente às 30000 tropas invasoras castelhanas.
Sempre acreditou num Portugal independente de Castela, lutando por D. João, Mestre de Avis. Reconhecido por este último, torna-se um dos grandes Nobres do Reino mas após a morte de D. Leonor de Alvim, sua mulher, vai viver os seus últimos anos de vida para o Convento do Carmo, dedicando-se a uma vida devota e humilde. Distribui muitos dos seus bens e da sua imensa riqueza pela igreja e pelos mais pobres.
Beatificado em 1918 por Bento XV, tornou-se hoje o Santo Nuno de Santa Maria por Bento XVI. Independentemente das questões religiosas e dos milagres, aos quais eu não ligo quase nada, este é o reconhecimento de um Homem que foi Grande na sua vida.
Não se percebe assim a sensitivo-psiquiatrice aguda que a AAP (Associação Ateísta Portuguesa) tem tido nos últimos dias para com o processo de canonização. O Presidente da República tem sido criticado, por esta organização, por se ter deslocado ao Vaticano como representante máximo de Portugal. Defendem que, sendo Portugal um Estado laico, o Presidente da República não se deveria ter deslocado ao Vaticano para participar numa cerimónia religiosa. Ora se é verdade que num Estado laico este e a igreja estão separados, já não acho, ao contrário da AAP, que o Estado deva viver contra a igreja e ser-lhe antagónico. Num Estado laico, livre e democrático todas as religiões devem ser reconhecidas, aceites e tratadas como iguais.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, fez muito bem em ter ido ao processo de canonização do Santo Nuno de Santa Maria. O Santo Condestável foi um dos Grandes Portugueses e, principalmente nos tempos de descrença que correm, merece ser reconhecido e lembrado ao mais alto nível.

Estou assustado

De vez em quando dá-me para a estupidez de me pôr a pensar.
De vez em quando dá-me para a estupidez ainda maior de me pôr a pensar sobre politica e sobre o estado desse país em que nasci e onde, apesar de não habitar neste momento, está a maioria das pessoas de quem gosto. Pessoas a quem quero bem. Nesses momentos preocupo-me.
Preocupo-me com o estado a que as coisas chegaram nestes trinta e cinco anos. Preocupo-me com o estado económico do país, mas preocupo-me sobretudo com o estado das instituições. Há no vento que me dá hoje notícias (como dava há trinta e cinco anos a Manuel Alegre) a ideia de que em Portugal tudo é corrupção. Em que o que conta é o dinheiro e os conhecimentos. Temos tempo para falar disso, por hoje chega-me a existência desse descrédito. Chega-me a preocupação.
A verdade é que o Portugal que sinto pulsar, dos 18 aos 90 anos, não acredita em si nem na classe dirigente. A verdade é que toda a gente quer mudar, mas ninguém sabe bem para o quê. Neste clima de descrédito cresce a esquerda, opção politica na qual, por motivos que mais tarde conhecerão, tenho pouca crença. Poderia igualmente crescer a direita, se os seus lideres fossem tão carismáticos e oportunistas como são os da esquerda (como já foram e poderão vir a ser). Aliás, poderia até dizer que a direita cresceria se passasse a defender ideais de direita, mas isso já é fugir ao assunto. Creio que neste momento qualquer movimento e ideia pode passar, desde que o seu líder seja suficientemente carismático. Toda a gente gosta de ouvir promessas de que tudo correrá bem e de que o estado tratará de tudo, ainda que sejam apenas mentiras. Basta prometer isso.
Não me preocupa o crescimento da esquerda, mas preocupa-me o descrédito das instituições. Já aconteceu antes em vários países do mundo, inclusivamente em Portugal - deu origem ao estado novo. Portugal não é um país dado a queimar carros, como em França, porque a vizinha vê e diz à mãe que puxa as orelhas ao filho. Portugal é um país dado a mudanças drásticas, a esforços nacionais. Quando é preciso, quando é realmente preciso, faz-se qualquer coisa. O chamado desenrasca.
A ideia com que tenho ficado nos últimos tempos é que muita gente começa a achar que é chegada a altura de desenrascar qualquer coisa. Muita gente acha que é impossível ficar pior. Que é impossível haver mais corrupção, mais suspeição, mais mentiras, mais erros.
Estou assustado. Estou assustado porque o desenrasca, neste caso, não me parece que vá dar grande coisa.
É que o próximo pode puxar mais a outros antigos ditadores europeus e menos a Salazar.
Há portugueses que nada fizeram para merecer isso.

sábado, 25 de abril de 2009

Menino-Guerreiro à (re)conquista do Castelo de São Jorge!

Meus caros deputados da bancada Sensitivo-Psiquiátrica.

Foi com grande confiança, muito pouca modéstia e alguma tecnologia, que Santana Lopes anunciou a sua candidatura à Câmara de Lisboa para as próximas eleições autárquicas.

Ao que parece, a sede de poder do nosso “Menino-Guerreiro”, vem de fonte inesgotável. Como se não bastasse a humilhação e quase morte política que sofreu – ao ter sido destituído do cargo de Primeiro-Ministro pelo nosso “querido” ex Presidente Cabeça de Lâmpada – ele regressa agora à cena política como cabeça de lista de uma miscelânea, pouco improvável, de partidos: PSD, CDS-PP, Partido da Terra e PPM.

O “Menino-Guerreiro” promete ainda:

- Combater por um único aeroporto em Lisboa.
- Vetar o actual processo de modificação do Porto de Lisboa.
- Defender uma terceira forma de travessia do Tejo, apenas ferroviária.
- Reabilitar a cidade.
- Apostar na sustentabilidade energética.

Isto é o que eu chamo ter mais vidas que um gato!

Quem serão os seus opositores?

Aposto na Helena Roseta como Independente, Ruben Carvalho pelo PC, Luís Fazenda pelo Bloco e Garcia Pereira pelo MRPP.

O que dizeis caros deputados?

Arranque




25 de Abril de 1974. Neste dia começava um novo ciclo da História de Portugal. Acabava, assim, uma época, ainda hoje, controversa para a sociedade portuguesa. Era o fim da guerra do ultramar e o início de uma paz, já com 35 anos. Porém era também o fim de um Império com 500 anos e o fim de um Portugal de outros tempos. Era o fim da censura, das perseguições políticas e da tortura. Era o início da liberdade e da democracia, tão ansiadas.

Porém, era uma revolta militar e não uma genuína revolução popular. Será que era mesmo aguardada pela maioria dos portugueses?

Hoje vivemos, inegavelmente, num país mais desenvolvido e completamente inserido no espaço europeu e, no entanto, continua (e cada vez mais) a faltar algo. Algo correu mal pelo caminho que o país fez nos últimos anos.

Há cerca de um ano, num concurso televisivo, o homem que muitos consideravam o causador de tantos males a Portugal, António de Oliveira Salazar, era considerado, pelos portugueses que participaram no concurso, como o maior português de sempre.

Definitivamente era o sinal de que algo tinha corrido mal no caminho da democracia. Houve sonhos e esperanças não concretizados. Houve sonhos e esperanças roubados.

Hoje em dia, a democracia parlamentar em que vivemos, tornou-se uma anedota para milhões de portugueses que desconfiam dos partidos, dos políticos e das instituições que Abril lhes deu. A desconfiança trouxe um cada vez maior afastamento, verificado na abstenção crescente de eleição para eleição. Hoje, e em plena recessão económica mundial, atingimos o ponto mais baixo da relação entre os portugueses e os seus representantes.

Passam hoje, exactamente, 35 anos desde que tudo mudou e 35 anos depois, nasce este blog. De quem não se quer resignar ao “estado a que isto chegou” e de quem
não se quer juntar ao grande partido da abstenção e do desinteresse pelo nosso Futuro e do nosso País.

O Sensitivo-Psiquiátrico